“A Ortodoxia manifesta-se, não dá prova de si”

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segunda-feira, 28 de abril de 2008

Mensagem Pascal do Santo Sínodo dos Bispos da Igreja Ortodoxa Autocéfala da Polônia para os veneráveis clérigos, reverendos monges e para os fiés

“Dia da Ressurreição!
Resplandecei de alegria, povos todos.
Ó Páscoa, Páscoa do Senhor,
da morte para Vida, da terra para os Céus
Cristo Deus nos transportou,
a nós que cantamos este hino triunfal”
(Irmos da 1ª ode do Cânon Pascal)

CRISTO RESSUSCITOU!

Anualmente no espaço de dois mil anos, neste dia chamado “dia Santo”, quando o Deus Altíssimo nos permite celebrar a sua gloriosa e salvífica Ressurreição, a Santa Igreja convoca: “Vinde, bebamos uma bebida nova, não miraculosamente tirada de uma pedra, mas que brota do túmulo de Cristo, em que está a nossa força” (Ikos Pascal)

Chegou a indizível alegria geral, que de acordo com a profecia vetero-testamentária deveria se tornar alegria para todos os povos e toda a criação.

Cristo Ressuscitou! “E a Luz resplandece nas trevas e as trevas não a compreenderam. Ali estava a luz verdadeira, que alumia a todo homem que vem ao mundo”. (J 1, 5, 9).

Cristo Ressuscitou! E todos nós nos tornamos participantes da vida da Igreja – “Um Único Corpo e permanecemos na unidade e alegria com Ele – o Vencedor da morte” (Ef 4, 1-6).

Cristo Ressuscitou! – o fato milagroso único na vida do mundo e, antes de mais nada, na vida de toda a humanidade. Este fato distingue o Cristianismo de todas as outras religiões e concepções do mundo.

Cristo Ressuscitou! O que preenche de sentido a vida humana, persuadindo-a da verdade da fé. A Ressurreição de Cristo tornou-se o maior milagre de todos os milagres, verdade autêntica e autêntica prova do Deus Todo-Poderoso. “Cristo em Sua Ressurreição revelou-se como Filho de Deus em poder, segundo o Espírito de santificação, pela ressurreição dos mortos” (Rm 1, 4).

Desta maneira Ele, o Salvador do mundo, nosso Jesus morreu, mas também Ressuscitou: “o qual está à direita de Deus, e também intercede por nós” (Rm 8, 34). Ele encontra-se no centro da vida da Igreja, por isso a Igreja proclama a verdade da Ressurreição não apenas no período Pascal, mas todos os domingos, que são a lembrança da Ressurreição. Esta verdade, esta alegria e esta esperança ninguém pode tirar aos ortodoxos. Ela foi dada pelo próprio Deus a cada um e, por isso, para aquele que com fé aceita a Ressurreição de Cristo ela torna-se o mais importante fato em sua vida.

Caros irmãos e irmãs! A Páscoa de Cristo une em si o passado, o presente e o futuro: “Ontem eu estava sepultado conTigo, ó Cristo, hoje ressuscito conTigo, Tu que és o Ressuscitado. Ontem, estava crucificado conTigo. Glorifica-me conTigo em Teu Reino, ó Salvador” (3ªOde do Cânon Pascal, 2º tropário).

Para entrar na comunhão com tal alegria apelam-nos “os céus em regozijo e a terra radiante de alegria”. Esta alegria abrange todo o mundo, visível e invisível, “porque Cristo nossa alegria Ressuscitou”.

Nosso Senhor vive! “A sua alma não foi deixada no Hades, nem sua carne viu a corrupção” (At 2, 31) “E se Cristo não ressuscitou logo é vã a nossa pregação, e também é vã a nossa fé” (1 Co 15, 14). Cristo vive! “Nós não vivemos apenas para a terra, mas também para o céu, para a eternidade”.

Em Sua Ressurreição o Salvador vivificou o mundo para uma nova vida, para que todas as nações nEle acreditassem (J 1, 12). São João Crisóstomo fala: “A Ressurreição de Cristo apaga o fogo da Geena, o verme morre, o abismo está estarrecido, o diabo caiu em desespero, o pecado está morto, os maus espíritos são derrotados, e aqueles que, são oriundos da terra correm para os céus, os que estão no abismo são libertados das garras do diabo e aproximando-se de Deus falam: Morte, onde está tua vitória?” (1 Co 15, 53-55). Muitas nações do mundo contemporâneo vivem com esta vitória. Ela traz para suas vidas nova força, novas ondas de graça, que iluminam seus esforços diários.

Irmãos e irmãs! Com o que fomos marcados, nós, membros de nossa Santa Igreja Ortodoxa, no ano em curso?

O ano de 2008 está marcado com a lembrança da destruição de igrejas ortodoxas setenta anos atrás. Nos anos 1938-1939 a Igreja Ortodoxa na Polônia sofreu perseguição, direcionada, se não, para a sua total aniquilação, pelo menos direcionada para um profundo enfraquecimento. Na região de Chelm e Podlasie num curto período de tempo foram destruídas em torno de 200 igrejas, muitas foram transformadas em templos de outras confissões. O patrimônio ortodoxo foi saqueado e roubado. Falou sobre isso na sessão da Assembléia Legislativa de 6 de julho de 1938 o deputado M. Wolkow. Entretanto, o Santo Sínodo de Bispos em sua carta de 8 de abril de 1938 escreveu: “Tenham coragem no Senhor, padres, irmãos e irmãs. Velai, pastores da Igreja, pois estes dias são maus. Perseverai na fé, até o fim, amados Filhos, confiantes em nossa preocupação”.

