“A Ortodoxia manifesta-se, não dá prova de si”

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segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Santos Mártires e Irmãos, Floro e Lauro, de Ilírico (+ séc. II) - 18/31 ago

Floro e Lauro eram irmãos de carne, de espírito e de vocação. Ambos eram fervorosos cristãos e eram cortadores de pedras por profissão. Eles viviam na Iliria. Aconteceu que um príncipe pagão contratou-os para construir um templo aos ídolos. Durante a execução da obra, um pedaço de pedra saltou e acertou o olho do filho do sacerdote pagão Merentius, que estava observando o trabalho dos construtores curiosamente. Vendo o olho do filho cego e sangrando, o sacerdote pagão começou a vociferar contra Floro e Lauro e queria agredir os dois. Então, os santos irmãos disseram-lhe que, se ele acreditasse no Deus n’O qual eles acreditava, seu filho seria curado. O sacerdote pagão prometeu. Floro e Lauro, em lágrimas, oraram ao único, vivente Senhor Deus, e traçaram o sinal da Cruz sobre o olho ferido do garoto. O menino ficou imediatamente curado, e seu olho ficou totalmente são, como antes. Merentius e seu filho foram batizados. Pouco tempo depois, ambos sofreram por Cristo, sendo torturados no fogo. Quando os irmãos completaram o templo, Floro e Lauro colocaram uma cruz sobre ele, reuniram todos os cristãos e consagraram-no no nome do Senhor Jesus, com uma vigília noturna e cântico de hinos. Ouvindo isto, o deputado iliriano queimou muitos desses cristãos que participaram da consagração, e Floro e Lauro foram lançados num poço. O deputado, então, encheu o poço com terra para sufocá-los. Mais tarde, suas relíquias foram reveladas e transladadas para Constantinopla. Esses dois admiráveis irmãos sofreram, foram martirizados por Cristo e glorificados por Ele no segundo século.

domingo, 30 de agosto de 2009

"Sobre a Divina Criança Portadora do Espírito"

E o Espírito do Senhor repousará sobre Ele, o espírito de sabedoria e entendimento, espírito de conselho e poder, espírito de conhecimento e temor do Senhor (Isaías 11:2).

O Santo Espírito de Deus não Se separa do Pai, nem Se separa do Filho; nem o Pai se separa do Filho e do Espírito; nem o Filho Se separa do Pai e do Espírito. O Espírito Santo profetizou sobre o Filho pelos profetas; o Espírito Santo envolveu a Santíssima Virgem e preparou-a para o nascimento do Filho de Deus; o Espírito Santo permaneceu inseparavelmente sobre o Filho durante todo o tempo de Sua permanência no mundo e no corpo. O espírito de sabedoria – as visões dos mistérios celestiais; o espírito de entendimento – a compreensão dos laços entre os mundos visível e invisível; o espírito de conselho – a separação do bem e do mal; espírito de poder – autoridade sobre a natureza criada; o espírito de conhecimento – conhecimento da essência das coisas criadas; espírito de temor do Senhor – o reconhecimento do poder divino sobre os dois mundos e a submissão à vontade de Deus. Quem, em algum momento entre os homens, usufruiu dessa plenitude de riquezas dos dons do Espírito Santo? Ninguém, a não ser Jesus Cristo. Portanto, o Espírito Santo distribui Seus dons livremente e dá-os aos homens, este a alguns, aqueles a outros. Mas, o universo da plenitude indivisível de Seus dons brilha somente no Filho de Deus.

Por que o Senhor Jesus precisou ter medo de Deus, se Ele próprio é Deus? Como Deus, Ele não precisava temer a Deus; mas como homem, Ele teve temor de Deus, como exemplo para nós. Assim como Ele jejuava, fazia vigília e laborava como um homem pelo bem de ensinar os homens, assim Ele temia Deus como um homem, para o bem de ensinar os homens. O que é mais eficiente na cura dos homens infectados com o pecado do que o temor a Deus? Ele, o Sadio, tomou sobre Si mesmo o remédio para o pecado, para que assim Ele pudesse encorajar-nos, os enfermos, a tomar o mesmo remédio. Não fazem os pais a mesma coisa com as crianças doentes, que têm medo de tomar o medicamento prescrito?

Ó Triuno e Eterno Deus – diante de Quem as hostes celestiais se prostram, cantando o admirável hino Santo, Santo, Santo, Senhor Sabaoth, recebe também nossa adoração e salva-nos.

A Ti, sejam a glória e o louvor para sempre. Amém.

sábado, 29 de agosto de 2009

Ícone do Senhor Jesus Cristo, “Não feito de mãos humanas”

Na época em que nosso Senhor pregava as Boas Novas e curava todos os sofrimentos e enfermidades dos homens, vivia na cidade de Edessa, às margens do Eufrates, um príncipe chamado Agbar, que estava completamente contaminado pela lepra. Ele ouviu falar de Cristo, o Curador de todas as dores e doenças, e enviou a Palestina um artista de nome Ananias, com uma carta dirigida a Cristo, na qual o príncipe implorava ao Senhor que fosse a Edessa e curasse-o da lepra. Em caso de o Senhor não poder ir, o príncipe ordenou a Ananias que pintasse Seu semblante e que o levasse de volta, crendo que este semblante seria capaz de restaurar-lhe a saúde. O Senhor respondeu que não poderia ir a Edessa, pois a hora de Sua Paixão aproximava-se. Então, Ele enxugou Sua face numa toalha, e a imagem de Sua face permaneceu gravada na toalha. O Senhor deu-a a Ananias com a mensagem de que o príncipe seria curado por ela, mas não inteiramente, pois Ele enviaria, mais tarde, ao príncipe uma mensagem que completaria sua cura. Recebendo a toalha, príncipe Abar beijou-a, e seu corpo ficou completamente curado da lepra, mas um pouco ainda ficou em sua face. Tempos depois, o Apóstolo Tadeu foi ter com Agbar, pregou o Evangelho, curou-o e batizou-o secretamente. O príncipe, então, destruiu os ídolos plantados nos portões da cidade. No lugar deles, acima dos portões, ele depositou a toalha com o semblante de Cristo, com o fundo madeirado, envolto em moldura de ouro e adornado de pérolas. O príncipe também escreveu abaixo do ícone, bem no caminho em direção ao portão “Ó Cristo Deus, jamais se envergonhará aquele que espera em Ti.” Mais tarde, um dos descendentes de Agbar restaurou a idolatria, e o Bispo de Edessa, à noite, erigiu um muro, cobrindo o ícone sobre os portões. Séculos se passaram. No reinado do Imperador Justiniano, o rei persa Crozoés atacou Edessa, e a cidade passou por grandes dificuldades. Eis que o Bispo Eulábio teve uma visão da Santíssima Teotokos, que lhe revelou o mistério da parede selada e do ícone perdido. O ícone foi descoberto e, com seu poder, o exército persa foi derrotado.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

