“A Ortodoxia manifesta-se, não dá prova de si”

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segunda-feira, 29 de setembro de 2008

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Herzegovínia

“Sobre o duplo testemunho do Filho de Deus”

Eu sou o que testifico de mim mesmo,
e de mim testifica também o Pai,
que me enviou. (Jo. 8, 18)

Está escrito na Lei que duas testemunhas são necessárias para se provar alguma coisa. Antes de tudo, o Senhor ofereceu aos incrédulos judeus três grandes testemunhas de Si mesmo: o Pai, Suas próprias obras e a Sagrada Escritura (Jo5, 36- 39). E contudo, mesmo depois de Seus inúmeros milagres e depois de ter exposto amplamente os Seus ensinamentos, Ele lhes disse que o Seu próprio testemunho de Si mesmo era verdadeiro e suficiente (João 8:14). Finalmente, Ele de novo enfatizou dois testemunhos – o Dele e o de Seu Pai –, de acordo com a letra da Lei, que exigia duas testemunhas. Assim o Senhor sela os lábios dos incrédulos de todas as maneiras e não lhes deixa escapatória alguma a não ser o crime de homicídio, que é o último recurso daqueles que se recusam a se deixar convencer pela verdade, a despeito da razão ou das provas. Neste último caso em particular, com a apresentação, pelo Senhor, dos testemunhos Seu e de Seu Pai, Ele também quis mostrar que era uma Pessoa [Hipóstase] separada do Pai e, mesmo assim, uno em Essência com o Pai. Portanto, Ele apresenta dois testemunhos: o Seu próprio testemunho em separado e o testemunho de Deus Pai. Confirmam isso as seguintes palavras: Se vós Me conhecêsseis a Mim, também conheceríeis a Meu Pai (Jo.8, 19). Aqui, está expressa a completa unidade essencial do Pai e do Filho, e não resta a menor dúvida sequer de que o Senhor estava pensando em Sua igualdade essencial com Seu Pai. As palavras aqui se referem à Natureza Divina e não a natureza humana. Quem quer que conceba a Santa Trindade como três seres corpóreos engana a si mesmo. Apenas o Filho de Deus apareceu na carne, em prol da salvação do mundo. O Pai e o Espírito Santo não tomaram a carne. De acordo com Sua Natureza Divina, o Filho, mesmo na carne, permaneceu igual ao Pai e ao Espírito Santo. Ele Se revestiu da natureza humana e acrescentou-lhe Sua Natureza Divina por amor à humanidade, para que assim Ele Se revelasse aos homens e os salvasse.

Ó Santa Trindade, una em Essência e indivisa, que nos iluminou e esclareceu pelo Verbo Encarnado de Deus, sustenta-nos até o fim pela Tua santidade, Tua força e Tua imortalidade, e salva-nos.
A Ti sejam a glória e o louvor para sempre. Amém.

Santa Mártir Eufêmia, a Grande, de Calcedônia (+ 304) - 16/29 set

Eufêmia nasceu em Calcedônia. Seu pai Filofrono, um senador, e sua mãe Teodorísia eram cristãos devotos. Eufêmia era uma bela virgem de corpo e de alma. Quando o Procônsul Prisco celebrou uma festa ofereceu sacrifícios a Ares em Calcedônia, quarenta e nove cristãos rejeitaram essa estulta festa sacrifical e se esconderam. Entretanto, foram descobertos e trazidos perante Prisco. Entre eles estava Santa Eufêmia. Quando o arrogante Prisco perguntou-lhes por que haviam desafiado o decreto imperial, responderam: "Tanto as ordens do imperador quanto as tuas devem ser obedecidas, se não forem contrárias ao Deus do céu; mas, se forem contrárias a Deus, devem não apenas ser desobedecidas, como também resistidas." Por dezenove dias consecutivos, Prisco lhes impôs várias torturas. No vigésimo dia, ele separou Eufêmia dos demais e começou a bajulá-la por sua beleza, tentando conquistá-la para a idolatria. Como suas lisonjas fossem em vão, ele ordenou que a virgem fosse torturada de novo. Primeiro a torturaram na roda, mas um anjo de Deus apareceu a Eufêmia e despedaçou a roda. Lançaram-na, então, numa fornalha flamejante, mas ela foi preservada intacta pelo poder de Deus. Vendo isso, dois soldados, Vítor e Sóstenes, vieram a crer no Cristo, pelo que foram lançados às feras selvagens e assim terminaram com glória as suas vidas terrenas. Eufêmia foi então jogada num poço cheio de água e de toda sorte de bichos venenosos; mas ela fez o sinal da Cruz sobre a água e permaneceu incólume. Finalmente, foi lançada às feras selvagens e, com uma oração de agradecimento a Deus, entregou seu espírito. Seus pais enterraram honrosamente seu corpo. Eufêmia sofreu no ano de 304 e adentrou no júbilo eterno. Ela é comemorada também em 11 de julho.

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

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Romênia
autor: Ovidiu Man

“De como a alma deve se alimentar do Cristo a fim de viver”

Assim como o Pai, que vive, me enviou, e eu vivo pelo Pai,
assim quem de mim se alimenta também viverá por mim. (Jo, 6: 57)
Assim fala o Cristo, o Senhor, a Vida e Fonte da Vida. Uma árvore se alimenta de terra, ar e luz. Se uma árvore não se alimentar desses elementos, será ela capaz de crescer e viver? De que se alimenta um bebê nos seios da mãe, a não ser dela? Se o bebê não se alimentar de sua mãe, crescerá e viverá? Do mesmo modo nossa alma não crescerá, nem viverá, se não se alimentar do Cristo, o Vivente e Imortal. As palavras dessa passagem não se referem à vida em geral, pela qual vive a natureza, nem à vida deformada na qual vivem os pagãos, mas a uma vida especial, divina e eterna – vida plena e cheia de alegria. Apenas o Cristo concede essa vida aos homens, e ela vem apenas àqueles que se alimentam do Cristo. Cada homem é tão grande quanto a comida de que se alimenta; cada homem é tão vivo quanto a comida de que se alimenta. As palavras, aqui, não são sobre comida corporal, pois apenas o corpo do homem – não seu espírito – alimenta-se de comida material. Os homens se diferenciam tanto na vida física quanto no crescimento físicos, mas tais diferenças são totalmente insignificantes. Entretanto, a diferença na vida e no crescimento espirituais entre os homens é enorme. Ao passo que algumas pessoas, pelo amadurecimento das almas, mal conseguem se erguer sobre a terra, outros se erguem para os céus. A diferença entre Herodes e João Batista não é menor do que a diferença entre um rei e um anjo. Enquanto aquele arrasta o corpo e alma pela terra e impiamente defende seu trono, este coloca o próprio corpo sobre uma rocha no deserto e é levantado em alma aos céus, entre os anjos.

Ó irmãos meus, ergamos nossas almas aos Céus, onde o Cristo Senhor Se assenta no trono da eterna glória, e alimentemos e nutramos nossas almas e corações com Ele, a Vida pura e onipotente. Somente então, seremos feitos dignos de sermos Seus co-herdeiros no Reino dos Céus.

Senhor Jesus, nosso verdadeiro Deus, nosso doce alimento e Nutridor filantropo, não nos lances fora de Teu seio divino, pois somos fracos e desamparados. Alimenta-nos contigo mesmo, ó nosso misericordioso Nutridor.

A Ti, glória e louvor para sempre. Amém.

