“A Ortodoxia manifesta-se, não dá prova de si”

ok

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Grande Dodeca-Festa da Dormição da Santíssima Mãe de Deus e Sempre Virgem Maria - 15/28 ago



O Senhor, Que no Monte Sinai, declarou o Quinto Mandamento, Honrará teu pai e tua mãe, mostrou com o próprio exemplo que se deve respeitar os pais. Pendurado na Cruz, em agonia, Ele Se lembrou de Sua Mãe e, apontando ao Apóstolo João, Ele Lhe disse: Mulher, eis o Teu filho. Depois disto, Ele disse a João: Eia a tua Mãe. E assim, cuidando de Sua Mãe, Ele deu o último suspiro. João possuía uma casa no Monte Sião, em Jerusalém, na qual, então, a Teotokos passou a morar. Ela morou lá até o fim de Seus dias sobre a terra. Com suas orações, gentil acompanhamento, humildade e paciência, ela imensamente assistiu os apóstolos do Filho. Ela passou a maior parte de sua vida restante sobre a terra em Jerusalém, geralmente visitando os lugares que A faziam lembrar dos grandes momentos e das grandes obras do Filho. Ela visitava especialmente o Gólgota, Belém e o Monte das Oliveiras. Já de Suas poucas viagens mais distantes, está registrada Sua visita a Santo Inácio, o Portador de Deus, em Antioquia; assim como Sua visita a Lázaro (aquele que o Senhor ressuscitou no quarto dia), Bispo de Chipre. Ela também visitou Monte Atos, que Ela abençoou; e Ela permaneceu em Éfeso com São João, o Evangelista, na época da grande perseguição aos cristãos em Jerusalém. Em Sua idade avançada, Ela geralmente orava a Seu Senhor e Deus no Monte das Oliveiras, o local da Ascensão, para que Ele A levasse deste mundo o mais breve possível. Numa dessas ocasiões, o Arcanjo Gabriel apareceu-Lhe e revelou-Lhe que Ela repousaria dentro de três dias. O anjo deu-Lhe uma ramo de palmeira, que deveria ser levado na procissão fúnebre d’Ela. Ela voltou para casa com grande alegria, trazendo em Seu coração a esperança de reencontrar os Apóstolos do Filho mais uma vez nesta vida. O Senhor realizou Seu desejo, e os apóstolos, trazidos pelos anjos nas nuvens, reuniram-se na casa do Monte Sião. Com imensa alegria, Ela os reencontrou, encorajou-os, aconselhou-os e confortou-os. Então, Ela, pacificamente, entregou Sua alma a Deus sem dores nem sofrimento físico. Os apóstolos conduziram-Na em Seu caixão, do qual exalava uma fragrância celestial. E, na companhia de muitos cristãos, carregaram o caixão ao Jardim do Getsêmani, ao sepulcro de Seus pais, Santos Joaquim e Ana. Pela Providência Divina, a procissão foi cancelada por uma turba de ímpios judeus. Mesmo quando Afitônio, um sacerdote judeu, agarrou o caixão a fim de virá-lo, um anjo de Deus prendeu-lhe as duas mãos. Ele, por sua vez, clamou aos apóstolos por ajuda e foi curado, declarando sua fé no Senhor Jesus Cristo. O Apóstolo Tomé estava ausente – novamente, por Divina Providência – a fim de que um novo e gloriossíssimo mistério da Santa Teotokos fosse revelado. Tomé chegou apenas no terceiro dia e desejou venerar o corpo da Santa Puríssima. Porém, quando os apóstolos abriram o sepulcro, eles encontraram somente o sudário. O corpo não estava mais no túmulo! Naquela noite, a Teotokos, cercada pelo exército de anjos, apareceu aos apóstolos e disse-lhes: “Regozijai-vos! Eu estarei convosco para sempre.” Quanto à idade da Teotokos na ocasião de Sua Dormição, não se sabe exatamente, mas a opinião geral é a de que Ela ultrapassava os sessenta anos de idade.