OrtoFoto

Batismo da Princesa Olga
autor: Sergei Kirillov, 1993 (Rússia)

Santo Profeta Miquéias (+ SécVIII a. J.C.) - 14/27 ago

Miquéias pertencia à tribo de Judá e era natural da vila de Morast, pelo qual ele era chamado “o Morastita” Ele era contemporâneo dos profetas Isaías, Amós e Oséias, assim como dos reis judeus Joatã, Acaz e Ezequias. Miquéias repreendeu o povo por causa de seus vícios e os falsos profetas que profetizavam vinho e forte bebida (Miquéias 2:11). Ele predisse a destruição da Samaria. Ele também profetizou a destruição de Jerusalém, que aconteceria em conseqüências de seus líderes aceitarem suborno, de seus sacerdotes ensinarem por dinheiro e de seus profetas, por dinheiro, profetizarem boas-sortes. Portanto, por vossa causa, Sião será ceifada como uma lavoura e Jerusalém tornar-se-á como um amontoado (Miquéias 3:12). Mas, de todas as suas profecias, a profecia mais importante refere-se a Belém como local do nascimento do Messias. Não se sabe exatamente se esse profeta foi assassinado pelos judeus ou se teve uma morte pacífica (cf. Jeremias 26: 18-19). Contudo, sabe-se que ele foi enterrado em sua vila. Teodósio Magno e Bispo Zevim de Eleuterópolis tiveram uma visão mística que os levaram a encontrar as relíquias de Miquéias juntamente com as do profeta Habacuque.

Hino de Louvor
Miquéias, profeta de Deus, incendiado com o fogo divino,
Predizendo miséria e proclamando salvação:
“Escutai, ó lideres da casa de Jacó:
Quando o fogo irromper, o refogo não será salvo.
Odiais o bem e deleitais no mal;
Defraudais impiedosamente o povo de Deus;
Abandonastes a Lei e os profetas de antigamente;
Escutais não a Deus, mas aos feiticeiros!
Desgraça, dor e lamento advirão;
Clamareis aos Céus, mas em vão, tarde demais.
Samaria será um campo de debulho para os Assírios,
E Jerusalém, para os bárbaros Caldeus!
Mas tu, Belém, pequena Efrata,
Embora a última, és-Me a mais querida.
De ti, virá o Líder que precisamos.
Sua descendência será do coração dos Céus;
De Seu fervoroso amor, Ele virá com prontidão.
Ele guiará Seu povo com Seu poderoso cajado.
Ele será grande até os confins da Terra.
Os Céus e a Terra cantarão a Sua misericórdia,
E a paz reinará – Ele será a paz.
Ele glorificará a raça dos homens em Si mesmo.

Tropário, t. 5
Encontrando em tua alma um puríssimo instrumento, a graça do Espírito nela fixa a Sua morada e a desperta para que ela exponha como presente o futuro, ó Profeta que anuncias o Cristo; por isso então não interrompas de interceder por nós que veneramos, como se deve, neste dia, a tua lembrança.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

OrtoFoto

Montenegro
autor: Goran Boricic

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

A Divina Liturgia


Nós, da EPARQUIA ORTODOXA DO BRASIL, sob a jurisdição e proteção canônica da IGREJA ORTODOXA AUTOCÉFALA DA POLÔNIA, temos a grata satisfação de apresentar ao povo de língua portuguesa este incomensurável tesouro da Tradição Cristã Ortodoxa. São os Ofícios Divinos da Eucaristia, segundo o Rito Bizantino.

Antes de tudo é preciso ter presente que para os cristãos ortodoxos o ritual da Sagrada Eucaristia é definitivamente o ponto alto de um diálogo entre o ser criado e o seu Deus Criador. Diálogo intenso e profundo, que revela teologicamente, ao longo de um certo tempo, todo o misterioso drama da sua existência.

Em seus dois milênios de existência, a vida da Igreja produziu, vários ritos, que foram elaborados a partir da vivência na fé e da cultura própria de cada povo. São os Ritos Caldeu, o Ambrosiano, o Latino, o Sírio, o Bracarense, o Napolitano, o Galicano, o Copta, dentre outros. Alguns destes Ritos ainda persistem, mas em grande parte estes rituais caíram em desuso. Hoje, entre as Igrejas Ortodoxas, o que é mais comumente utilizado é o chamado Rito Bizantino, surgido a partir da cidade de Constantinopla e que aqui apresentamos.

Esta Sagrada Liturgia foi elaborada ao longo de séculos, pelo povo santo de Deus e contando com a participação decisiva de grandes nomes da Igreja. Homens que, sob a inspiração do Santo Espírito, souberam traduzir e harmonizar o chamado de Deus e o anseio do fiel. Foram expoentes tais como São Sawa, o Consagrado (+532), São Romano, o Mélodo (+séc.VI), Santo Efrém, o Sírio(+373), São Sofrônio, Patriarca de Jerusalém (+640), São João Damasceno (+760) e ainda outros.

Mas a Tradição da Igreja creditou a três grandes luminares da Igreja, os três formatos de Ofícios que apresentaremos aqui: a de São João Crisóstomo, de Constantinopla (+407), a de São Basílio, o Grande (+379) e a de São Gregório, Magno (+604). Cada uma destas Liturgias tem características próprias e são celebradas em situações diferentes.

A chamada Liturgia de São João Crisóstomo é a mais utilizada, e é celebrada todos os dias ao longo do ano. A Liturgia de São Basílio é celebrada aos domingos da Grande Quaresma e no dia de São Basílio e a de São Gregório nos dias alitúrgicos (as quartas e sextas feiras) da Grande Quaresma.

Para nós, fiéis ortodoxos do Brasil, também houve uma espécie de processo de elaboração. Nosso primeiro contato com a Fé Ortodoxa foi a partir de Portugal.