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Santo Pontífice e Mártir, Antônomo, Bispo de Bitínia (+ c. 313) - 12/25 set

Durante as perseguições de Diocleciano, Autônomo partiu da Itália para a Bitínia asiática, para um lugar chamado Soréus. Lá, ele converteu muitos ao Cristianismo e construiu-lhes uma igreja dedicada ao santo Arcanjo Miguel. Autônomo vivia na casa de um devoto cristão, Cornélio, quem ele primeiro ordenou como presbítero e, mais tarde, consagrou ao episcopado. Não muito longe de Soréus, havia um lugar chamado Limanas, habitado somente por pagãos. Santo Autônomo dirigiu-se àquela região e, em breve tempo, iluminou a muitos com o Evangelho de Cristo, o que enfureceu os pagãos. Um dia, os pagãos invadiram a Igreja do Santo Arcanjo Miguel em Soréus em pleno serviço divino, assassinaram Autônomo no santuário e mataram muitos cristãos na igreja. No reinado do Imperador Constantino, Severiano, um nobre real, edificou uma igreja sobre o túmulo de Santo Autônomo. Duzentos anos depois de sua morte, Santo Autônomo apareceu a um soldado chamado João. João exumou as relíquias do santo, encontrando-as completamente incorruptas, e muitos enfermos receberam curas a partir das relíquias de Autônomo. Assim Deus glorifica aquele que O glorificava enquanto vivia na carne.

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

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Sérvia
autor: Aleksa Stojkovic

terça-feira, 23 de setembro de 2008

"Sobre a mudança da água em vinho"

Este foi o início dos milagres que Jesus fez, em Cana da Galiléia (Jo.2, 11)


Nosso Deus é Todo-Poderoso. Seu poder conhece nenhum limite e está acima de qualquer descrição. Ele criou toda a Criação pela Sua Palavra: Pela Palavra do Senhor os céus foram feitos (Salmo 33: 6). Pela Sua Palavra, ele criou o corpo do homem. Pela Palavra de Deus, a terra sem vida transformou-se no corpo do homem, dos animais e das plantas. Pela Palavra de Deus, a água corrente modifica-se em vapor e o vapor, em gelo e neve. Pela mesma Palavra, a água numa uva se transforma em vinho, que faz a alegria do coração do homem (Salmo 104:15). Portanto, quão difícil foi o milagre, para o Verbo de Deus Encarnado, Cristo Nosso Senhor, de transformar a água em vinho em Caná? Para nós, homens, desfigurados pelo pecado, isto foi um grande milagre; para nossa natureza, enfraquecida pelo pecado, foi um milagre acima de toda nossa compreensão. Mas, não é realizar milagres o trabalho comum do Criador? Quando os empregados encheram de água seis grandes vasos, o Senhor Cristo disse-lhes: Tirai agora e levai ao mestre da festa (João 2:8). Ele nem sequer disse "Que a água se torne vinho", ele simplesmente pensou nisso. Pois, os pensamentos de Deus possuem o mesmo poder de Suas palavras.

Por que está dito que este foi o "primeiro dos milagres", quando parece que, bem antes de transformar a água em vinho, o Senhor realizara outros milagres? Porque, irmãos, mudar a água em vinho é o milagre fundamental de Cristo, a essência de todos os Seus milagres. A natureza humana ficara diluída com as próprias lágrimas, e era necessário modificá-la em vinho. A fagulha divina fora extinguida no homem, e era necessário reacendê-la. A enfermidade é como água, a saúde como vinho; as impurezas dos espíritos malignos são como água; a pureza é como vinho; a ignorância é como água, a verdade como vinho. Então, cada vez que o Senhor restaurava o doente, purificava o impuro, ressuscitava os mortos e realizava prodígios, Ele estava basicamente transformando a água em vinho.

Senhor nosso Deus, miraculoso Transformador de água em vinho, traz Tua divina chama para nossos corações apagados. Transforma a água de nosso ser em vinho divino, para que possamos ser como Ti e para que possamos habitar contigo em Teu Reino Imortal, ao lado de Teus radiantes anjos.

A Ti, sejam a glória e o louvor para sempre. Amém.

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

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Meteora - Mosteiro de Varlaam, Grécia
autor: Dan Zichil

"Sobre o Verbo de Deus revelado na carne. "

Aqui, irmãos, temos um novo, bendito e salvífico princípio – o princípio de nossa salvação. Adão esteve na carne, quando ele caiu sob a autoridade do pecado e da morte. Agora, o Criador de Adão apareceu na carne, para libertar a posteridade deste do poder do pecado e da morte. O Filho de Deus – o Verbo, a Sabedoria, a Luz e a Vida – desceu ao meio dos homens na carne humana e com uma alma humana. Ele Se encarnou, mas não Se separou de Sua Divindade. Ele desceu sem separar-Se de Seu Pai. Ele reteve consigo tudo o que Ele tinha sido e seria por toda a eternidade e, ainda assim, Ele recebeu algo novo: a natureza humana. Seus eternos atributos não foram diminuídos pela Encarnação, nem foi modificada Sua relação com o Pai e com o Espírito Santo. Vejam, o Pai testificou disso tanto no Jordão quanto no Monte Tabor: Este é o Meu Filho amado! Ele não disse: "Este foi o Meu Filho", mas "Este é o Meu Filho". O Espírito Santo esteve com Ele em Sua concepção corporal e por toda Sua missão sobre a terra. As naturezas divina e humana uniram-se n'Ele, mas não se mesclaram. Como? Não indague, você nem sequer sabe como explicar sobre você a você mesmo e nem sequer dizer como sua alma e seu corpo estão unidos em você. Apenas saiba disto: Deus veio visitar a terra, trazendo inefáveis tesouros valiosos para a humanidade – presentes reais, dons incorruptíveis, eternos, insubstituíveis e inegociáveis. Saiba disto e deixe seu coração dançar de alegria. Lute para limpar suas mãos, purificar seus sentidos, lavar sua alma, alvejar seu coração e vigiar sua mente, para que você receba os dons reais. Pois, eles não são dados aos impuros.

Senhor Jesus Cristo, ajude-nos a purificar-nos e lavar-nos pelo Teu Sangue e pelo Teu Espírito, para que possamos tornar-nos dignos de Teus dons reais.

A Ti, glória e louvor para sempre. Amém.

Comemoração das Santos Pais da Mãe de Deus, Antepassados do Senhor, SS. Joaquim e Ana - 09/22 set

São Joaquim era da linhagem de Judá e descendente do rei Davi. Ana era filha de Matã, um sacerdote da linhagem de Levi, assim como o fora Aarão, o sumo sacerdote. Matã tinha três filhas Maria, Sofia e Ana. Maria casou-se, viveu em Belém e deu a luz a Salomé. Sofia também se casou, vivendo em Belém e gerou a Isabel, mãe do São João, o Precursor. Ana, por sua vez, casou-se com Joaquim em Nazaré e, em avançada idade, deu à luz a Maria, a Santíssima Mãe de Deus. Joaquim e Ana foram casados por cinqüenta anos e, ainda assim, continuaram estéreis. Viviam piedosa e devotamente e, de tudo o que produziam, gastavam um terço consigo mesmos, distribuíam um terço aos pobres e doavam o último terço ao Templo; e nada lhes faltava. Certa ocasião, já idosos, eles foram a Jerusalém oferecer um sacrifício a Deus, mas o Sumo Sacerdote Issacar repreendeu Joaquim, dizendo: "Não és digno de teres um dom aceito de tuas mãos, pois não tens filhos." Os demais que possuíam filhos empurraram Joaquim para trás deles, como se ele fosse o mais indigno de todos. Isto causou uma indescritível dor nas almas dos dois anciões e voltaram para casa em grande dor. Então, ambos caíram de joelhos diante de Deus em oração, para que Ele lhes concedesse um milagre como, certa vez, fora concedido a Abraão e Sara, dando a estes um filho como conforto de sua avançada idade. Por conseguinte, Deus enviou Seu anjo, que lhes anunciou o nascimento de "uma filha benditíssima, por quem todas as nações da terra seriam abençoadas e por quem viria a salvação do mundo." Em pouco tempo depois, Ana concebeu e, passados os nove meses, deu à luz a Santa Virgem Maria. São Joaquim viveu por oitenta anos e Ana por setenta e nove, quando os dois repousaram no Senhor.