Aquele episcopado vendo a profanação de templos ortodoxos, perguntou: “Por que tudo isso? Em nome de que se desfere contra nós tal ataque e injustiças? Uma vez que na região de Lublin vivem em paz 250 mil cidadãos poloneses, cujos antepassados há séculos são ortodoxos”

Irmãos e irmãs! Nós, ortodoxos, não deveríamos mais existir, mas ainda existimos! Nossa Igreja vive! Vivemos nós, também. A Igreja é nossa alegria, é nosso Guia pelo alucinante mar da vida. A Igreja é nossa Mãe, nela está nosso fortalecimento e nossa salvação. “Fortaleça, Senhor, a santa fé ortodoxa e os cristãos ortodoxos”. Fortaleça, Senhor, a Igreja fortaleza daqueles que possuem em Ti a esperança, ela que adquiriste com o que há de mais caro: o Teu Sangue.

Caros Padres, Monges, Irmãos e Irmãs! A todos cordialmente cumprimentamos na Santa Festa, a Santa Páscoa.

Que o Senhor Ressuscitado dê a todos uma benção onipotente para as forças espirituais em direção ao Bem da Igreja.

Aos idosos e doentes que Ele dê forças e a cura; às viúvas e aos órfãos – ajuda e alívio; aos cônjuges – amor e concórdia, alegria às crianças; aos jovens e às moças – pureza e virtude, sucesso na conquista da sabedoria; às crianças um anjo da guarda, proteção e defesa.

A todos nós, que O Senhor Ressuscitado fortaleça a fé n’Ele, a esperança e o amor a Deus e ao próximo, de modo que possamos juntos com os anjos cantar: “Os anjos nos céus, ó Cristo Salvador, cantam a Tua Ressurreição, concede a nós que estamos na terra, de Te glorificar com um coração puro”.

EM VERDADE RESSUSCITOU!

Pela Misericórdia Divina, humildemente:
+ Sawa, Metropolita de Varsóvia e toda a Polônia
+ Simão, Arcebispo de Lodz e Poznan
+ Adão, Arcebispo de Peremysl e Novy Sonde
+ Jeremias, Arcebispo de Vratislávia e Estétino
+ Abel, Arcebispo de Lublin e Chelm
+ Miron, Bispo de Gajnovka
+ Tiago, Bispo de Bialystok e Gdansk
+ Gregório, Bispo de Bielski
+ Jorge, Bispo de Siemiatycz
+ Paísios, Bispo de Piotrkow

No Brasil:
+ Chrisóstomo, Arcebispo do Rio de Janeiro e Olinda-Recife
+ Ambrósio, Bispo do Recife

Páscoa de Cristo do Ano de 2008, Varsóvia.

domingo, 27 de abril de 2008

CRISTO RESSUSCITOU! EM VERDADE RESSUSCITOU!

CRISTO RESSUSCITOU!
EM VERDADE RESSUSCITOU!


sexta-feira, 25 de abril de 2008

OrtoFoto

Romênia
autor: Antonia

"Santa e Grande Sexta-Feira Santa"

Meu Espírito é dedicado ao humilde serviço da cruz que é pedra no caminho para os descrentes, mas para nós é salvação e vida eterna. Santo Inácio de Antioquia (+110)

Ele foi levado como um cordeiro; Ele foi abatido como uma ovelha. Ele nos resgatou de nossa servidão para com o mundo, como resgatara Israel da terra do Egito; Ele nos libertou de nossa escravidão ao demônio assim como resgatara Israel da mão do Faraó... Ele é Aquele que cobriu a morte de vergonha e fez o demônio lamentar-se assim como Moisés fizera o Faraó lamentar-se. Ele é Aquele que golpeou o pecado e roubou da iniqüidade a sua prole, como Moisés aos Egípcios. Ele é Aquele que nos trouxe da escravidão à liberdade, das trevas à luz, da morte à vida, da tirania ao reino eterno, que fez de nós um novo sacerdócio, um povo escolhido para ser Seu para sempre. Ele é a Páscoa que é a nossa salvação. Melito, bispo de Sardis (+459)

Ele é a reparação dos nossos pecados. Da mesma maneira São Paulo se refere a esta reparação quando diz de Cristo: “Deus escolheu-O para ser a reparação de nosso pecados em Seu sangue, pela fé”. Temos então um dia de reparação que permanece até o fim do mundo...

Abraão pegou madeira para a oferta queimada e colocou sobre seu filho Isaque, pegou fogo e a espada em suas mãos; juntos se foram. O próprio Isaque carrega a madeira para seu holocausto: esta é a imagem de Cristo. Pois Ele carregou o fardo da cruz; carregar a madeira para o holocausto é realmente o dever do sacerdote. Ele é, então, ambos: vítima e sacerdote. Orígenes (+221)

A Cruz é a coroa da vitória. Ela trouxe luz para os que estavam cegos pela ignorância. Ela libertou os que estavam escravizados pelo pecado. Ela redimiu a humanidade toda. Portanto, não nos envergonheis da cruz de Cristo; antes, glorificai-a Embora seja pedra no caminho para os judeus e loucura para os gentios, a mensagem da Cruz é a nossa salvação. Com certeza é loucura para aqueles que perecem, mas para nós que estamos sendo salvos, é o poder de Deus. Pois não foi um mero homem que morreu por nós, mas o Filho de Deus. Deus feito homem. As Catequeses - São Cirilo de Jerusalém (+386)

quinta-feira, 24 de abril de 2008

"Santa e Grande Quinta-Feira Santa"