Naquele tempo, eram ofícios ainda simples, mas com uma tradução para o português que já continha uma poética verdadeiramente rica. A música que utilizávamos era o conhecido retotom, monótono e simples, mas belo. Pouco depois descobrimos partituras com a polifonia eslava, uma música mais ricamente elaborada. Com o tempo fomos tomando conhecimento de outros detalhes que ignorávamos e pouco a pouco, principalmente a partir da união canônica com a Igreja Ortodoxa Autocéfala da Polônia, fomos nos definindo pela celebração na chamada tradição eslava. Também fomos traduzindo algumas orações desconhecidas e rúbricas litúrgicas, fomos depurando o linguajar lusitano para o português do Brasil.

Hoje, podemos dizer que os nossos ofícios estão, por assim dizer, ‘bem nossos’. Mas, o trabalho ainda não está definitivamente terminado. Já sentimos a necessidade de ajustarmos as melodias que cantamos em nossos ofícios a alguma coisa um pouco mais brasileira. Isso fará com que necessariamente, ajustemos uma parte do fraseado existente nas orações às melodias que encontrarmos.

Não temos pressa; afinal, isso não é uma tarefa meramente técnica. É antes de tudo, um desabrochar e um amadurecimento da nossa fé. Por hora, podemos dizer que é o melhor que conseguimos com estes poucos vinte anos de Igreja Ortodoxa no Brasil.

E consideramos que devemos partilhar esse tesouro da Fé Cristã com todos os que se interessam por Tradição, Espiritualidade, Teologia, Poesia e Beleza.

Mas, acima de tudo, que este nosso modesto trabalho sirva para manifestar uma maior glória de Nosso Deus e Salvador Jesus Cristo e Sua Igreja, em terras do Brasil.
+Chrisóstomo
Arcebispo Ortodoxo do Rio de Janeiro e Olinda-Recife

domingo, 23 de agosto de 2009

"Sobre a fraqueza dos pecadores"

Para o meu povo, crianças são seus opressores, e mulheres governam sobre eles (Isaías 3:12).

Tudo o que é de Deus é belíssimo e sapientíssimo. Todas as coisas criadas por Deus percorrem obedientemente seu respectivo rumo traçado por Ele. As estrelas movem-se, animais vivem, e as correntes atmosféricas correm – tudo de acordo com a ordem estabelecida por Deus. Apenas o homem, a mais inteligente criatura, abandona muitas vezes a trilha de Deus, caindo na ignorância e abrindo estranhos caminhos de acordo com suas idéias. Por causa disso, pode acontecer que crianças conduzam ao invés de anciães, e – ao invés de homens – mulheres passem a governar. Quando crianças governam, reina a opressão. Quando mulheres governam, geralmente reina a desordem. Quando essas coisas são permitidas por Deus – o que não acontece ao menos que o povo peque, ou pela permissão divina – o povo encontra-se sob punição de seus pecados no mesmo modo em que um inimigo tivesse subjugado a terra em uma guerra. Pois toda opressão é guerra, e toda desordem é punição dos pecados.

Do mesmo modo em que a opressão e a desordem são capazes de reinar sobre uma nação, elas também são de reinar na alma do homem. Imaturos e ímpios pensamentos são contribuídos por parte das crianças, e alimentar pensamentos sensuais e físicos é contribuição das mulheres. Ao prevalecerem pensamentos ímpios e impuros, eles oprimem o homem e lançam-no de mal a pior – como uma criança vingativa. Quando prevalecem os pensamentos físicos sobre os espirituais e a sabedoria masculina – que é de Deus, eles governam o homem qual uma mulher má. Sob o conceito espiritual de “mulheres”, o profeta compreende não apenas as mulheres, mas também homens com a fraqueza das mulheres.

Assim, para que a petulância das crianças e os caprichos de mulheres não dominem um homem (ou uma nação), é necessária aderir-se firmemente à lei prescrita por Deus para os homens, tal como todas as coisas criadas aderem-se às leis que lhes foram prescritas por Deus.

Senhor, Nosso Criador e Doador da Lei, ilumine-nos e fortalece-nos. Ilumine-nos com a graça do Espírito, para que possamos sempre conhecer Tua Lei. Fortalece-nos com o poder do Espírito, para que possamos sempre aderir-mos à Tua Lei.

A Ti, sejam a glória e o louvor para sempre. Amém.

Santos Mártires Arquidiácono Lourenço; Sixto, Papa de Roma e seus companheiros - 10/23 ago

Quando o Papa Estevão foi assassinado (2 de agosto), Sisto, ateniense de nascimento, foi designado para ocupar seu lugar. Sixto já fora filósofo uma vez e, então, tornou-se um cristão. Era uma época em que os bispos de Roma eram mortos um após o outro: tornar-se um Bispo de Roma significava ser condenado ao martírio. O Imperador Décio estava determinado em aniquilar o Cristianismo. Rapidamente, o Papa Sisto foi trazido a julgamento, juntamente com dois diáconos: Felicíssimo e Agapito. Sendo os três lançados à prisão, o Arquidiácono Lourenço disse ao Papa: “Aonde vais, ó pai, sem vosso filho? Onde, ó bispo, sem o vosso arquidiácono?” O Papa consolou-o, profetizando que Lourenço sofreria maiores torturas ainda por Cristo e que em breve ele seguiria seu caminho. De fato, assim que decapitaram Sixto e seus dois diáconos, Lourenço foi aprisionado. Lourenço previamente realizara suas tarefas e pusera em ordem todos os assuntos relacionados à Igreja. Na qualidade de tesoureiro e administrador da Igreja, ele removeu todos os objetos de valor da Igreja para a casa do viúvo Ciríaco. (Nesta ocasião, ele curou Ciríaco de uma terrível dor de cabeça por um simples toque seu e restaurou a visão a um cego, Crescêncio). Depois de ter sido lançado à prisão, Lourenço curou de cegueira a Lucílio, prisioneiro de muitos anos, batizando-o em seguida. Testemunhando isso, Hipólito, o carcereiro, também foi batizado. Mais tarde, este veio a sofrer por Cristo (13 de agosto). Visto que Lourenço não negaria Cristo, pelo contrário aconselhou Décio a rejeitar seus falsos deuses, espancaram sua face com pedras, e seu corpo foi flagelado com o scorpion (uma corrente com dentes afiados e pontudos e um cabo encurvado à semelhança de uma causa de escorpião). Romanus, que estivera presente na tortura, converteu-se à fé cristã e foi imediatamente decapitado. Por último, eles colocaram Lourenço nu sobre uma enorme grelha e ascenderam fogo debaixo dele. Consumindo-se pelo fogo, São Lourenço dava glórias a Deus e zombava o imperador por seu paganismo. Depois, Lourenço entregou sua heróica e pura alma a Deus. Hipólito levou seu corpo na calada da noite à casa de Ciríaco e, depois, para uma gruta, onde Hipólito honrosamente enterrou-o. São Lourenço com os outros sofreram no ano 258.