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

"Sobre o Verbo de Deus, o Criador do mundo"

Ele estava no princípio com Deus.
Tudo veio à existência por Ele (Jo.1, 2-3)

Irmãos, o Evangelista está se referindo ao temível Logos de Deus, do inteligível e racional Verbo, da eterna Sabedoria de Deus, do co-Eterno Filho de Deus. Este temível Verbo é uma de uma Essência com o Pai e com o Espírito Santo, ainda que hipostaticamente diferente do Pai e do Espírito Santo, pois Ele foi gerado do Pai não-gerado. Ele sempre esteve, está e estará. Quando esteve o Verbo de Deus? O Evangelista responde: No princípio. O que significa este no princípio? Significa o "primeiro", "o primeiro de tudo". Assim, antes de tudo, estava o Verbo de Deus em Deus, tem sempre sido um ser com o Pai e sempre o Filho, em hipóstase, mas ainda não encarnado. Mais tarde, o Verbo de Deus encarnou-se e apareceu num corpo por amor à humanidade. Quando ainda era o Verbo não-encarnado em Deus, tudo veio à existência por Ele. Céus e terra e todos os mundos habitados, celestiais e terrenos: tudo veio à existência por Ele, pelo Verbo de Deus, quando ainda estava em Deus, mas não encarnado. Sem o Verbo de Deus, nada criado viria à existência. Ele era a Vida e a Luz, e a Luz brilhou na escuridão, mas a escuridão não A compreendeu (João 1:5). Antes de mais nada, a morte e o pecado representam a escuridão. Esta escuridão não dominou o Filho de Deus. O próprio mundo criado é escuridão diante de Deus, ainda que, nesta escuridão, fulgure o Verbo de Deus, a Sabedoria de Deus, racional, inteligível e majestosa. Toda a criação estaria jazendo em trevas, se a luz mística do Filho de Deus – por Quem todas as coisas foram criadas – nas a iluminasse.

Ele [o Verbo] estava no princípio em Deus, e o que aconteceu, então? E o Verbo Se fez carne (João 1:14). O relato da criação do mundo conduz-se a este momento e, deste momento inicia-se a história da salvação do homem. Ao assumir a carne, o Verbo de Deus não Se separou de Deus, o Pai e de Deus, o Espírito Santo (pois a Divina Trindade é indivisível), mas revestiu-Se no corpo e alma de homem, para que na sombra do corpo Ele, o Sol dos sóis, pudesse aproximar-Se dos homens e salvá-los.

Ó irmãos meus, quão doce e inexpressivelmente magnífico é o mistério da Encarnação de Deus! Se abraçarmos este mistério com nosso coração, será mais fácil contemplá-lo com nossa mente.

Senhor, Amoroso Salvador, Glória do Pai e Alegria do Espírito Santo, tem piedade de nós e salva-nos. A Ti, sejam a glória e o louvor para sempre. Amém.

Milagre do Santo Arcanjo Miguel em Colosso (Chône) (c. 300) - 06/19 set

Perto de Hierápolis, na Frigia, havia um lugar chamado Chonê ("escorrente"), onde havia uma fonte de águas milagrosas. Quando o Apóstolo João, o Teólogo, acompanhado de Filipe, pregou o Evangelho em Hierápolis, ele viu o lugar e profetizou que uma fonte de águas milagrosas brotaria ali, da qual muitos receberiam curas e que o grande Arcanjo de Deus Miguel visitaria. Bem pouco tempo depois, a profecia cumpriu-se: uma fonte d'água transbordou e ficou vastamente conhecida por seu poder miraculoso. Um pagão de Laodicéia tinha uma filha que era muda, o que lhe era motivo de muita tristeza. O Arcanjo Miguel apareceu-lhe num sonho e mandou que levasse a menina à fonte. Ele encontrou muitas ali muitas pessoas que buscavam a cura de várias enfermidades. Todas aquelas pessoas eram cristãs. O homem perguntou como ele acharia a cura, e os cristãos disseram-lhe: "Tens que orar ao Arcanjo Miguel, no nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo." O homem orou desta maneira, deu à filha um gole de água, e a menina começou a falar. O pagão, sua filha e toda sua casa batizaram-se, e ele construiu uma igreja sobre a fonte, dedicando-a ao Arcanjo Miguel.

Muito tempo depois, um jovem de nome Arquipo instalou-se ali e conduziu uma vida de austeridade, de jejum e oração. Os pagãos praticaram muitas maldades para com Arquipo, pois eles detestavam o fato deste santo lugar cristão emanar tamanho poder espiritual e atrair tantas pessoas. Os pagãos, em sua impiedade, deslocaram o curso do rio mais próximo para inundar a igreja e a fonte. Pelas orações de Arquipo, o santo Arcanjo Miguel abriu uma fissura na rocha diante da igreja, e água do rio escoou pela fissura. Eis como o lugar foi salvo e por que é chamado de Chonê ou "o que escorre", pois a água do rio escorria pela fissura aberta. Santo Arquipo labutou no ascetismo até á idade dos setenta anos e repousou pacificamente no Senhor.

"Sobre o Verbo, Filho de Deus"

No princípio, era o Verbo (João 1:1)
O Logos – racional e inteligível Verbo - existia no princípio. Isso pertence à Natureza Divina de nosso Senhor Jesus Cristo. Irmãos, ao dizermos No princípio, achamos que o Verbo de Deus teve um princípio? Ou, houve certa data no tempo em que o Filho de Deus nasceu de Deus Pai? De jeito nenhum! Pois, o nascimento do Filho de Deus traz nem uma data nem um princípio, já que o tempo é uma condição deste mundo transitório e não afeta o Deus Eterno, logo afetando nada que seja de Deus. Pode o sol continuar sendo sol, se o seu brilho deixá-lo? Pode um homem continuar sendo homem se seu intelecto lhe for tirado? Pode o mel ser ainda mel se a doçura separar-se dele? Não pode. Muito menos ainda pode-se conceber Deus como separado de Seu Logos, de Seu Verbo racional, de Sua inteligência, de Sua sabedoria: o Eterno Pai separado de Seu Filho co-Eterno.

Não, irmãos, aquelas palavras não se referem ao princípio do Filho de Deus a partir de Deus Pai, mas sobre o início da história do mundo criado e a salvação da humanidade. Este princípio está no Verbo de Deus, no Filho de Deus. Ele deu o início tanto à criação do mundo como a salvação do mundo. Quem quer que fale da criação dos mundos visível e invisível ou da salvação da humanidade tem que começar com o Princípio. E este Princípio é o Verbo de Deus, a Sabedoria de Deus, o Filho de Deus. Por exemplo, se alguém contasse uma história sobre navegar numa lagoa, poderia começar assim: "No começo, havia um lago e, sobre ele, navegava um canoa branca..." Nenhuma pessoa sensata interpretaria as palavras "No começo, havia um lago..." como se o lago viesse à existência no mesmo dia em que a canoa navegava sobre ele. Do mesmo modo, nenhuma pessoa racional pode tomar as palavras do Evangelista, No princípio era o Verbo como se o Verbo de Deus fosse gerado por Deus no mesmo momento em que o mundo foi criado! Tanto como o lago existia centenas de anos antes de a canoa navegar sobre ele, assim existia por toda eternidade o Verbo de Deus antes da criação do mundo.

Filho de Deus, co-Eterno com o Pai e o Espírito Santo, ilumina-nos e salva-nos.
A Ti, sejam a glória e o louvor para sempre. Amém.