Celebrai a Eucaristia como se segue: Dizei sobre a taça: “Nós Te damos graças, Pai, pela videira de David Teu servo, que fizeste-nos conhecer por Jesus Teu servo. A Ti, glória eterna”. Sobre o pão partido: “Nós Te damos graças, Pai, pela vida e o conhecimento que nos revelaste por Jesus Teu servo. A Ti, glória eterna”. Didaque, 1º século - Os ensinamentos dos 12 Apóstolos

Visto que o próprio Cristo declarou o pão como sendo o Seu corpo, quem poderia duvidar? Visto que Ele próprio disse categoricamente. “Este é o meu sangue”, quem ousaria questionar isso e dizer que este não é o Seu sangue? Portanto, é com total certeza que recebemos o pão e o vinho como corpo e sangue de Cristo. Seu corpo nos é dado sob o símbolo do pão, e Seu vinho nos é dado sob o símbolo do vinho, para que, recebendo-Os sejamos um corpo e sangue com Ele. Tendo Seu corpo e sangue em nossos membros, tornamo-nos portadores de Cristo e, como diz São Pedro, partilhamos da natureza divina... Portanto, não olheis os elementos eucarísticos como o pão e o vinho comuns; eles são de fato o corpo e sangue do Senhor, como Ele próprio declarou. Não importa o que nossos sentidos digam, sede fortes na fé. As catequeses - São Cirilo de Jerusalém (+386)

Qualquer tempo é o tempo certo para obras de caridade, porém estes dias de Quaresma proporcionam um encorajamento especial. Aqueles que desejam estar presentes na páscoa do Senhor em santidade de pensamento e de corpo deveriam buscar, antes de tudo, ganhar esta graça, pois a caridade contém todas as outras virtudes e cobre uma multidão de pecados. Tendo sido generosamente alimentados na Eucaristia, estendamos aos pobres e aos aflitos uma farta generosidade, e assim muitas vezes agradecerão a Deus, e o alívio do necessitado suportado pelo nosso jejum. Nenhum ato de devoção da parte dos fiéis agrada mais a Deus do que o que é dado ao Seu pobre. São Leão, papa de Roma (+461)

terça-feira, 22 de abril de 2008

"PERDÃO E SEMANA SANTA"

Como é difícil perdoar. Pouca gente, mesmo entre cristãos, compreende o sentido profundo do perdão. A maioria pensa que é forma de anistia do sentimento, ato interno capaz de compreender o ofensor e desculpa-lo no fundo do coração misericordioso. Este primeiro degrau do perdão já é difícil de ser galgado. E a propósito da Semana Santa, quero dizer o seguinte:

O verdadeiro sentido da revolução cristã do perdão, porém, é outro, e bem mais radical: mais que ausência de ódio no coração do ofendido, o perdão é ação de amor na direção do ofensor. 0 cristianismo é tão revolucionário que exige do ser humano não apenas a grandeza de compreender e desculpar o ofensor, mas a capacidade de amá-lo. Perdoar é per+doar, isto é, “doar amor através (per) do ofensor”.

Perdoar é doar amor através do ofensor
Só quem doa amor ao ofensor dá-lhe as condições profundas de contrição, compunção, compaixão e arrependimento, os quatro caminhos através dos quais o ser humano pode renascer de si mesmo e das trevas, trocando a morte pela vida. Por ser o gesto mais difícil e elevado, o perdão é a única forma de permitir ao ofensor a entrada de amor no seu coração. Qualquer forma de cobrança, punição e vingança aferra a crueldade do ofensor e, de certa forma, fá-lo sentir-se justificado.

A doação objetiva e concreta de amor poderá não ser eficaz, adiante, porém é a única forma através da qual o ofensor tem a chance de se arrepender sinceramente e reencontrar um caminho que lhe faz falta e é a única maneira de se redimir, crescer como pessoa, transformar-se.

Ser bom, fazer-se seguidor das religiões, sentir-se justo, fraterno, solidário, honesto, tudo isso - embora exija esforços - é relativamente fácil e em geral alimenta o ego. Difícil é perdoar o ofensor, não apenas desculpando-o, mas sendo capaz de o amar na integralidade do seu ser. Por isso, aliás, o cristianismo em essência encontra tanta dificuldade de se implantar entre os homens: exige a descoberta da grandeza humana, da virtude no sentido de exercício da única força capaz de mudar o mundo: o amor real. Não há revolução maior. Quem é capaz?

Artur da Távola
Publicado no jornal O Dia em 28/03/2002

segunda-feira, 21 de abril de 2008

Vigília

Vigília é o ofício noturno que inicia a observância de qualquer grande festa, sendo celebrado, também, nas noites de sábado, constituído de Grandes Vésperas, Grandes Matinas e primeira hora canônica. Nos primórdios do cristianismo a vigília durava a noite inteira, ou pelo menos grande parte dela, seguida pela Sagrada Liturgia. Ainda é realizada, assim, nos mosteiros do Monte Atos, onde o Tipikon é estritamente seguido. Em eslavão é denominada wsienoszcznoje bdienije, literalmente significando ofício para a noite inteira.

domingo, 20 de abril de 2008

"Domingo de Ramos – Entrada em Jerusalém"

Hoje Ele volta da Betânia e caminha por Sua livre vontade em direção à Sua santa e abençoada Paixão, para consumar o mistério de nossa salvação... Corramos para acompanhá-Lo enquanto Ele se apressa rumo à Sua Paixão, e imitemos aqueles que encontraram-No então, não apenas cobrindo Seu caminho com ornamentos, galhos de oliveira ou ramos, mas fazendo tudo o que pudermos para prostrarmo-nos diante Dele humildemente e tentando viver como Ele gostaria... Então espalhemos diante de Seus pés, não ornamentos ou galhos de oliveira, que agradam os olhos por algumas horas e então fenecem, mas a nós mesmos, revestidos complemente n’Ele. Nós que fomos batizados em Cristo devemos ser os ornamentos espalhados diante d’Ele. Santo André, bispo de Gortyna, Creta (+740)