Tropário, t.3
Aceso pelo Espírito divino, como brasa consumiste as ervas daninhas do erro, ó vitorioso mártir Lourenço; como um incenso de espiritual suavidade tu queimaste por Aquele que te glorificou, atingindo assim com o teu fogo o último tom da perfeição; de todo dano, Arcediácono de Cristo, guarde os fiéis que veneram a tua memória.

sábado, 22 de agosto de 2009

“Sobre o nada do pecador perante à majestade de Deus”

Adentre na rocha e esconde-te no pó, por temor do Senhor e pela glória de Sua majestade (Isaías 2:10).

Eis um mordaz escárnio de um Israel idolatra por parte do profeta. O povo rejeitara a fé no único verdadeiro Deus e passara a adorar os ídolos feitos de pedra e barro. “Que farás tu, ó povo maligno, quando o temor do Senhor vier? Para onde fugirás, quando se revelar a glória de Sua majestade? Foge para as montanhas das quais erigiste deuses para ti mesmo!” Oh, que terrível escárnio pelo consciente profeta! Quem poderá infiltrar-se na montanha e esconder-se? Quem poderá jogar-se no pó e ocultar-se do Altíssimo?

Entretanto, irmãos, deixemos de lado a idolatria dos judeus – por causa da qual eles já foram por demais punidos – e, por um momento, olhemos a idolatria que há entre nós, os cristãos. O que é um amontoado de ouro a não ser um ídolo? O que são campos lavrados a não ser um ídolo de terra? Que são roupas luxuosas a não ser ídolos feitos de peles e pêlos de animais? Esconder-se-ão os idolatras de nossas gerações, quando o temor do Senhor surgir e quando a glória do Senhor revelar-se? Foge para o ouro, adorador do ouro! Foge para a terra, cultuador da terra! Esconde-te nas peles de animais e enterre-te em pêlos de raposas e alimento de vermes mortais e perniciosos, ó idólatras! Oh, cruel ironia! Tudo isso será consumido pelo fogo no Dia do Senhor, naquele Temível Dia. O homem ficará cara a cara com o único Majestoso e Eterno. Todos os ídolos da humanidade serão destruídos às vistas dos homens; ao que o Imortal Juiz perguntará aos idólatras: “Onde estão vossos deuses?”

Isaías, filho de Amós, profeta de Deus, viveu neste mundo há muito tempo atrás, mas sua visão, até hoje, continua sendo temível, instrutiva e novamente temível.

És o Um, ó único Senhor vivente, e a Ti nós adoramos! Tudo o mais não passa de pó. Ajuda-nos, ó Senhor, ajuda-nos: que nossas mentes e corações não se unam ao transitório pó, mas a Ti, apenas a Ti, o único Vivente.

A Ti sejam a glória e o louvor. Amém.

Santo Apóstolo Matias (+c.63) – 09/22 ago

Matias nasceu da tribo de Judá, em Belém. Foi instruído por São Simeão, que recebeu Deus nos braços em Jerusalém. Quando o Senhor partiu para pregar sobre o Reino de Deus, Matias juntou-se aos demais que amavam o Senhor – pois ele próprio O amava de todo coração, ouvia Suas palavras e testemunhava Suas obras com alegria. A princípio, Matia foi contado entre os setenta discípulos menores de Cristo; entretanto, seguindo-se à Ressurreição do Senhor e o lugar de Judas ficando vago, os apóstolos lançaram a sorte, assim elegendo Matias como um dos Doze Grandes Apóstolos (Atos 1: 23-26). Recebendo o Espírito Santo em Pentecostes, Matias partiu para pregar o Evangelho, primeiramente na Judéia e, em seguida, na Etiópia, onde ele passou por grandes torturas por amor a Cristo. Acredita-se que ele pregou por toda a Macedônia, onde tentaram cegá-lo, mas ele ficou invisível aos torturadores e, deste modo, escapou do perigo. O Senhor apareceu-lhe na prisão, encorajou-o e libertou-o. Finalmente, ele retornou mais uma vez à sua atividade na Judéia. Na Judéia, ele foi acusado e levado à corte, perante o sumo-sacerdote Ananias, diante do qual destemidamente testemunhou Cristo. Ananias (o mesmo que assassinara o Apóstolo Tiago) condenou Matias a morte. Tiraram-no da presença do sumo-sacerdote, apedrejaram-no e, então, decapitaram-no com um machado. (Esse era o costume romano de matar uma pessoa sentenciada à morte, e os hipócritas judeus aplicaram esse método a Matias a fim de demonstrar aos romanos que o apóstolo tinha sido inimigo de Roma). Por conseguinte, esse grande apóstolo de Cristo repousou e acolheu sua habitação na eterna alegria de seu Senhor.

Hino de Louvor
De Cristo, Matias, o Apóstolo, dizia,
Abertamente O testemunhava aos judeus:
“Ele é o Messias, de Quem as Escrituras falam;
Ele é o Filho de Deus, Que desceu das Alturas;
Ele é o Verbo de Deus, a Divina Hipóstase.
Dele, claramente proclamaram os Profetas!
Moisés profetizou: ‘Deus vos erguerá um Profeta,
Como a mim, do meio de teu povo;
E Sua glória brilhará entre vós.’
Disse Rei Davi: ‘Todas as gerações da terra
Serão glorificadas e benditas por Ele.’
O valente Isaías arrebatou-se aos céus em espírito,
Viu e disse: ‘Uma virgem conceberá e dará a luz a um Filho, que será chamado
Emanuel, que quer dizer Deus está conosco.
Imagem de Seu sepultamento foi Jonas –
Como prefigurava ele o sepultamento, quanto mais a ressurreição:
Quando Jonas esteve no ventre da baleia por três dias,
E foi novamente agraciado por Deus com a vida.
Cumpridas foram as profecias, dissiparam-se as sombras,
As palavras da promessa foram realizadas na carne!”
Em vão, porém, um desperto fala aos que ainda dormem:Aquele que dorme por todo o dia, não pode crer no dia

Tropário, t.3
Escolhido por sorte, graças ao Espírito, completaste o círculo dos doze Apóstolos divinos; com eles proclamaste o Verbo que por nós Se aniquilou em nossa carne, foste coberto de maravilhas pelo Senhor, aos que te cantam, ilustre Apóstolo Matias, rogue a Cristo para conceder o perdão das faltas e a graça da salvação.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