SS. Bem-Aventurados, Zacarias e Isabel, Pais de São João, Profeta, Precursor e Batista de Nosso Senhor Jesus Cristo (+ séc. I) - 05/18 set

Ele foi o pai de São João, o Precursor. Zacarias era filho de Baraquias, da linhagem de Abias, dos filhos de Arão. Era um sacerdote-chefe que ocupava o oitavo degrau nos serviços do Templo, em Jerusalém. Sua esposa, Isabel, era filha de Sofia e irmã de Santa Ana, que foi a mãe da Santa Mãe de Deus. No reinado do Rei Herodes, o assassino de crianças, certo dia Zacarias estava servindo no Templo de Jerusalém de acordo com seu turno. Um anjo de Deus apareceu-lhe no santuário, e Zacarias foi tomado por um grande medo. O anjo disse-lhe: Não temas, Zacarias (Lucas 1: 13) e anunciou que Isabel geraria um filho, em respostas às orações deles. Entretanto, tanto Zacarias quanto Isabel eram idosos. Duvidando Zacarias das palavras do mensageiro celestial, o anjo disse: Eu sou Gabriel, que está diante da presença de Deus (Lucas 1:19). Zacarias ficou mudo no mesmo instante e não pôde falar até que o menino nascesse e que ele escrevesse numa tabuleta Seu nome é João (Lucas 1:63). Então, sua voz retornou, e ele glorificou a Deus. Tempos depois, quando o Senhor Jesus nascera e Herodes começou a derramar o sangue das crianças de Belém, ele enviou alguns homens a fim de encontrar e matar o filho de Zacarias, pois Herodes ouvira sobre tudo que sucedera com Zacarias e como João nasceu. Vendo os soldados aproximarem-se, Isabel tomou João em seus braços (neste tempo, João tinha um ano e meio de idade) e, com ele, fugiu de casa, partindo para um lugar deserto e rochoso. Tendo que os soldados a seguiam, ela bradou à montanha: "Ó montanha de Deus, receba a mãe com seu filho!", e a rocha fendeu-se, escondendo a mãe e a criança. Herodes, enraivecido pelo fato do menino João não ter sido morto, deu ordens de que Zacarias fosse assassinado diante do altar. O sangue de Zacarias derramou-se pelo mármore e ficou sólido como pedra, permanecendo como testemunho das maldades de Herodes. No lugar em que Isabel escondera-se com João, abriu-se uma gruta da qual jorrava água e cresceram frutuosas palmeiras, tudo feito pelo poder de Deus. Quarenta dias após a morte de Zacarias, a bem-aventurada Isabel morreu. O menino João ficou no deserto, alimentado por um anjo e protegido pela Providência Divina até o dia em que ele apareceu no Jordão.

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Santo Pontífice e Mártir, Antímio, Metropolita de Nicomédia, seus comps - 03/16 set

Ele nasceu em Nicomédia e foi criado, desde a infância, como um verdadeiro cristão. "Seu corpo foi mortificado, seu espírito humilhado, sua inveja arrancada, sua raiva subjugada, sua indolência banida... Ele tinha amor por todos, paz com todos; era prudente com todos, sincero com todos e zeloso pela glória de Deus." Não espanta que um homem dotado de tantas virtudes fosse designado bispo. Santo Antimo governou como Bispo de Nicomédia durante a terrível perseguição aos cristãos sob os execráveis Imperadores Diocleciano e Maximiano. Derramaram-se rios de sangue de cristãos, especialmente em Nicomédia. Certo ano, na Festa da Natividade de Cristo, vinte mil mártires foram queimados até a morte numa igreja (veja 28 de dezembro). Este fato ocorreu na época do episcopado de Antimo. Mesmo assim, a perseguição não terminou com o martírio, mas continuou com muitos cristãos sendo lançados à prisão, aí mantidos para torturas e morte. Santo Antimo partiu para a vila de Semana, não porque fugisse da morte, mas para que ninguém apostatasse por medo. Uma de suas cartas aos cristãos aprisionados foi interceptada e entregue ao imperador Maximiano. Por sua vez, o imperador despachou vinte soldados a fim de encontrarem Antimo e trazerem-no ao imperador. O clarividente ancião de cabelos brancos saiu para encontrar-se com os soldados, levou-os para sua casa, tratou-os como hóspedes e somente então revelou que era Antimo, a quem procuravam. Os soldados, estupefatos pela gentileza de Antimo, sugeriram-lhe que ele se escondesse e disseram que informariam ao imperador que não o encontraram. Mas, Antimo respondeu que não transgrediria o mandamento de Deus contra a mentira para salvar sua vida e, assim, partiu com os soldados. Pelo caminho, todos os soldados passaram a acreditar em Cristo e foram batizados por Antimo. O imperador torturou impiedosamente e por muito tempo o ancião e decapitou-o com um machado. Ele glorificou o Senhor e partiu para seu repouso no princípio do quarto século.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Início do Ano Eclesial ou Início do Julgamento – 01/14 set

O Primeiro Concílio Ecumênico (Nicéia, 325) decretou que o ano eclesial começasse em 1º. de setembro. Para os antigos hebreus, o mês de setembro era o início do ano civil (Êxodo 23:16), mês de realizar-se a colheita e de ofertar ações de graças a Deus. Foi na ocasião desta festa em que o Senhor Jesus entrou numa sinagoga em Nazaré (Lucas 4: 16-21), abriu o livro do Profeta Isaías e leu as palavras: O Espírito do Senhor repousa sobre Mim para pregar boas-novas aos humildes; enviou-me para reerguer o angustiado, proclamar a liberdade aos cativos, abrir a prisão aos aprisionados e proclamar um ano da graça do Senhor, o dia da vingança de nosso Deus e confortar todos os aflitos (Isaías 61: 1-2). O mês de setembro também é de suma importância para a história do Cristianismo, porque o Imperador Constantino, o Grande, derrotou Maxêncio, inimigo da fé cristã, em setembro. Após a vitória, Constantino conferiu liberdade de confissão à Fé Cristã em todo o Império Romano. Por muito tempo, o ano civil do mundo cristão seguia o ano eclesial com o início em 1º de setembro. Mais tarde, o ano civil foi modificado, transferindo seu começo para 1º de janeiro. Primeiramente, a mudança ocorreu na Europa Ocidental e, tempos mais tarde, na Rússia, sob Pedro, o Grande.

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

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Fresco - Cristo Pantocrator
Romênia
autor: Florina Stan

"O véu na Igreja Ortodoxa"

Igreja Ortodoxa, ou Oriental, como é chamada aqui no Ocidente, preservou tanto a doutrina como o rico ritual litúrgico elaborado durante os primeiros tempos do Cristianismo. Seria este um mero capricho, ou um excessivo apego a um formalismo ritual? Temos aqui exatamente duas posturas, duas visões diferentes do mundo e da própria Igreja, e portanto, do seu ritual. São praticamente duas atitudes básicas diante do Sagrado. Da compreensão deste problema vai depender exatamente a verificação que o ritual ortodoxo é cheio de sentido e significado, visto que o universo simbólico da Sagrada Liturgia é preservado em todos os seus detalhes e em todo o seu rico conteúdo espiritual.

Neste sentido, podemos afirmar que o véu tem necessariamente um sentido e dimensão que ultrapassam o uso cultural ou qualquer distinção discriminatória para com o sexo feminino.

Por que reduzir o mistério a simples categoria sociológica, histórica, sexual ou cultural Por que se adotam interpretações racionalistas e materialistas a uma dimensão que ultrapassa o tempo e o espaço? Ou o Sagrado está para além do concreto ou não existe? O Sagrado evidentemente se expressa e manifesta no mundo, mas está além dele! Aqui começa a distinção entre a recusa do véu, numa interpretação simplista e exterior ou a segunda opção apresentada pela Ortodoxia: viver o significado do véu dentro do universo do Rito Litúrgico, cujo sentido está evidentemente para além do uso do objeto "véu", fazendo deste um mero fim sem sentido.