Hino de Louvor
Assim falou o Pontentíssimo Senhor:
“De Teu coração, Virgem Pura,
Correrá água viva,
Os sedentos beberão Cristo.”
Ó Fonte doadora de vida,
Nós todos Te exaltamos!

Os sedentos beberão Cristo.
Por Ele, o amargo se torna doce;
Por Ele, a dor dos angustiados é sanada.
Ó Fonte doadora de vida,
Nós todos Te exaltamos!

Doce bebida jorrada da eternidade,
Córrego que inunda nossa árida idade,
Mais uma vez, aos Céus, elevada,
Nosso mundo ressequido refresca-se.
Ó Fonte doadora de vida,
Nós todos Te exaltamos!

Glória a Ti, Puríssima!
Glória a Ti, Mãe de Deus!
Geraste para nós o Cristo Vivente,
A Água Viva da graça!
Ó Fonte doadora de vida,
Nós todos Te exaltamos!

Reflexão
Cada fiel pode aprender alguma coisa – de fato, muita coisa – a partir da vida da Virgem Teotokos. Eu queria mencionar duas coisas. Primeiro, Ela frequentemente ia ao Gólgota, ao Monte das Oliveiras, ao Jardim do Getsêmani, Belém e aos outros lugares que ainda traziam a fragrância de Seu Filho. Ela orava de joelhos em todos esses lugares, especialmente o Gólgota. Deste modo, Ela deu o primeiro exemplo e ímpeto aos fiéis a visitarem os santos lugares por amor Àquele Que, por Sua presença, paixão e glória, tornou esses mesmos lugares santos e significantes. Também, aprendemos como Ela orava por uma breve partida desta vida, para que, quando se separasse de Seu corpo, Sua alma não encontrasse o príncipe da escuridão, seus horrores; e, escondido das regiões tenebrosas, Ela não visse a punição dos enegrecidos pelo pecado. Vês o quanto é terrível para a alma atravessar as Mansões de Provação? Se Ela – que deu a luz ao Destruidor do Hades e que possuía tremendo poder sobre os demônios – assim orava, o que nos resta, então? Por extrema humildade, Ela Se entregou a Deus e não confiou em Suas próprias obras. Portanto, muito menos devemos confiar em nossas obras e mais ainda entregarmos às mãos de Deus, clamando por Sua misericórdia, especialmente no momento em que alma partir do corpo.

Tropário, t.2
Conservando intacta a glória da tua virgindade, tu deste à luz o Verbo de Deus. Na tua Dormição, tu não abandonaste o mundo, ó Mãe de Deus. Tu te juntaste a Fonte da vida, tu que concebeste o Deus vivo, e que pelas tuas orações resgatas as nossas almas da morte

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Grande Dodeca-Festa da Transfiguração de Nosso Senhor Deus e Salvador Jesus Cristo – 06/19 ago