“Sobre o estabelecimento da paz de Cristo”

Quão pictoricamente o profeta previu a Cristo, o Realizador da Paz! O profeta elucidou, um a um, os méritos do Salvador. Primeiro, revelou-O como o Doador da Nova Lei, uma lei para todos os povos sobre a terra. Por conseguinte, ilustrou Sua exaltação sobre todas as glórias terrenas e históricas. No trecho que lemos acima, o profeta apresenta-O como o Cumpridor da Paz, cujo poder e amor farão das espadas arados e das lanças podadeiras. Já se cumpriu essa grande profecia da paz? Sim, já, se bem que ainda existam guerras. Veja: as guerras entre os povos cristãos não são como as guerras entre os pagãos. Os pagãos lutam com orgulho, ao passo que os cristãos lutam com vergonha. As crenças pagãs concedem apenas seus próprios céus aos soldados, enquanto que a Fé Cristã promete o Céu aos santos. Como cristãos às vezes cometem, devido às suas fraquezas, os mesmos pecados dos pagãos, do mesmo modo aqueles também cometem o pecado de promover a guerra. Todavia, Deus perscruta os corações e conhece a disposição com que os pagãos pecam e a com que os cristãos pecam. Os Fariseus negaram a Cristo, e Pedro também O negou. Mas, os Fariseus negaram-Lhe com uma malícia irredutível, mas Pedro foi por vergonha, para arrepender-se e confessá-Lo novamente.

Irmãos, o que podemos dizer sobre as espadas e lanças das paixões, pelas quais assassinamos nossas almas e a alma de nosso próximo? Oh, quando transformaremos essas espadas em arados que lavrarão profundamente as almas e semearão a nobre semente de Cristo em nós mesmos? E quando faremos das lanças podadeiras, para extrairmos o joio de nossas almas e queimá-lo? Somente então, a paz de Cristo habitará em nossas almas, assim como habita nas dos santos. Quem, portanto, chegaria a pensar em guerra contra seus próximos ou povos vizinhos?

Oh, quão admirável é a visão de Isaías, filho de Amós, o profeta de Deus!

Oh, quão admirável é a visão de Isaías, filho de Amós, o profeta de Deus!

Santo Pontífice e Confessor , Emiliano, Bispo de Cízico (+820) – 08/21 ago

Emiliano serviu com bispo em Cizicus durante o reinado do execrável imperador Leo, o Armeno, o iconoclasta. Dado que ele não se dispôs a submeter-se aos decretos do imperador, que ordenava a remoção dos ícones das igrejas, Emiliano e outros bispos ortodoxos foram condenados ao exílio, onde o santo bispo passou cinco anos, sofrendo por muita dor e humilhação por amor a Cristo. Emiliano morreu no ano 820 e tomou posse de sua habitação entre os cidadãos dos Céus.

Tropário, t.1
A imagem do Verbo, tu a fizeste brilhar, pontífice Emiliano, pela retidão da tua vida; e ao ícone do Cristo encarnado tu ensinaste piedosamente a veneração; por isso nós te honramos como Pastor e Confessor te cantando: Glória Aquele que te deu este poder, glória Aquele que te coroou, glória Aquele que concede, pelas tuas orações, o perdão a todos.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

“Sobre a nova Lei de Sião”

Pois de Sião, virá a Lei, e a Palavra do Senhor de Jerusalém (Isaías 2:3).

O profeta fala de uma nova Lei e de uma nova Palavra. A antiga Lei foi dada no Sinai; a nova Lei viria de Sião. A antiga Lei foi dada por Moisés; a nova Lei seria trazida pelo próprio Senhor Jesus Cristo. A primeira, a princípio, era destinada apenas aos judeus, ao passo que a última seria para todos os povos – toda a humanidade. Mesmo sendo essas palavras tão evidentes para nós, os judeus não conseguiram compreendê-las e ainda não as entendem até hoje. O significado dessas palavras é-lhes oculto por causa de seus corações de pedra. A quem eles aplicam essas palavras? A ninguém. Como as interpretam hoje em dia? Não interpretam. Eles passaram por elas assim como um cego passa por uma porta aberta. Se eles fossem capazes de compreendê-las, teriam eles agido de tal forma com que eles agiram com o profeta e o Profetizado? Teriam eles serrado Isaías ao meio e crucificado o Cristo na Cruz?

Os judeus consideravam a Lei de Moisés ser uma e única, a Lei final de Deus. Eis por que eles não eram capazes de entender a profecia da nova Lei de Sião, da Casa de Davi, pois Davi glorificou a Sião. Mas, se os judeus não sabiam que a nova Lei seria revelada pela antiga, nós, os Cristãos, sabemos que compreendemos a antiga Lei pela nova. Os judeus tinham uma árvore sem frutos, mas nós temos a árvore e o fruto. Eles tinham a imagem sem a realidade, ma possuímos tanto a imagem quanto a realidade. Eles aderiram apenas às promessas (as que eles interpretaram erroneamente), mas nós desfrutamos as promessas e seus cumprimentos.

Riquíssimo Senhor, Que nos enriqueceste com Tua Lei espiritual e Tua Palavra doadora-de-vida, a Ti unicamente adoramos e a Ti apenas rogamos. Concede-nos sabedoria e poder para viver de acordo com Tua Lei e sustentar-se em Tua santa Palavra, para que não nos tornemos pobres perante Te, Que nos fizeste ricos!

A Ti a glória e o louvor para sempre. Amém.

Santo Hierodiácono e Mártir, Domécio, o Persa, e seus dois discípulos (+363) - 07/20 ago

Domécio nasceu pagão na Pérsia, na época do reinado do Imperador Constantino. Ele conheceu a Fé cristã ainda jovem, largou o paganismo e foi batizado. Tanto amava Domécio a verdadeira Fé, que ele abdicou de todas as coisas mundanas e foi tonsurado monge num mosteiro próximo da cidade de Nisibis. Por algum tempo, ele conviveu com outros irmãos e, então, partiu para uma vida de silêncio com seu ancião, Arquimandrita Urbel (que dizem ter comido apenas comida crua por sessenta anos). O Ancião Urbel fez de Domécio um diácono e, quando ele desejava forçá-lo a receber o nível de padre, Domécio partiu para uma montanha isolada e se estabeleceu numa gruta. Pelo jejum, oração, vigílias noturnas e pensamentos santos, ele adquiriu tamanha perfeição, que ele curava miraculosamente os enfermos. Ao chegar a essas regiões, Juliano, o Apóstata, ouviu falar de Domécio e enviou homens para trancarem-no vivo dentro da gruta, com dois de seus discípulos. Assim, faleceu o santo de Deus e foi habitar no Reino de Deus, em 363.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

“Sobre a exaltação da Igreja de Deus”

E acontecerá nos últimos dias que a montanha da casa do Senhor se estabelecerá sobre o topo das montanhas, será exaltada acima dos montes, e todas as nações a ela afluirão (Isaías 2:2).