O véu seria então um símbolo, portanto um sinal através do qual somos remetidos para um outro significado além dele; é um meio para ir a outra dimensão; chamemo-lo então: o sagrado. Por outro lado, o véu como elemento isolado não tem nenhum atributo especial ou mágico em si mesmo. Isto seria um erro grosseiro. Ele representa muito mais, é uma atitude, uma disposição, uma escolha.

Neste ponto se abre uma porta por onde podemos contemplar outra realidade, porque sendo uma atitude, isto significa escolha. Se há escolha, há liberdade, então é possível compreender. Aqui entram em jogo dois atributos dados especialmente ao homem: liberdade (de escolher) e inteligência (para compreender).

Tem importância para a mulher o uso do véu na Igreja durante a liturgia? A prática ortodoxa afirma que sim.

O jogo litúrgico vai depender da liberdade de ir até ele e além dele, como da participação por meio da compreensão. Aqui chegamos à questão principal. Tem importância para a mulher o uso do véu na Igreja durante a liturgia? A prática ortodoxa afirma que sim - como se dá e porque é importante. O primeiro ponto é que reconhecendo o véu como símbolo, não se pretende esgotar todos os seus significados, porque não tem apenas um significado, mas vários, muitos... Podemos aqui sugerir alguns:

1. Deus criou o Homem e a Mulher, macho e fêmea os criou!
Deus criando o mundo como uma coisa unida, integrada; dentro da criação, no entanto, há duas polaridades que vão realizar uma Unidade. O homem complemento da mulher e vice-versa, um precisa do outro. Como pode então um ser superior ao outro, se cada um precisa do outro? Na criação há outras dualidades: céu e terra, dia e noite, que correspondem também ao homem e à mulher numa relação integrada, harmônica. Portanto dentro da criação cósmica, cada polaridade tem seu lugar próprio, o equilíbrio do próprio Universo depende disso!...

Se a liturgia é uma celebração cósmica, esta vai conter os elementos que o próprio Deus estabeleceu e são chamados à Liturgia da maneira que Deus os criou: Homem e Mulher, cada um na plenitude do seu próprio sexo, porque cada um à sua maneira reflete a própria Unidade da Criação Esta distinção deverá ficar bem clara e estabelecida na Liturgia, onde cada um é chamado a assumir sua posição no mundo como homem ou mulher.

2. Criou o Céu e a Terra
Céu e Terra se complementam, o céu está em cima e a terra embaixo, o homem "cobre" a mulher; isto não significa superioridade de um sobre o outro, apenas lugares diferentes. Se a mulher vai representar a própria terra que é fecundada e coberta pelo céu, na Liturgia a mulher vai cobrir sua cabeça pois está diante de Deus, não diante dos homens!

3. A Virgem Maria
Na saudação do anjo Gabriel a Maria, para comunicar-lhe que seria a Mãe de Deus na terra, Deus escolhe uma mulher, claro! E aqui fica definido qual é a relação da humanidade, e especialmente da mulher, diante de Deus. O anjo lhe diz: "O Espírito Santo virá sobre ti e o poder do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra". A mulher, portanto, diante de Deus, é receptiva e não passiva, posto que ela aceita, a vontade dela disse sim. "Faça-se em mim conforme sua palavra". O véu vai significar claramente a aceitação da palavra de Deus.

A mulher é naturalmente mais receptiva que o homem. Tem já o dom de gerar filhos; isto a torna co-partícipe na criação do mundo. Ela recebe o filho, isto não é nada passivo, muito pelo contrário. A mulher portanto é coberta por Deus, é um ser potencialmente mais "espiritual" que o homem.

4. A Virgem Maria e a Maternidade de Jesus
Uma mulher e não um homem é a pessoa que vai conhecer melhor o Cristo. Ela já o recebe no sim ao anjo! A partir disto Jesus vai crescendo dentro dela, é no seu interior que vai se desenvolvendo; ela então tem uma relação íntima, estreita como ninguém jamais a teve. O Espírito Santo a cobriu e ela concebeu; tudo se passou dentro dela, no maior mistério. Vemos sua barriga, sabemos que está grávida, mas não sabemos como é. É um mistério, está oculto - o mundo moderno quer descobrir tudo, nada escapa a isso, mesmo o Sagrado tem que ser exposto.

Na Liturgia Ortodoxa, o Santuário é separado dos fiéis e em dois momentos fecha suas portas aos olhos dos fiéis: na Proskomídia (Preparação das oferendas) que representa a vida oculta ou anterior de Cristo no mundo, e na Comunhão do Clero. O véu nas mulheres é a lembrança permanente dentro da Igreja daquilo que não vemos, que é mistério, está perto mas está encoberto por um véu.

5. O Véu do Santuário
O Santuário e sua porta representam a entrada (a Porta, o Cristo) ao Céu, que é coberto por um grande véu. Aqui na terra, portanto, um véu nos separa - do mistério da vida que está para além da porta que é o Cristo. Só o Espírito Santo nos faz enxergar para além do véu e do mistério; é necessária muita fé, a fé que a Virgem Maria nos ensina, a fé da mulher que espera um filho e vê nele um futuro distante.

A mulher representa a espiritualidade, ou seja, a receptividade a Deus para entrar com Cristo para além do véu e da porta do Santuário.

Portanto, o véu não é impedimento algum, mas confiança, fé e esperança de ir além dele para encontrar o Cristo. A mulher com véu vai representar a fé em algo que não vemos, está simplesmente encoberto!

6. Maria, a própria Igreja
Deus escolhendo Maria para Mãe de Cristo e Maria aceitando, se torna ela mesma o modelo de todos os cristãos, homens e mulheres. A Igreja é uma mulher, é o Corpo que recebe o Cristo. Encarnando aqui na terra Cristo se faz [carne]. Ele é concreto. Em Maria, a Mãe-Igreja, é que recebemos o Cristo, gerado pelo Espírito Santo. A Igreja santificada e pura vai conhecer o Cristo intimamente, de dentro. Isto só é possível pelo mistério, não pode ser explicado, analisado, apenas vivido de dentro, como uma Mulher-Mãe-Maria o vive.

Se Maria é a Igreja onde Cristo nasce, o Cristo é a cabeça da Igreja, dirigida espiritualmente por ele; é a mulher com a cabeça coberta, porque coberta por Cristo, vai nos ensinar a fazer todos a sua santa vontade.

O véu será submissão a Cristo, e não aos homens [...] Então a mulher aceita amorosamente se entregar a Cristo, aceitando que ele a cubra.