Reconheçais a dignidade da vossa natureza... imagem restaurada em Cristo. Nascemos no presente apenas para sermos renascidos no futuro. Nosso apego, portanto não deveria ser ao transitório; ao contrário, devemos pretender o eterno. São Leão o Grande (+461)

sábado, 19 de abril de 2008

Mosteiro Pantocrator - Monte Atos

O Mosteiro Pantocrator situa-se no lado oriental da península a 30m do nível do mar. O mosteiro foi fundado pelos irmãos Aléxis e João Stratigopulo no final do século XIV, provavelmente em 1363. Depois da queda do Império Bizantino, os soberanos da Europa Oriental apoiaram financeiramente o mosteiro. O Katholikon do mosteiro é dedicado à Transfiguração do Senhor, que também possui 8 capelas no seu território e 7 além dele. Entre as relíquias conservadas pelo mosteiro encontram-se as relíquias de Santo André, o Apóstolo e as de São Cosme e Damião. O mosteiro possui a skit de São Elias, fundada por São Paisios Wieliczkowski em 1757, onde morou por sete anos.





sexta-feira, 18 de abril de 2008

Oração pelos Defuntos - Comemoração

Lembra-Te, Senhor, daqueles que deixaram a vida presente, os piedosos soberanos e soberanas, os Patriarcas e os Bispos ortodoxos, os membros da ordem sacerdotal e monástica que Te serviram: acolhe-os nos Teus tabernáculos eternos e fá-los repousar com os Teus Santos. (metanóia)

Lembra-Te, Senhor, da alma dos Teus servos defuntos: dos meus pais (nomes) e de todos os meus parentes segundo a carne: perdoa-lhes todos seus pecados voluntários e involuntários, fá-los participar do Teu Reino celeste, dos Teus bens incorruptíveis e do júbilo da bem-aventurada vida na eternidade. (metanóia)

Lembra-Te, Senhor, de todos aqueles que adormeceram na esperança da Ressurreição e da vida eterna, dos nossos pais, irmãos e irmãs, e de todos os cristãos ortodoxos que repousam aqui e em toda a parte; acolhe-os com os Teus Santos, lá onde resplandece a luz da Tua Face, e tem piedade de nós, pois Tu és Bom e Amigo dos homens. (metanóia)

Concede, Senhor, a remissão dos pecados a todos os nossos pais, irmãos e irmãs, que nos precederam na fé, a esperança da Ressurreição: concede-lhes a memória eterna. (3 metanóias)

Ó Deus dos espíritos e de toda carne, que venceste a morte, esmagaste o inimigo e deste a vida ao Teu mundo, Tu-Próprio, Senhor, concede às almas dos Teus servos defuntos (nomes) o repouso no lugar da luz, do frescor e da paz, onde não há dor, nem tristeza, nem gemidos. Perdoa-lhes todas as suas transgressões cometidas por palavras, atos, e pensamentos, ó Tu que és um Deus bom e Amigo do homem, pois que não há homem algum que viva e não peque, só Tu és o único sem pecado; a Tua justiça é uma justiça eterna e a Tua palavra é Verdade. Pois Tu és a Ressurreição, a vida e o repouso dos Teus servos defuntos (nomes), ó Cristo nosso Deus, e nós Te damos glória, bem como ao Teu Pai sem-princípio e o Teu santíssimo, bom e vivificante Espírito, agora e sempre e pelos séculos dos séculos.Amém.

Lembra-Te, Senhor, em Tua bondade, de Teus servos. Perdoa-lhes todas as faltas cometidas nesta vida, pois ninguém está fora do pecado, exceto Tu, o Único que pode conceder aos defuntos o repouso eterno.

Senhor e único Artesão, que na Tua profunda sapiência e no Teu amor pelos homens, dispõe todas as coisas e atribuis a cada um aquilo que lhe convém; faz repousar as almas dos Teus servos, pois que em Ti eles puseram toda a sua esperança, Tu, o Autor, o Senhor, o Criador e Deus Supremo.

Glória ao Pai, e ao Filho e ao Espírito Santo....

Concede o repouso com os santos, ó Cristo, às almas dos Teus servos, lá onde não há dor, nem tristeza, nem gemido, mas a vida eterna.

... E agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém.

Theotokion – Todas as gerações Te proclamam Bem-aventurada, ó Virgem Mãe de Deus; em Teu seio o Cristo, nosso Deus infinito, quis deixar-Se conter. Bem-aventurados somos nós também, pois que possuímos a Tua constante proteção: dia e noite Tu intercedes por todos nós e pelas Tuas orações consolida a força do povo cristão. É por isso que nós Te cantamos: Rejubila, ó Cheia-de- graça, o Senhor está con’Tigo.