Essa profecia pertence à Igreja de Cristo. Apesar de essa profecia ter parecido referir-se misteriosamente aos judeus antes de Cristo, está completamente óbvia para nós agora. A montanha, ou alturas, da casa do Senhor verdadeiramente se estabeleceu no topo das montanhas – nas alturas dos céus – pois a Igreja de Cristo é, primordialmente, sustentada não pela terra, mas pelos céus; e uma parte dos membros da Igreja (e, por enquanto, uma parte maior) encontra-se nos Céus, ao passo que a outra ainda se encontra na terra.

Além do mais, a Igreja de Cristo é exaltada acima dos montes – acima de toda grandeza humana e terrena. Filosofias e artes humanas, as culturas de todos os povos, assim como todos os valores terrenos, não passam de pequeninas colinas, comparadas às infinitas alturas da Igreja de Cristo. Ora, não é difícil para a Igreja criar todos estes montes, enquanto que nem um deles, nem mesmo todos juntos, no decorrer de muitos milhares de anos, seria capaz de criar a Igreja.

Por fim, os profetas dizem: Todas as nações a ela afluirão. De fato, até agora, a que todas as nações acorreram, a não ser à Igreja de Cristo? O Templo de Jerusalém era inacessível aos gentios sob pena de morte. Todavia, desde o princípio, a Igreja tem conclamado todas as nações sobre a terra para ela mesma – obediente à ordem do Senhor: Ide e ensinai a todas as nações (Mateus 28:19).

Eis a visão de Isaías, filho de Amós – desde sempre, uma visão fidedigna e maravilhosa.

Magnânimo Senhor, damo-Lhe incessantemente graças por ter-nos feitos dignos de sermos filhos de Tua Santa e Verdadeira Igreja, que é exaltada acima de todas as alturas do mundo.

A Ti sejam a glória e o louvor para sempre. Amém.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

“De como Deus purifica os pecadores arrependidos”

Pois vossos pecados são como escalarte, ficarão tão brancos quanto a neve; embora vermelhos como o carmesim, serão como lã (Isaías 1:18).

Oh, infinita misericórdia de Deus! Em Sua imensa ira sobre o povo infiel e ingrato, sobre o povo corrompido de iniqüidade, semente de malfeitores, filhos de corruptos (Isaías 1:4) como príncipes de Sodoma (Isaías 1:10) e sobre o povo que se tornou como os habitantes de Gomorra (Isaías 1:10): em tamanha ira, o Senhor não renunciou Sua misericórdia; porém, muito mais, chamou-os ao arrependimento – como se, depois de uma terrível tempestade, caísse uma suave chuva. Assim é o Senhor – longânime e cheio de misericórdia: nem Ele mantem sua ira para sempre (Salmo 103:9). Se apenas os pecadores pararem de fazer o mal, aprenderem a fazer o bem e voltarem-se para Deus com humildade e arrependimento, eles se tornarão brancos como a neve. O Senhor é poderoso e condescendente. Ninguém, a não ser Ele, é capaz de purificar a alma do homem do pecado e, purificando-a, alveja-a. Não importa o quão frequentemente lava-se o lençol com sabão e espuma – não importa quantas vezes é lavado e re-lavado – jamais conseguirá alcançar a brancura até ser estendido sob o sol. Do mesmo modo, a alma não pode alvejar-se, não importando quantas vezes a purifiquemos pelos nossos próprios esforços e labutas, até mesmo por todos os meios da Lei – até que, enfim, nós a trouxermos aos pés de Deus, estendermo-la e abrirmo-la por inteiro, para que a luz de Deus possa iluminá-la e alvejá-la. O Senhor perdoa e até louva os nossos esforços e labutas. Ele quer banhemos nossa alma em lágrimas, que a espremamos pelo arrependimento, que a penduremos pelos pregadores da consciência e a vistamos com as boas obras. E, acima de tudo, Ele nos chama a Ele: Vinde agora diz o Senhor e discutamos (Isaías 1:18). Ou seja, eu olharei a ti e verei se estou em ti; e tu olharás para Mim, como num espelho, e verás que tipo de pessoa és.”

Ó Senhor, lenta para a cólera, tem piedade de nós antes da ira derradeira do Temível Dia.

A Ti, sejam a glória e o louvor para sempre. Amém.

OrtoFoto

Polônia
autor: Arkadiusz

Santas 7 crianças emparedadas (os “Sete Adormecidos”) de Éfeso: Maximiliano, Jâmblico, Martiniano, João, Dinis, Constantino e Antonino (+c.150)

Houve uma grande perseguição de cristãos no tempo do reinado de Décio. O imperador em pessoa viajou a Éfeso, onde realizou uma tumultuosa e barulhenta celebração em honra dos ídolos sem vida – como também, uma matança desumana de cristãos. Sete jovens soldados, todos soldados, absteram-se da impura oferenda de sacrifícios. Eles oraram fervorosamente ao único Deus para que o povo cristão fosse salvo. Eles eram filhos dos anciães mais influentes de Éfeso, e estes eram seus nomes: Maximiliano, Jâmblico, Martiniano, João, Dinís, Constantino e Antonino. Tendo sido acusados diante do imperador, os jovens refugiaram-se numa colina fora de Éfeso, chamada Celion, onde se esconderam numa gruta. Quando o imperador tomou conhecimento disso, ele ordenou que um muro fosse erguido a fim de obstruir definitivamente a entrada da gruta. Todavia, Deus – de acordo com Sua Providência que atinge os confins do universo – realizou um grande milagre: um longo sono caiu sobre os jovens. Os cortesãos imperiais Teodoro e Rufino (eles mesmos eram cristãos em segredo) confeccionaram uma caixa de couro e depositaram-na dentro do muro. Esta caixa continha placas de chumbo sobre as quais estavam registrados os nomes dos sete rapazes e as mortes martíricas do reinado de Décio. Passaram-se mais de duzentos anos. No reinado do Imperador Teodósio, o Grande, surgiu uma calorosa discussão sobre a ressurreição dos mortos, e houve alguns que passaram a duvidá-la. O Imperador Teodósio agoniava-se em grandes aflições em resultado dessa disputa entre os fiéis e orou a Deus para que Ele, de algum modo, revelasse a verdade aos homens. Por conseguinte, alguns pastores de Adolius, que eram proprietários da colina de Ceilon, estavam construindo cercas para suas ovelhas, utilizando pedras da gruta. Eles removiam pedra por pedra. Subitamente, os jovens despertaram de seu sono, tão joviais e sadios como no dia em que adormeceram. Notícias deste milagre espalharam-se em todas as direções, tanto que Teodósio em pessoa chegou acompanhado de um grande séqüito e conversou, para seu deleite, com os jovens. Após uma semana, eles mais uma vez e profundamente repousaram no sono do qual haviam despertado, a fim de aguardarem a Ressurreição Geral. O Imperador Teodósio quis que seus corpos fossem depositados em caixões de ouro, mas eles lhe apareceram em sonhos e disseram-lhe para deixarem os corpos na terra, onde eles haviam jazido.