Arcipreste Alexis
Igreja Ortodoxa Sérvia no Brasil

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Degolação de São João Profeta, Precursor e Batista de Nosso Senhor Jesus Cristo - 29 ago/11 set

Herodes Antipas (filho do Herodes, que matou as crianças de Belém, na época do nascimento de Cristo) era governante da Galiléia, quando João, o Batista, estava pregando. Ele era casado com a filha de Aretas, um príncipe árabe. Mas, Herodes, um rebento maligno de uma raiz maldita, largou sua legítima esposa e infidedignamente tomou Herodias como sua concubina. Herodias era a esposa de seu irmão Felipe, que anda vivia. João, o Batista, levantou-se contra esta depravação e firmemente denunciou Herodes, que, por sua vez, lançou João à prisão. Durante um banquete em sua corte em Sebastia, na Galiléia, Salomé (filha de Herodias e Felipe) dançou diante dos convidados. Herodes, bêbado por causa do vinho, ficou tão inebriado pela dança que prometeu a Salomé qualquer coisa que ela lhe pedisse, até que fosse a metade seu reino. Persuadida por Herodias, ela pediu a cabeça de João, o Batista. Herodes, então, deu ordens aos guardas, João foi decapitado na prisão, e sua cabeça foi dada de presente a ela num prato. Os discípulos de João levaram o corpo de seu mestre à noite e honrosamente o enterraram, mas Herodias perfurou várias vezes a língua de João com um prego e enterrou sua cabeça num lugar impuro. O que veio a acontecer, mais tarde, à cabeça de João, o Batista, pode ser lido em 24 de fevereiro. Entretanto, a punição divina rapidamente caiu sobre o grupo de malfeitores. Príncipe Aretas, vingando-se da honra da filha, declarou guerra com seu exercito contra Herodes e derrotou-o. Derrotado, Herodes foi sentenciado pelo César Romano, Calígula, ao exílio (a princípio na Gália, mais tarde na Espanha). Herodes e Herodias viveram em extrema pobreza e humilhação no exílio, até que a terra abriu-se e engoliu-os. Salomé veio a ter uma terrível morte no Rio Sicaris (Sula). A decapitação de São João ocorreu bem antes da Páscoa, mas estabeleceu-se sua celebração em 29 de agosto, porque uma igreja que havia sido construída sobre seu túmulo em Sebastia (pelo Imperador Constantino e a Imperatriz Helena) foi consagrada em 29 de agosto. As relíquias dos discípulos de São João, o Batista – Eliseu e Audius – também foram depositadas nesta igreja.

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

OrtoFoto

Ucrânia
autor: Alexander Shurlakov

Santo. Eremita e Mártir, Moisés, o Etíope (+c.400) - 28 ago/10 set

Moisés era um etíope por nascimento. No mundo, ele era um ladrão e líder de bandoleiros, mas, ainda assim, tornou-se um penitente e um grande asceta. Moisés tinha sido um escravo que fugira e juntara-se aos ladrões. Por causa de sua grande força física e intrepidez, os assaltantes escolheram-no como líder. Aconteceu que, certo dia, ele foi atormentado com crises de consciência por suas más atitudes. Ele abandonou os ladrões, ingressou num mosteiro e entregou-se inteiramente à obediência a seu pai espiritual e à regra monástica. Ele muito se beneficiou dos ensinamentos de São Macário, Arsênio e Isidoro. Tempos depois, ele partiu para a solitude numa cela, onde se dedicou totalmente ao trabalho físico, oração, vigílias e contemplação de Deus. Atormentado pelo demônio da luxúria, Moisés confessou-se com Isidoro, seu pai espiritual, que o aconselhou a aumentar seu jejum e, mesmo comendo, evitar satisfazer seu apetite. Ao passo que esse regime não ajudou, o pai aconselhou-o a cumprir toda a vigília noturna e orar em pé. Também ele começou a trazer água aos monges idosos de um distante poço, que durava uma noite inteira de caminhada. Após seis anos de terríveis batalhas, Santo Isidoro miraculosamente o curou dos luxuriosos pensamentos, fantasias e sonhos, estimulados nele pelo demônio. Moisés foi ordenado padre em idade avançada. Ele fundou seu próprio mosteiro, teve setenta e cinco discípulos e viveu até a idade dos setenta e cinco anos. Ele previu sua morte: um dia, ele mandou os discípulos que partissem, pois os bárbaros estavam para atacar o mosteiro. Quando os discípulos imploraram-lhe que fugisse com eles, Moisés disse que antes ele havia sido um homem violento e que, agora, ele mesmo tinha que sofrer violência, de acordo com as palavras: Pois todos que tomam da espada, pela espada, morrerá (Mateus 26:52). Ele permaneceu no mosteiro com seis irmãos, e os bárbaros mataram-nos. Um dos irmãos, escondendo-se nas redondezas, avistou sete coroas luminosas descendo dos céus sobre os mártires.

terça-feira, 9 de setembro de 2008

OrtoFoto

Sérvia
autor: Aleksa Stojkovic

Santo Igúmeno e Eremita Pímen, o Grande do Egito (+ c. 450) - 27 ago/09 set

Pímem era egípcio por nascimento e um grande asceta do Egito. Ainda garoto, costumava visitar os mais renomados mestres espirituais, dos quais colheu um conhecimento considerável, como as abelhas colhem mel das flores. Pímem, certa vez, implorou ao ancião Paulo que o levasse a São Paísio. Ao ver Pímem, Paísio disse a Paulo: “Este menino salvará a muitos; a mão de Deus está sobre ele.” Com o tempo, Pímem foi tonsurado monge e atraiu dois irmãos seus à vida monástica. Numa ocasião, a mãe deles veio-lhes visitar. Pímem não a permitiu entrar, mas pediu a ela por detrás da porta: “Desejas ver-nos mais aqui ou lá, na eternidade?” A mãe partiu, com grande alegria, dizendo: “Já que certamente encontrarei meus filhos lá, então não desejo vê-los aqui!” No mosteiro em que esses três irmãos moravam (governado pelo Abade Anúbis, irmão mais velho de Pímem), sua regra era a seguinte: à noite, eles passavam quatro horas fazendo trabalhos manuais, quatro horas dormindo e quatro horas lendo o Saltério. Durante o dia, eles alternavam trabalho e oração desde a manhã até o meio dia, faziam as leituras desde o meio-dia até as Vésperas, depois das quais preparavam a Ceia para si mesmos. Essa era a única refeição em vinte-e-quatro horas e geralmente se constituía de algum tipo de legume. Diz-se que Pímem havia comentado: “Comemos o que nos foi dado. Ninguém jamais dissera ‘Dei-me mais’ ou ‘Eu não o quero’. Desta maneira, passamos toda a nossa vida em silêncio e em paz.” Pímem conduziu uma vida de ascetismo no quinto século e pacificamente repousou em avançada idade

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

SS. Márts. Adriano e Natália sua esposa e seus 33 comps. da Nicomédia (+ séc. IV) - 26 ago/08 set

Adriano e Natália eram casados, membros de famílias nobres e abastadas da Nicomédia. Adriano era pagão e chefe do Praetorium, ao passo que Natália era uma cristã secreta. Ambos eram jovens e compartilharam a vida matrimonial por apenas treze meses antes de seu martírio. Quando o iníquo imperador Maximiano visitou a Nicomédia, ele ordenou que os cristãos fossem aprisionados e subjugados a torturas. Vinte e três cristãos esconderam-se numa gruta próxima à cidade. Alguém os entregou às autoridades, levando-os a serem açoitados cruelmente com chicotes de boi, espancados com bastões e lançados à prisão. Pouco tempo depois, eles foram apresentados diante do Pretor, a fim de terem seus nomes registrados. Adriano, observando essa gente serena e meiga, torturada mas paciente, fê-los jurar a contar-lhe o que elas achavam que Deus as daria por suportarem tantas torturas. Elas lhe responderam a bem-aventurança dos justos no Reino de Deus. Com isso, Adriano voltou-se ao escriba de súbito e disse-lhe: “Registra meu nome com os destes santos – também sou um cristão!” Quando esse fato chegou ao conhecimento do imperador, ele perguntou a Adriano: “Ficaste tu louco?” Adriano respondeu: “Eu não perdi meu juízo, pelo contrário, recuperei minha razão.” Quando Natália ouviu a declaração do marido, ela se regozijou imensamente. Como Adriano sentou-se com os demais, agrilhoado e preso, ela se aproximou e ensinou a todos eles. Depois de terem açoitado e torturado inesgotavelmente seu marido, Natália encorajou-o a suportar até o fim. Seguindo-se a longas torturas e aprisionamento, o imperador deu ordens de que os braços e pernas dos prisioneiros fossem quebrados com um martelo e bigorna, o que foi cumprido. Com os vinte e três cristãos, Adriano entregou sua alma sob a pior das torturas. Natália levou suas relíquias a Argirópolis (próxima a Constantinopla) e enterrou-as gloriosamente lá. Poucos dias depois, Adriano apareceu-lhe num fulgor celestial e anunciou que ela também se apresentaria perante a Deus. Ela pacificamente entregou seu espírito a Deus.