Lembra-Te, Senhor, dos nossos pais e irmãos que adormeceram na esperança da ressurreição para a vida eterna e de todos aqueles que na fé e na piedade atingiram sua última perfeição; perdoa-lhes todas as faltas voluntárias e involuntárias, cometidas em palavras, em ações, ou em pensamentos. Fá-los repousar na luz, no frescor e na paz, lá onde não há a dor, nem tristeza, nem gemido, e onde a visão da Tua Face faz resplandecer os santos de todos os tempos. Concede-lhes a eles e a nós também, a graça do Teu Reino, a participação nos Teus bens eternos e inefáveis e o gozo da Tua bem-aventurada e eterna vida. Pois Tu és a Vida, a Ressurreição e o repouso dos Teus servos defuntos, ó Cristo nosso Deus, e nós Te damos glória, bem como ao Teu Pai sem-princípio e ao Teu santíssimo, bom e vivificante Espírito, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém.

quinta-feira, 17 de abril de 2008

OrtoFoto

Sérvia
autor: Danijela Oluic

Vésperas

Ofício da tarde. Ofício de agradecimento pelo dia que está terminando. As Vésperas rememoram os tempos vetero-testamentários: a criação do mundo, a vida dos primeiros seres humanos no Céu, a queda do homem e a Salvação pelo Messias. O Tipikon distingue três tipos de Vésperas: Vésperas Comuns, Vésperas Festivas e Grandes Vésperas. A estrutura básica de Vésperas Comuns é a seguinte:

  • Doxologia inicial.

  • Orações iniciais.

  • Salmo Introdutório (Salmo 104 – Salmo Cósmico, fala da criação do mundo).

  • Litania pela Paz (Grande Litania)

  • Salmodia (leitura dos catisma previsto para o dia).

  • Pequena Litania.

  • Salmos do Lucernário.

  • Prokímenon.

  • Litania de Súplica.

  • Apóstika.

  • Oração de S. Simeão.

  • Triságion e Pai-Nosso.

  • Tropário-Apolitikion.

  • Litania Fervorosa.

  • Finalização das Vésperas.

  • Benção Final (Despedida)

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Tesouros da Igreja Ortodoxa da Finlândia

No Santuário da Catedral de Uspenski, em Helsínquia, reina uma atmosfera calma e reverente. Neste local sagrado, encontram-se pequenos candeeiros que tremeluzem entre importantes ícones antigos que pendem das paredes e velas de cera que impregnam o ar com um odor a mel. As figuras sagradas do ícone que domina a sala olham do alto da sua armação dourada para as pessoas que se deslocam sobre o magnífico chão de mármore, com passos silenciosos e cautos.

Fig. 1 - Interior da Catedral de Uspenski, Helsínquia.
A maior e mais famosa das igrejas ortodoxas da Finlândia é o tesouro da nossa herança espiritual. Nas suas paredes, mesas e armários, encontram-se dezenas de objetos valiosos: um belo altar decorado com ouro e pedras esplendorosamente pintados, candelabros com ícones em miniaturas neles primorosamente gravados.

Fig. 2 - (da esquerda para a direita): Estola do início do século XIX. Capa de asperges usada pelo superior do mosteiro nos serviços de culto, início do século XIX. Paralelamente usado pelo bispo, princípio do século XIX, doados ao Mosteiro de Valamo pelo Czar Alexandre I.
Os tesouros da Igreja Ortodoxa Finlandesa, toda a propriedade cultural da nação, acrescentam um suavizante toque oriental e da mística bizantina à nossa herança europeia e nórdica. O interesse pela Igreja Ortodoxa e pela religião é muitas vezes despertado pela qualidade dos objetos.

Fig. 3 - Ícone funerário da Virgem do século XIX (Mosteiro de Petsamo). As mãos e o rosto são de têmperas sobre madeira. O vestido e a auréola são de contas de vidro e diversas jóias coloridas.
No século XVI, a Reforma derrubou a Igreja Católica Romana na Finlândia, mas a Igreja Ortodoxa manteve uma base na Carélia. O Mosteiro de VaIamo, situado numa ilha do lago Ladoga, transformou­se no seu centro mais importante. O Mosteiro de Konevitsa também teve a sua base aqui. Existiram cinco mosteiros na região de Kakisalmi e outro em Petsamo.
Fig. 4 - Cruz de madeira com o crucifixo em têmperas. Suurlabri, Aanisniemi.
Nos anos 40, a fé ortodoxa foi espalhada pela Finlândia por refugiados da Carélia, que reforçaram as pequenas congregações já existentes. Mais de 50 000 finlandeses pertencem à Igreja Ortodoxa.
Fig. 5 - Virgem de Tibvina. Ícone do século XVII. Têmpera sobre madeira de tília. Igreja se Santo Elias, em Vyborg.
As congregações ortodoxas possuíam tesouros artísticos insubstituíveis, quase todos salvos da destruição durante a guerra e trazidos para a Finlândia. Os tesouros não estão preservados apenas na Catedral de Uspenski. O Mosteiro de Valamo alberga um ícone da Virgem de Konevitsa, o mais antigo da Finlândia. Diversas igrejas e o Museu da Igreja Ortodoxa, em Kuopio, exibem ícones a óleo maravilhosamente dourados.
Fig. 6 - S. Basílio o Grande, S. Gregório de Nissa e S. João Crisóstomo. Ícone do século XVIII. Mosteiro de Valamo.
Normalmente, quando abandonamos a Catedral de Uspenski, sentimo-nos como se tivesse-mos estado em contacto com a espiritualidade da Igreja Ortodoxa.
Fig. 7 - Toalha decorativa do século XIX (Mosteiro de Petsamo).
As palavras do patriarca grego S. Basílio, do século IV, adaptam-se perfeitamente a este templo:
« Aquilo que a palavra diz ao ouvido, oferece a arte silenciosamente em imagens.»