No terceiro ano de Sua pregação, com bastante freqüência o Senhor Jesus falava aos seus discípulos sobre Sua paixão próxima, como também de Sua glória que se seguiria ao Seu sofrimento na Cruz. Para que Sua inevitável paixão não desolasse completamente Seus discípulos e para que ninguém desviasse d’Ele, Ele, o Todo-Sábio, queria mostrar-lhes uma porção de sua divina glória antes de Sua paixão. Por esta razão, Ele tomou consigo Pedro, Tiago e João e, à noite, foi ao Monte Tabor, onde Ele foi transfigurado diante dos discípulos. Sua face reluziu como o sol, e suas vestimentas tornaram-se brancas como a luz (Mateus 17:2). Moisés e Elias, os grandes Profetas do Antigo Testamento, também Lhe apareceram. Vendo isto, Seus discípulos ficaram estupefatos. Pedro disse: Senhor, é bom estarmos aqui! Se desejares, façamos aqui três tendas: uma para Ti, uma para Moisés e outra para Elias (Mateus 17:4). Pedro ainda falava, quando Moisés e Elias partiram, e uma nuvem luminosa envolveu o Senhor e Seus discípulos. Da nuvem, provinha uma voz que dizia: Este é o Meu Filho bem-amado, em quem Me comprazo; escutai-O (Mateus 17:5). Ouvindo à voz, os discípulos caíram com face por terra, como mortos, e permaneceram neste estado, prostrados de medo, até que o Senhor chegou a eles e disse: Levantai e não tende medo (Mateus 17:7). Por que o Senhor levou somente três discípulos, e não todos, ao Tabor? Porque Judas não era digno de contemplar a divina glória do Mestre, quem ele trairia; e o Senhor não o queria sozinho no sopé da montanha, para que o traidor não justificasse sua traição por causa disso. Por que Se transfigurou Nosso Senhor numa montanha e não num vale? Para ensinar-nos duas virtudes: amor ao trabalho e pensamentos santos – pois escalar ao alto requer esforço, e as próprias alturas representam a elevação de nossos pensamentos às coisas de Deus. Por que Nosso Senhor transfigurou-Se à noite? Porque a noite é bem mais adequada do que o dia para a oração e aos bons pensamentos; e a noite, com sua escuridão, oculta toda a beleza da terra e revela a beleza dos céus estrelados. Por que Moisés e Elias apareceram? A fim de destruir a falácia judia de que Cristo era um dos profetas – Elias, Jeremias ou outro. Eis porque Ele apareceu como Rei, acima dos profetas, e Moisés e Elias como servos. Até este momento, nosso Senhor manifestou Seu poder aos discípulos em muitas ocasiões, mas, no Monte Tabor, Ele manifestou Sua natureza divina. A visão de Sua Divindade e o ouvir do celestial testemunho de ser Ele o Filho de Deus deveriam servir aos discípulos nos dias da paixão do Senhor – no fortalecimento de uma fé inabalável n’Ele e na Sua vitória final.

Reflexão
Por que Nosso Senhor, no Tabor, não manifestou Sua divina glória a todos os discípulos, ao invés de apenas três deles? Primeiro, Ele Mesmo concedeu a Lei pela boca de Moisés: Pela boca de duas ou três testemunhas, estebelecer-se-á a questão (Deuteronômio 19:15). Deste modo, três testemunhas são suficientes. Estas três testemunhas representam as três principais virtudes: Pedro – a Fé, pois ele foi o primeiro a confessar sua fé como o Filho de Deus; Tiago – a Esperança, pois com a fé na promessa de Cristo, ele foi o primeiro que renegou sua vida pelo Senhor, sendo o primeiro a ser morto pelos judeus; João – o Amor, pois ele repousou a cabeça sobre o peito do Senhor e permaneceu ao pé da Cruz do Senhor até o fim. Deus não é chamado o Deus de muitos, mas o Deus dos escolhidos. Eu sou o Deus de Abraão, de Isaac e Jacó (Êxodo 3:6). Muitas vezes, Deus valorizou um simples fiel do que uma nação inteira. Assim, em muitas ocasiões, desejou Ele destruir a nação judaica inteira, porém – pelas orações do justo Moisés – Ele poupou a nação, para que esta pudesse existir. Deus atentou mais ao fiel Profeta Elias do que a todo o reino incrédulo de Acab. Em atenção às orações de um único homem, Deus salvou cidades e povos. Por conseguinte, a cidade pecadora de Ustiug seria eliminada pelo fogo e granizo, se não fosse salva pelas orações do único homem justo que nela residia, São Procópio, o Loco-por-Cristo (8 de Julho).

Tropário, t.7
Ó Cristo, nosso Deus, que Te transfiguraste sobre o monte Tabor, mostrando a Teus discípulos a Tua glória, tanto quanto lhes era possível contemplá-la, faz brilhar também sobre nós pecadores a Tua Luz eterna, pelas orações da Mãe de Deus. Glória a Ti, Senhor, que nos fizeste ver a verdadeira Luz!

Kondakion, t. 7
Ó Cristo, nosso Deus, Tu Te transfiguraste sobre o monte, mostrando a Teus discípulos a Tua glória, tanto quanto lhes era possível contemplá-la, a fim de compreenderem, quando Te vissem crucificado, que aceitaste livremente a Tua Paixão e anunciarem ao mundo que Tu és verdadeiramente o esplendor