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

OrtoFoto

Rússia
autor: Andrey Palomnik

No Japão Ortodoxos já superam 10 mil...

No país do Sol Nascente, pelo menos 10 mil japoneses se declaram cristãos ortodoxos. Conhecer, porém, o número exato, não é fácil, segundo informa a agência ITAR-TASS, serviço de informações públicas da Igreja Ortodoxa do Japão. Existem atualmente no Japão 67 paróquias das quais 8 se encontram na Ilha de Hokkaido, onde foi realizada, entre 7 e 9 de Julho último, a reunião de Cúpula do G-8. À 180 km do Sul da Ilha do lago Toya, às suas margens, se reuniram os chefes de Estado e do governo japonês, americano, francês, russo, alemão, canadense, britânico e italiano, precisamente, na cidade de Hakodate. Foi nesta cidade, em 1859 e no consulado russo, onde foi erigida a primeira igreja ortodoxa no Japão. Particularmente, ali teve início as atividades pastorais de São Nicolau do Japão (para o mundo, Ivan Kasatkin), que na segunda metade do século XIX colocou a pedra fundamental da Igreja Ortodoxa do Japão. Depois de ter apreendido a língua japonesa, São Nicolau traduziu os Evangelhos e os livros de ofícios, difundiu ativamente a Ortodoxia em todo o país e construiu muitas igrejas. Graças a seus esforços, foi construída, no centro de Tókio, a Catedral da Ressurreição de Cristo que os japoneses, em sinal de respeito para com este santo, a chamam segundo o seu nome: «Nicolás Do» (a Casa de Nicolau). No ano de 1970 o arcebispo Nicolau (Kasatkin) foi canonizado. (Fonte: Blog De Ortodoxia)

Santo. Mártir Lupus de Nobes – Mísia, escravo de São emétrio da Tessalônica (+séc. IV) - 23 ago/05 set

O santo homem Lupus era um servo do Grande Mártir Demétrio, o comandante militar de Tessalônica. Quando o imperador Maximiano decapitou São Demétrio, Lupo umedeceu a orla de seu manto, assim como seu anel, no sangue do mártir. Lupo realizou muitos milagres em Tessalônica com o anel e o manto, curando as pessoas de todas as enfermidades e sofrimentos. O imperador Maximiano (ainda residindo em Tessalônica) tomou conhecimento desses acontecimentos e ordenou que Lupo fosse torturado e morto. Os soldados que levantaram as armas contra Lupo voltaram-se uns contra os outros e gravemente feriram uns aos outros. Como ele era um cristão não batizado, Lupo rogou a Deus que, de certa forma, ele fosse batizado antes de sua morte. Bem depois, caiu uma chuva sobre o santo mártir, recebendo, assim, o batismo do alto. Após grandes torturas, Lupo foi decapitado e tomou posse de sua habitação no Reino dos Céus.


quinta-feira, 4 de setembro de 2008

«Cristianismo corre perigo no Oriente», Adverte o arcebispo ortodoxo de Aleppo (Síria)

L’AQUILA, segunda-feira, 1º de setembro de 2008 (ZENIT.org).- «O cristianismo corre perigo no Oriente» é a advertência lançada na quinta-feira passada pelo arcebispo ortodoxo de Aleppo (Síria), Dom Gregorios Yohanna Ibrahim, no «Fórum internacional sobre o diálogo inter-cultural no Mediterrâneo», celebrado na cidade italiana de L’Aquila. Para o prelado, são os números que falam: «Esses 15 milhões de cristãos, contra 300 milhões de muçulmanos, podem ficar, por enquanto, professando o Evangelho e promovendo a imagem do homem bom. Mas se as guerras continuarem, eles se verão obrigados a migrar e, uma vez tenham ido embora, já não voltarão». O arcebispo de Aleppo explicou que na Síria o governo promove o diálogo entre as duas principais religiões, cristã e muçulmana, e que os cristãos lá presentes participam dos ritos muçulmanos, compartilham as mesmas escolas, os mesmos lugares de trabalho e lazer, «mas o crescimento do fanatismo islâmico deve nos fazer refletir sobre o futuro», acrescentou.

OrtoFoto

Rússia
autor: Alexey Lobanov

Santo Mártir Agatônico, de Selíbria, e seus comps. Mártires Zótico, Teoprépio, Acíndino, Severiano e outros - 22 ago/04 set

Santo Agatônico era cidadão da Nicomédia e, pela fé, cristão. Com grande zelo, ele converteu os Helenos da idolatria e instrui-os na verdadeira fé. Sob as ordens do Imperador Maximiano, o governador regional perseguiu cruelmente os cristãos. O deputado capturou São Zótico num lugar chamado Carpe. Ele crucificou os discípulos de Zótico, que foi levado para a Nicomédia, onde o deputado também capturou e prendeu Agatônico. Princeps, Teoprépio, Acíndio, Severiano, Zeno e muitos outros. Firmemente aprisionados, todos eles foram levados a Bizâncio. Durante o percurso da viagem, São Zótico, Teoprépio e Acíndio morreram por causa dos muitos ferimentos e exaustão. Severiano foi morto perto de Calcedônia. Já Agatônico e os demais foram levados para Selibria, na Trácia, onde, depois de muitas torturas na presença do imperador, eles foram decapitados, entrando na vida e alegria eternas de seu Senhor.

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Romênia
autor: Irinel Cirlanaru

"Buscar o Reino de Deus"

Se você perguntar a muitas pessoas por que elas não vão à Igreja para orar, geralmente elas lhe responderão: Eu não tenho tempo, eu tenho que trabalhar! Olhe para essas pessoas que apenas trabalham e não freqüentam a igreja, colocando toda sua confiança em seu trabalho, e compare-as com as que compartilham o tempo tanto para o trabalho como para a oração. Você rapidamente se convencerá de que as últimas estão mais bem-de-vida e, o mais importante, estão mais contentes. Eis uma história de dois alfaiates vizinhos que eram muito diferentes em seus pontos-de-vista sobre o trabalho e a oração, assim como em posses e satisfação. Um deles tinha uma grande família, enquanto que o outro era solteiro. O primeiro tinha o hábito de ir à igreja toda manhã para oração, mas o solteiro jamais ia à igreja. Não somente o primeiro trabalhava menos, como também era menos habilidoso do que o outro. O solteiro perguntou ao vizinho como este tinha tudo, se trabalhava menos. Seu amigo orante respondeu-lhe, dizendo que ele freqüentava a igreja todos os dias e encontrava ouro perdido pelo caminho! Ele convidou o solteiro a ir orar com ele e, assim, eles compartilhariam o ouro. Ambos os vizinhos começaram a freqüentar regularmente a igreja e, em pouco tempo, equiparam-se em abundância e satisfação. Obviamente, eles não encontraram nenhum ouro no caminho, mas encontraram o verdadeiro ouro da benção de Deus, que multiplica a abundância dos verdadeiros devotos. Aos que buscam primeiro o Reino de Deus e Sua retidão (Mateus 6:31), Deus adiciona e aumenta tudo o que é necessário para a vida física.

