Na época em que nosso Senhor pregava as Boas Novas e curava todos os sofrimentos e enfermidades dos homens, vivia na cidade de Edessa, às margens do Eufrates, um príncipe chamado Agbar, que estava completamente contaminado pela lepra. Ele ouviu falar de Cristo, o Curador de todas as dores e doenças, e enviou a Palestina um artista de nome Ananias, com uma carta dirigida a Cristo, na qual o príncipe implorava ao Senhor que fosse a Edessa e curasse-o da lepra. Em caso de o Senhor não poder ir, o príncipe ordenou a Ananias que pintasse Seu semblante e que o levasse de volta, crendo que este semblante seria capaz de restaurar-lhe a saúde. O Senhor respondeu que não poderia ir a Edessa, pois a hora de Sua Paixão aproximava-se. Então, Ele enxugou Sua face numa toalha, e a imagem de Sua face permaneceu gravada na toalha. O Senhor deu-a a Ananias com a mensagem de que o príncipe seria curado por ela, mas não inteiramente, pois Ele enviaria, mais tarde, ao príncipe uma mensagem que completaria sua cura. Recebendo a toalha, príncipe Abar beijou-a, e seu corpo ficou completamente curado da lepra, mas um pouco ainda ficou em sua face. Tempos depois, o Apóstolo Tadeu foi ter com Agbar, pregou o Evangelho, curou-o e batizou-o secretamente. O príncipe, então, destruiu os ídolos plantados nos portões da cidade. No lugar deles, acima dos portões, ele depositou a toalha com o semblante de Cristo, com o fundo madeirado, envolto em moldura de ouro e adornado de pérolas. O príncipe também escreveu abaixo do ícone, bem no caminho em direção ao portão “Ó Cristo Deus, jamais se envergonhará aquele que espera em Ti.” Mais tarde, um dos descendentes de Agbar restaurou a idolatria, e o Bispo de Edessa, à noite, erigiu um muro, cobrindo o ícone sobre os portões. Séculos se passaram. No reinado do Imperador Justiniano, o rei persa Crozoés atacou Edessa, e a cidade passou por grandes dificuldades. Eis que o Bispo Eulábio teve uma visão da Santíssima Teotokos, que lhe revelou o mistério da parede selada e do ícone perdido. O ícone foi descoberto e, com seu poder, o exército persa foi derrotado.
“A Ortodoxia manifesta-se, não dá prova de si”
ok