Oração pelos Vivos - Comemorações

Lembra-Te, Senhor, em primeiro lugar da Tua Igreja una, santa, católica e apostólica, que Tu remiste com o Teu Sangue precioso; consolida-a, reforça-a, engrandece-a, multiplica-a, pacifica-a, e salva-a pelos séculos afora, contra as portas do inferno; apazigua as dissensões das Igrejas, apaga os erros dos pagãos, destrói e desarraiga rapidamente as heresias que aparecem, e converte cada um pelo poder do Teu Espírito Santo. (metanóia)

Senhor, Deus Todo-Poderoso e Eterno, em cuja mão reside todo o poder e todos os direitos dos povos, lembra-Te daqueles que nos governam, dos seus ministros e colaboradores, que receberam na Tua bondade o governo da nação, inspira em seus corações bons conselhos ao sujeito da Tua Igreja e de todo o Teu povo, a fim de que, constituídos em autoridade, nos governem em justiça, sob a proteção da Tua destra, para que, na tranqüilidade que nos asseguram, possamos levar uma vida em paz, na piedade e na santidade. (metanóia)

Salva, Senhor e tem piedade de Sua Santidade o nosso Patriarca N., do nosso Bispo N., de todos os demais Patriarcas e chefes de Igreja e de todo o episcopado ortodoxo, os Presbíteros, os Diáconos, e de todo o clero que Tu estabeleceste para guiar o Teu rebanho e pregar a Tua Palavra. Tem piedade deles e salva-me a mim, pecador. (metanóia)

Para os monges:
Salva, Senhor e tem piedade de meu Pai espiritual (nome), meu Igumeno e fraternidade (nomes), meus familiares (nomes), meus parentes e amigos (nomes), e todos os cristãos ortodoxos. (metanóia)

Para os demais cristãos:
Salva, Senhor e tem piedade de meus filhos (nomes), meu esposo / minha esposa (nome), meus familiares (nomes), meu Pai espiritual (nome), meu padrinho / minha madrinha (nome), meus parentes e amigos (nomes), e todos os cristãos ortodoxos. (metanóia)

Lembra-Te, Senhor, daqueles que vivem nos desertos, nas montanhas, nas cavernas e nos antros da terra; de todos os monges e monjas, das almas consagradas a Deus que vivem na virgindade, na piedade e na ascese. (metanóia)

Lembra-Te, Senhor, de todos os nossos irmãos em Cristo e de todo Povo que nos cerca; tem piedade deles e de nós, segundo a grandeza da Tua misericórdia. Cumula-os de todo bem, mantém as suas uniões matrimôniais na paz e na concórdia, instrui e educa os seus filhos e netos, abençoa as famílias; reanima os idosos, encoraja os pusilânimes, congrega os dispersos, reconduz os que se desviaram; liberta os oprimidos pelos espíritos impuros, acompanha todos aqueles que viajam por mar, terra e ar; sê o amparo das viúvas, o escudo dos órfãos, o libertador dos prisioneiros, o Médico dos doentes. (metanóia)

Salva, Senhor, e tem piedade daqueles que me odeiam, que me ofendem, que me perseguem e não os deixe se perder em virtude de mim, pecador. (metanóia)

Ilumina com a luz do Teu conhecimento aqueles que negaram a fé ortodoxa e aqueles que estão turbados pelas heresias mortais. (metanóia)

Lembra-Te, Senhor, dos que são julgados pelos tribunais humanos, dos condenados a trabalhos forçados e servis, dos exilados, dos emigrantes, de todos aqueles que se encontram em provação, perigo e necessidade; e, sobretudo daqueles que são perseguidos pelo Teu Nome e pela Fé Ortodoxa, dos pagãos e dos ateus, dos renegados e dos heréticos. Lembra-Te deles, visita-os, fortifica-os, concede-lhes a liberdade e a libertação. (metanóia)

Lembra-Te também daqueles que nos amam, de todos aqueles que pediram a nós, ainda que Teus servos indignos, orássemos por eles, e de todo o Teu Povo: lembra-Te de todos, Senhor nosso Deus, e tem piedade, atendendo as suas preces e concedendo-lhes a salvação. (metanóia)

Lembra-Te ainda de todos aqueles que nós, por negligência, ignorância ou por causa do grande número de nomes, não comemoramos; Tu, Senhor, conheces a idade e o nome de cada um deles, Tu os conheces desde o ventre de suas mães. Tem piedade deles e salva-os. (metanóia)

Tu és, Senhor, o amparo dos desprotegidos, a esperança dos desesperados, a âncora dos náufragos, o porto da salvação dos navegantes, o médico dos doentes. Sê tudo para todos, Tu que conheces cada qual bem como as suas petições, as suas moradas e todas as suas necessidades. Preserva, Senhor, esta cidade, todas as cidades e todo o país, da fome, da peste, dos tremores de terra, das inundações, do fogo, das guerras civis e do ataque dos povos inimigos. (3 metanóias)

terça-feira, 15 de abril de 2008

Mosteiro de Koutlomousiou - Monte Atos

O mosteiro de Koutlomusiou situa-se no nordeste do Monte Atos, muito próximo ao distrito de Karyes. A existência do mosteiro é confirmada por um documento datando sua fundação em 1169, porém o mosteiro em sua atual forma foi fundado no século XIII por Constantino, filho de Azzedyna II da família Kotlomousiu. O mosteiro conserva as seguintes relíquias: perna esquerda de Santa Ana, mãe da Virgem Maria, mão esquerda de São Gregório, partículas das relíquias de São Pantaleão e São Caralampo. O mosteiro possui 7 capelas e a skit de São Pantaleão fundada pelo hieromonge Caralampo antes de 1785.