Santo Apóstolo Tadeu, dos Setenta Discípulos do Senhor (+ Séc. I) - 21 ago/03 set

Esse Tadeu pertencia ao círculo dos Setenta e não o dos Doze Apóstolos. São Tadeu, a princípio, encontrou-se com João Batista, pelo qual ele foi batizado; depois, ele descobriu o Senhor Jesus e seguiu-O. O Senhor contou-o entre os Setenta Menores Apóstolos, que Ele enviou dois a dois diante de Sua face (Lucas 10:1). Depois de Sua gloriosa Ressurreição e Ascensão, o Senhor enviou Tadeu a Edessa, terra natal do Apóstolo, de acordo com a promessa que Ele dera ao Príncipe Agbar, quando Ele devolveu a este a toalha com a imagem de Sua face sobre ela (Ícone do Senhor “Não-feito-de-mãos-humanas”, 16 de Agosto). Beijando a toalha, Agbar foi curado da lepra, mas não completamente. Quando o São Tadeu encontrou-se com Agbar, o Príncipe recebeu-o com grande alegria. O Apóstolo de Cristo instrui-o na Verdadeira Fé e, depois, batizou-o. Quando Agbar emergiu da água batismal, ele ficou totalmente curado. Glorificando a Deus, Príncipe Agbar também determinou que seu povo conhecesse o Verdadeiro Deus e glorificassem-No. O Príncipe reuniu todos os cidadãos de Edessa diante do Santo Apóstolo Tadeu, para ouvirem seus ensinamentos sobre Cristo. Ouvindo as palavras do Apóstolo e vendo seu príncipe miraculosamente curado, o povo rejeitou sua antiga idolatria e seu impuro modo-de-viver, abraçaram a Fé Cristã e foram batizados. Deste modo, a cidade de Edessa foi iluminada pela Fé Cristã. Príncipe Agbar trouxe muito ouro e ofereceu-o ao apóstolo, mas Tadeu lhe disse: “Desde que abandonamos nosso próprio ouro, como podemos receber ouro de outros?” São Tadeu pregou o Evangelho por toda a Síria e Fenícia. Repousou no Senhor na cidade fenícia de Beirute.

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Santo Profeta Samuel (+ c. 1010 a. J.C.) - 20 ago/02 set

Samuel foi o décimo-quinto e último juiz de Israel. Ele viveu a mil e cem anos antes de Cristo. Samuel nasceu na tribo de Levi, de Elcana e Ana, num lugar chamado Ramata (ou Arimatéia), onde nasceria, tempos depois, o nobre José. Em prantos, a estéril Ana implorou a Deus pelo menino Samuel e dedicou-o a Deus, quando ele tinha três anos de idade. Vivendo em Silo, próximo à Arca da Aliança, Samuel teve uma verdadeira revelação de Deus aos seus doze anos de idade, sobre as punições que cairiam sobre a casa do sumo sacerdote Eli, por causa da imoralidade de seus filhos, Ofini e Finéias. Essa revelação logo se cumpriu: os filisteus derrotaram os israelitas, assassinaram os dois filhos de Eli e capturaram a Arca da Aliança. Quando o mensageiro informou a Eli essa tragédia, o sumo sacerdote caiu ao solo e morreu, aos noventa e oito anos de idade. O mesmo veio a aconteceu com sua nora, esposa de Finéias. Por vinte anos, os israelitas foram escravos dos filisteus. Depois, Deus enviou Samuel para pregar arrependimento ao povo, caso eles desejassem a salvação contra seus inimigos. O povo arrependeu-se, rejeitou os ídolos pagãos aos quais serviam e reconheceram Samuel como profeta, sacerdote e juiz. Então, Samuel partiu para a batalha contra os filisteus com um exército. Graças à ajuda de Deus, ele confundiu e derrotou os filisteus, libertando Israel. Após esses acontecimentos, Samuel julgou pacificamente seu povo até avançada idade. Considerando sua avançada idade, o povo pediu-lhe que se instalasse um rei para eles em seu lugar. Em vão, Samuel tentou dissuadi-los deste pedido, dizendo-lhes que Deus era o único verdadeiro Deus, mas o povo insistia irredutivelmente. Mesmo que não fosse do agrado de Deus, Ele ordenou que Samuel ungisse Saul, filho de Kish, da tribo de Benjamim, como rei. Saul reinou apenas por pouco tempo, antes de Deus rejeitar Saul por sua imprudência e desobediência. Deus, por Sal vez, ordenou que Samuel ungisse o filho de Jessé, Davi, como rei no lugar de Saul. Antes de sua morte, Samuel reuniu todo o povo e despediu todos eles. Quando Samuel morreu, todo o Israel chorou sua morte e enterrou-o honrosamente em sua casa, em Ramata.

Hino de Louvor
Santo Profeta Samuel

Samuel, o Justo, servo do Deus Vivente,
Amado Juiz de seu povo:
Ele reverenciava a Deus – Deus acima de tudo!
Por ele, a vontade era um mandamento.
Pela vontade de Deus, ele corrigia a vontade do povo,
E arrependia-se diante d’Ele pelos pecados do povo.
Sacerdote, Profeta, justo Juiz:
Em três maneiras, glorificava a Deus Samuel.
Com cada palavra sua, com cada gesto seu,
Em labutas, em oração, em sacrifício e alimento,
Com todo seu ser, ele servia a Deus.
Ele ofereceu um exemplo aos governantes do mundo:
“Ninguém pode fazer bem ao povo,
Se se afastar da Lei de Deus,
Que atenta a si mesmo e ao povo, mas não a Deus.
Tal homem os conduzirá às profundezas do abismo sem sim,
Tal como caíra Saul, e os outros com ele –
Todos os companheiros que compartilharam do pecado do povo.
Um governante deve ser escravo de Deus apenas
Para beneficio de seu povo eternamente.”
Eis o que Samuel ensinou em obras e palavras,
Esta verdade ressoa pelos séculos.

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Santo. Tribuno e Mártir André Stratelates - 19 ago/01 set

André era um oficial, um tribuno, do exército romano durante o reinado do Imperador Maximiano. Ele era sírio de nascimento e servia na Síria. Quando os persas ameaçavam o Império Romano com seus exércitos, André era designado a comandar o exército imperial em defesa contra os inimigos. Portanto, André foi promovido ao posto de general – “Estratelates”. Secretamente um cristão, mesmo sem ter sido batizado, André confiava no Deus Vivo e escolheu apenas os melhores dentre seus homens para entrar em batalha. Antes da batalha, ele disse aos soldados que, se estes invocassem a ajuda do único e verdadeiro Deus, Cristo Senhor, seus inimigos seriam dispersos como poeira diante deles. De fato, todos os soldados encheram-se de zelo por André e sua fé e invocaram Cristo por assistência. Então, eles atacaram. O exército persa foi sumariamente destruído. Quando o vitorioso André retornou a Antioquia, pessoas invejosas acusaram-no de ser cristão, e o representante imperial convocou-o à corte. André confessou abertamente sua inabalável fé em Cristo. Depois de torturá-lo desumanamente, o representante lançou-o na prisão e escreveu ao imperador de Roma. Tendo conhecimento do respeito com que as pessoas e o exército partilhavam por André, o imperador ordenou que o prisioneiro fosse solto e que buscasse outra oportunidade ou ocasião para matar André. Por revelação divina, André soube da ordem do imperador, logo, tomando consigo seus fiéis soldados, 2.593 ao todo, ele partiu para Tarsos, na Cicília, onde todos foram batizados pelo Bispo Pedro. Perseguidos até mesmo lá pelas autoridades imperiais, André e seu batalhão partiram para mais longe, para o Taurus, o monte armênio. O exército romano alcançou-os lá, enquanto oravam num campo, e todos eles foram decapitados. Nenhum tentou defender-se, mas todos desejaram sofrer o martírio por Cristo. Neste local, onde correu o sangue dos mártires, brotou uma fonte de águas curativas, que curava muitas pessoas de várias doenças. Bispo Pedro, em segredo, trouxe seu povo e honrosamente enterrou os corpos dos mártires onde eles haviam sido assassinados. Morrendo honradamente, eles foram coroados com os louros da glória e foram habitar no Reino de Cristo, nosso Senhor.