Hino de Louvor

Quando os últimos raios de sol ruborizavam o oeste
A Deus, oravam os Sete Jovens
Para que na manhã eles pudessem encontrar-se mais uma vez sãos e salvos;
Porém, perante o Imperador foram trazidos para tortura,
E deitaram-se para dormir longa, bem profundamente.
O tempo caminha a largos passos.
Numa manhã, o sol ergueu-se no leste,
E os Sete acordaram de seu profundo sono.
Então, Jâmblico, o mais jovem, correu para Éfeso,
Para ver, ouvir e indagar de tudo:
Décio ainda não os caçava para matá-los?
E foi comprar pão para os Sete.
Mas, vede a maravilha: este não é o mesmo portão!
E como diferente está a cidade!
Por todos os lados, belas igrejas, domos e cruzes!
Jâmblico perguntou a si mesmo: Não serão sonhos?
Nenhuma face familiar, nenhum conhecido em nenhum lugar:
Não há mais perseguidores, não há mais mártires!
“Dizei, irmãos, o nome desta cidade,
E dizei-me o nome do imperador que agora reina,”
Indagou Jâmblico. O povo olhou para ele,
E ele foi alvo de muita especulação!
“Esta cidade é Éfeso, como sempre fora;
O Imperador Teodósio agora reina em Cristo!”
Ouviu isto o procônsul, assim como o bispo dos cabelos grisalhos;
Perplexa ficou toda a cidade, e todos correram para a gruta,
Vendo o milagre, glorificaram a Deus
E os ressuscitados servos do Cristo Ressuscitado.

domingo, 16 de agosto de 2009

Santos Igúmenos e Místicos, Isaac (+ 383), Dalmácio (+440), e Fausto (+c.451) ascetas do Mosteiro da Dalmácia - 03/16 de agosto

Também se celebra Venerável Isaac separadamente em 30 de Maio. São Dálmato já fora um oficial no reinado do Imperador Teodósio, o Grande, que o tinha em grande estima. Quando despertou o Espírito dentro de si, ele se desfez de todas as posses terrenas: resignou-se de seu ofício, tomando consigo o único filho Fausto e partindo para a comunidade de Santo Isaac, nas proximidades de Constantinopla, onde ambos foram tonsurados monges. O Ancião Isaac regozijou-se com o fato de Dálmato ser completamente devotado a uma vida agradável a Deus. Á medida que Isaac aproximava-se da hora da morte, ele designou Dálmato como abade, sucedendo-o. Tempos depois, essa comunidade foi nomeada após ele. Dálmato devotou-se ao jejum, jejuando por quarenta dias diretos, conquistando os invisíveis poderes demoníacos. Ele participou do Terceiro Concílio Ecumênico [Éfeso, 431] e lutou contra a heresia de Nestório. Agradando a Deus, ele repousou pacificamente no quinto século. Seu filho Fausto apoiou seu pai em tudo e, depois de uma vida dedicada a Deus, também repousou pacificamente na comunidade.

sábado, 15 de agosto de 2009

"Sobre a mágoa de Deus com o povo infiel"

Escutai, ó Céus, e ouvi, ó terra, pois o Senhor falou: filhos eu criei e eduquei, mas eles me desobedeceram! (Isaías 1:2).
A ira de Deus! Deus, em ira, vira-Se contra o povo escolhido e aflige-Se com Suas outras criações; Ele Se lamenta pelos céus e terra. “Escutai, meus santos e racionais anjos, e escutai todos vós, criaturas terrenas e irracionais! Eu quis fazer deste povo santo e racional – mas eles se rebaixaram, com sua impureza e ingratidão, até estarem piores do que criaturas irracionais. Eu os chamei de meus filhos e os exaltei, mas eles viraram as costas para mim e correram atrás de ídolos mortos.” Ira de Deus, ira do amor, que faz o bem ao leproso mil vezes e mil vezes recebe cusparadas da boca do leproso. Se todos os elementos pudessem falar, eles, assim como todas as coisas viventes, dariam a todos testemunho dos grandes milagres que o Único Deus Vivente realizou pelo povo de Israel no Egito e no deserto, simplesmente para que eles abandonassem a idolatria e cressem no Único Deus Vivo e Todo-Poderoso. Seria atestado tanto pela água quanto pelo sangue, pedra e madeira, nuvens e neblinas, ventos e maná, cobre e aço; juntos com o Faraó e as incontáveis nações miraculosamente derrotadas pela mão de Deus e retiradas do caminho do povo de Israel. Ainda assim, Israel voltou-se contra Deus e seguiu atrás dos ídolos.

Essa é a terrível visão de Isaías, filho de Amós, o profeta de Deus. Meus irmãos, apenas imaginemos que tipo de visão o Profeta Isaías teria a nosso respeito, se ele aparecesse hoje entre nosso povo!

Senhor, único vivente, único onipotente, une nossa mente e nosso coração a Ti, único Deus verdadeiro – e protege-nos das tentações e da apostasia de Ti.

A Ti, sejam a glória e o louvor para sempre. Amém.