Oração

Em todo o tempo e em toda a hora, no céu e sobre a terra, Tu és adorado e glorificado, ó Cristo nosso Deus; lento para a cólera, compassivo e rico em piedade; amas os justos e perdoa aos pecadores. Chamas todos os homens à Salvação para a promessa dos bens futuros. Tu próprio, Senhor, recebe agora os nossos pedidos, e dirige a nossa vida segundo os Teus Mandamentos; santifica as nossas almas e torna castos os nossos corpos, purifica os nossos pensamentos. Livra-nos de toda a angústia, de todo o mal e de toda a dor. Envolve-nos dos Teus Santos Anjos como de uma fortaleza, a fim de que guardados pelo seu poder e, sob a sua condução, alcancemos a unidade da Fé e no conhecimento da Tua Glória Inacessível, pois Tu és bendito pelos séculos dos séculos. Amém!

segunda-feira, 14 de abril de 2008

OrtoFoto

Torre do Mosteiro de Koutloumousiou, Monte Atos
autor: Θεολόγος Τατς

Oração

Senhor, nosso deus, que dissipaste de nós a indolência do sono e que nos fizeste ouvir um santo chamamento para que durante a noite elevássemos as mãos para Te honrarmos pelos Teus julgamentos justos, recebe os nossos pedidos, as nossas súplicas, as nossas homenagens, as nossas adorações noturnas. Concede-nos, ó Deus, uma Fé que não possa ser confundida, uma Esperança firme, uma Caridade não fingida; abençoa as nossas palavras, os nossos desejos e concede-nos chegar ao princípio do dia, cantando e bendizendo a imensidão da Tua bondade indescritível. Pois que o Teu Santo Nome é bendito e o Teu Reino glorificado, Pai, Filho e Espírito Santo, eternamente agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!

domingo, 13 de abril de 2008

O Quinto Domingo da Grande Quaresma – Domingo de Santa Maria do Egito

Não é possível estabelecer com precisão o que é a história e o que é lenda nas tradições relativa a “Santa Maria do Egito”. Deve-se admitir simplesmente o fato de a Igreja ter querido fazer dela, como o cantamos nas matinas: “um exemplo de arrependimento”. Ela é um símbolo de conversão, de contrição e de austeridade. . Ela exprime, neste último domingo da Quaresma, o derradeiro, o apelo mais urgente que a Igreja nos dirige antes dos dias sagrados da Paixão e da Ressurreição.

A Epístola lida na Liturgia (Hb. 9, 11-14) compara o ministério de Cristo ao do Sumo Sacerdote hebreu, que entrava uma vez por ano no Tabernáculo; mas Cristo “entra de uma vez por todas no santuário nos garantindo a salvação eterna”. O Sumo Sacerdote purificava e santificava os fiéis derramando sobre eles o sangue e os restos mortais das vítimas. “Quando mais o sangue de cristo, que pelo Espírito eterno se ofereceu ele mesmo sem mácula a Deus, purificará nossa consciência das obras mortas afim de que prestemos um culto a Deus Vivo?”.

O Evangelho (Mc. 10, 32-45) descreve a ida de Jesus a Jerusalém, antes de sua Paixão. Jesus toma à parte os doze Apóstolos e começa a lhes dizer que será preso, condenado, morto e que ressuscitará. No início da Semana Santa, nós somos levados à parte pelo Salvador para uma conversa íntima onde ele nos explica o mistério da Salvação. Nós pedimos ao Mestre para nos mostrar mais profundamente o que se passa, por nós, no Gólgota? Nós damos a Jesus a possibilidade de tal encontro secreto? Aproveitamos as ocasiões de um “tête-à-tête” com o Senhor? Pois eis que os filhos de Zebedeu se aproximam de Jesus e lhe pedem para sentar em Sua glória, um à Sua direita e outro à Sua esquerda. Jesus lhes faz - e nos faz esta pergunta: “podereis vós beber o cálice que eu bebo”? O Mestre explica pois aos discípulos que a verdadeira grandeza consiste em servir. “O Filho do homem... não veio para ser servido, mas para servir e dar sua vida em resgate de muitos”.

A tarde desse último domingo de Quaresma já deixa entrever os clarões da entrada na Semana Santa, domingo próximo. Domingo próximo será o domingo de Lázaro, que Jesus ressuscitou. As vésperas celebradas na tarde do quinto domingo de Quaresma anunciam já Lázaro, o pobre da parábola angélica. “Permita que eu fique com o pobre Lázaro e livra-me do castigo do rico... Concede-nos rivalizar com sua resistência e sua longevidade”. A Igreja, de certa forma impaciente para entrar nos santíssimos dias que começarão na próxima semana, nos empurra, neste último domingo de Quaresma, de ir adiante da Festa que celebramos em sete dias: Elevemos os cantos de oferenda para Domingo de Ramos, para que o Senhor, vindo gloriosamente a Jerusalém faça morrer a morte por seu poder divino... Preparemos com fé os estandartes da vitória gritando: “Hosana ao criador de todas as coisas!”

sexta-feira, 11 de abril de 2008

OrtoFoto

Cúpula da Igreja do Santo Sepulcro, Israel
autor: Catalina C.

Tropário

Do grego (τροπάριον). Um termo genérico para designar uma estância de um poema religioso. Em particular é aplicado:

  • ao apolitikion, também conhecido como “tropário-apolitikion” ou “tropário da festa”, ou “tropário do dia”;

  • às estâncias do cânon.