Descoberta e Transladação das Relíquias do Santo Primeiro Arcediago e Protomártir Estevão de Jerusalém para Constantinopla em 428 - 02/15 de agosto

Quando os ímpios judeus assassinaram Estevão com apedrejamento, eles deixaram seu corpo a fim de ser devorado pelos cães. Porém, quis a providência de Deus que ocorresse o contrário. O corpo do mártir jazeu ao céu aberto no sopé da colina da cidade por uma noite e dois dias. Na segunda noite, Gamaliel, mestre de Paulo e um discípulo de Cristo em segredo, veio e tomou o corpo, levando-o para Cafargamala, e enterrou-o em uma gruta de sua própria propriedade. Gamaliel, depois, enterrou na mesma gruta seu amigo Nicodemus, que morreu chorando sobre o túmulo de Estevão. Lá, também foi enterrado por Gamaliel o afilhado deste, Abibus. De acordo com sua própria vontade, o próprio Gamaliel foi enterrado lá também. Passaram-se muitos séculos sem que nenhum vivente soubesse notícias de onde havia sido enterrado o corpo de Santo Estevão. Então, em 415, durante o reinado do Patriarca João de Jerusalém, Gamaliel apareceu três vezes em sonhos a Luciano, um padre de Cafargamala. Gamaliel relatou tudo sobre o próprio enterro, de Santo Estevão e dos demais, mostrando-lhe o local exato de sua sepultura perdida. Movido por esse sonho, Luciano informou ao Patriarca e, sob a benção deste último, partiu com um grupo de homens e exumou os quatro. Uma forte fragrância de doce-aroma, exalando-se das relíquias dos santos, impregnou a gruta inteira. Com grande solenidade, as relíquias de Santo Estevão foram transladadas para Sião e foram veneravelmente enterradas lá. Já as relíquias dos demais foram depositadas numa igreja, localizada na colina sobre a gruta. Aconteceram muitas curas de doentes pelas relíquias de Santo Estevão. Posteriormente, as relíquias de Santo Estevão foram transladadas para Constantinopla. Assim, o Senhor coroou com inefável glória aquele que derramou seu sangue por seu nome

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Grande Festa da Procissão da Venerável e Vivificante Cruz - 01/14 de agosto

Essa festa foi instituída por mútuo acordo entre os gregos e os russos na época do Imperador grego Manuel e o do Príncipe russo André, em comemoração pelas vitórias simultâneas dos russos sobre os búlgaros e dos gregos sobre os sarracenos. Em cada uma das batalhas, cruzes – das quais emanavam raios celestiais – foram transportadas pelos exércitos. Deste modo, ficou estabelecido que, em 1º. de agosto, a Cruz seria levada em procissão primeiro ao meio da Igreja da Divina Sabedoria [Haghia Sophia] e, em seguida, pelas ruas da cidade para veneração das pessoas, como comemoração pelo miraculoso auxílio da Cruz nas batalhas. Esta não era uma cruz comum, mas a própria Verdadeira Cruz, que estava sendo guardada na igreja da corte imperial. Em 31 de julho, trouxeram a Venerável Cruz da corte imperial à Igreja de Haghia Sophia e, de lá, foi levada pelas ruas, para consagração da terra e do ar. Finalmente, em 14 de agosto, ela retornou à corte do palácio imperial.

Tropário da Santa Cruz, t. 1
Salva, Senhor, o Teu povo e abençoa a Tua herança. Concede aos Teus fiéis a vitória sobre os seus adversários e, pela Tua Cruz, protege as nossas cidades.

Kondákion da Santa Cruz, t. 4
Tu Te submeteste livremente de ser elevado sobre a Cruz, ao povo novo chamado pelo Teu Nome concede a Tua benevolência, ó Cristo nosso Deus, dê força aos Teus fiéis servidores, proteja-os de toda adversidade: que Tua aliança lhes seja uma arma de paz, um troféu invicto.
Hino de Louvor
Diante da Venerável Cruz de Cristo,
Prostram-se todos veneravelmente:
Pelo poder dela, a Cruz de Cruz,
Somos libertados das adversidades.
A Santa Cruz é mais poderosa que os demônios,
E do que qualquer rei da terra.
A Cruz nos salva das doenças,
E dos assaltos dos bárbaros.
Pelo poder da Cruz, o Príncipe André
Resgatou sua terra subjugada;
O Imperador Manuel, pelo poder da Cruz,
Gloriosamente derrotou os Sarracenos.
Incomensurável poder, mostrou-se a Cruz ser
Mais do que os exércitos dos pagãos,
Mais do que a violência dos agressores,
Mais do que todos os males.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

OrtoFoto

Rússia

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

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OrtoFoto

Bielorússia
autor: Ana M

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

“Sobre a ingratidão humana, desconhecida até entre os animais”

O boi conhece seu dono e o asno o estábulo de seu mestre, mas Israel não conhece, Meu povo não Me considera (Isaías 1:3).

A maneira mais certeira de evidenciar-se a ingratidão humana é comparar esta com a gratidão dos animais. Enquanto o boi irracional conhece seu dono, e o asno sabe de em qual estábulo ele se alimenta, como, então, pode o homem racional não conhecer Deus, seu Criador e Nutridor? A palavra “Israel” significa “aquele que vê Deus”. E cada homem racional, por seu intelecto, deve ser um “que vê Deus”, conhece Deus, sente a presença de Deus e serve a Deus, como o magnânimo e meigo Jacó serviu-Lhe uma vez. Porém, quando o homem racional, cuja dignidade inteira consiste no conhecimento de Deus, não O conhece – quando “o que vê Deus” torna-se cego para Ele – então, a dignidade do boi e do asno é elevada bem acima da do homem. Pois, os bois – sem exceção – reconhecem seu mestre, e os anos – também sem exceção – sabem quem os alimenta, enquanto que entre os homens há exceções. Há indivíduos – muito frequentemente líderes de outros homens – que não reconhecem seu Senhor nem seu Nutridor. Em toda natureza criada, o ateísmo é uma doença encontrada somente entre os homens, pois o ateísmo consegue ser condição de normalidade e saúde apenas para os homens e não para os animais. Assim, a não crença em Deus não constitui um mal dos animais, mas dos homens (Nossa! E somente dos homens!), visto que somente aos seres humanos está destinado ser “os que vêem Deus” e, perdendo sua crença em Deus, tornam-se piores do que bois e asnos.

Eis a visão de Isaías, filho de Amós, o Profeta de Deus.

Ó Deus do meigo Jacó, de Israel, o iluminado “que vê Deus”, ajude-nos a manter nossa dignidade humana – a dignidade dos “que vêem a Deus”, para que, assim, a cada dia e a cada hora, possamos conhecer e reconhecê-Lo com gratidão, como nosso Senhor e Nutridor.
A Ti sejam a glória e o louvor para sempre. Amém.