Oração

Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos fizeste erguer de nossos leitos e que nos reuniste para a oração em comum, dá-nos a graças de abrirmos os nossos lábios e recebe as nossas ações de graças; ensina-nos a Tua justiça, pois não sabemos orar como deve ser, se Tu, Senhor, não nos ensinares pelo Teu Espírito Santo. É por isso que nós Te pedimos: livra-nos, reabilita-nos, perdoa-nos os nossos pecados cometidos em palavras, atos ou pensamentos, voluntária ou involuntariamente. Pois se Tu expias as nossas iniqüidades, Senhor, Senhor quem as pode manter, pois que se é em Ti que está a nossa redenção? Só Tu és Santo, Salvador e Poderoso Defensor da nossa vida e para Ti será o nosso cântico para sempre. Que a força do Teu Reino seja bendita e glorificada, Pai, Filho e Espírito Santo, eternamente agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!

quinta-feira, 10 de abril de 2008

OrtoFoto

Polônia
autor: Alicja Ignaciuk

Triságion

Do grego τρισάγιον, três vezes Santo, em eslavão trisvyatóe. As palavras “Deus Santo, Santo Forte, Santo Imortal, tem piedade de nós”. São repetidas três ou mais vezes, e ocorrem:

  • na Liturgia, após os hinos que seguem a Pequena Entrada e antes do prokímenon;

  • em Matinas, ao final da Grande Doxologia;

  • em quase todos os ofícios, como parte das orações iniciais precedendo a oração do Pai-Nosso.

Oração

Ó Deus, Mestre Santo e Inacessível, que disseste à luz que brilhasse sobre as trevas, que nos fizeste repousar no sono da noite e que nos fizeste levantar para o louvor e súplica da Tua bondade, comovidos pela Tua própria misericórdia, atende-nos a nós que Te adoramos e, pelo nosso poder, Te damos graças, e concede-nos o que Te pedimos para a nossa salvação. Declara-nos filhos da luz e do dia e herdeiros dos teus bens eternos. Lembra-Te, Senhor, na abundância da Tua compaixão, de todo o Teu povo aqui presente, orando conosco, de todos os nossos irmãos que se encontram em terra ou mar e em toda a parte, sujeitos ao Teu poder e que imploram o Teu amor pelos homens; concede-nos a todos a Tua grande piedade para que, salvos de alma e corpo, perseveremos sempre e louvemos livremente o Teu nome Admirável e Bendito, Pai, Filho e Espírito Santo, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!

quarta-feira, 9 de abril de 2008

"O Sinal da Cruz"

A tradição ortodoxa diz, que primeiro é devido colocar a mão no ombro direito e depois no esquerdo, a católica-romana diz o contrário. Explanação sobre este tema nos dá UspieDskij B. A. no livro “Krestonje znamienije i sakralnoje prostranstwo”.

Na tradição ortodoxa o cristão coloca a mão, ao fazer o sinal da cruz, primeiro no lado direito, depois no lado esquerdo. Porém, quando faz em alguém o sinal da cruz – abençoa da esquerda para a direita. Recebendo a benção recebe o sinal da cruz primeiro no ombro direito e depois no esquerdo. Na tradição ocidental a benção de outra pessoa é realizada nesta mesma seqüência, isto é ao contrário do que faz sobre si mesmo.

Na tradição da Igreja Ocidental até o Concílio de Trento (1545-1563) era permitida ambas as práticas. Finalmente, foi adotada pelo papa Pio V (1566-1572) a prática de execução do sinal da cruz com todos os dedos na seqüência: testa, barriga, ombro esquerdo e ombro direito.

A tradição grega permaneceu inalterada, em relação a isso (ombro direito – ombro esquerdo).

O lado direito sempre é considerado(associado) como correto, normal, favorável, propício (é normal o tratamento da mão direita como dominante, etc). Fazer o sinal da cruz do lado direito para o lado esquerdo podemos entender como a vitória sobre Satã, a defesa contra o pecado. É, também, repetição daquilo o que o catecúmeno recebe do sacerdote na benção.

O homem quando faz o sinal da Cruz sobre si mesmo une-se a Deus, recebe as boas energias da graça Divina, torna-se objeto da ação da força da Cruz.

A execução do sinal da Cruz abrange conteúdos dogmáticos. A colocação dos dedos na testa simboliza a permanência de Deus nos céus e o nascimento de Cristo de Deus Pai (no Credo: “....nascido do Pai antes de todos os séculos...”). A colocação da mão na barriga expressa a descida dos céus à terra (“...desceu dos Céus. E encarnou pelo Espírito Santo, no seio de Maria Virgem e Se fez Homem...”). A elevação da mão para o ombro direito corresponde às palavras: (“...e subiu aos Céus, onde está sentado à direita de Deus Pai”) e para o ombro esquerdo significa a separação dos bons dos maus (bons para o lado direito e os maus para o lado esquerdo) (“De novo há de vir, cheio de glória, para julgar os vivos e os mortos; e o seu Reino não terá fim”). Tal explicação encontramos em muitos teólogos (entre outros Máximo, Grego (1470-1555), Pedro Damasceno; Laurêncio e Estevão de “Zyzania” na obra de 1596).

A execução do sinal da cruz do lado direito para o lado esquerdo expressa o triunfo de Deus sobre Satã, vitória sobre a morte, confissão, declaração de fé, expressão de verdades dogmáticas, comunicação do homem com Deus, permanência sob a Sua proteção, defesa do homem frente à ação das forças do mal.

Apresentando em forma de imagem a execução do sinal da Cruz na tradição ortodoxa podemos representar como a abaixo:

Os cristãos ortodoxos se prostram (fazem o sinal da cruz) nas orações, depois de entrar na igreja, durante os ofícios, antes e depois das refeições, antes e depois de qualquer trabalho.

Através do sinal da Cruz confessamos a fé em Jesus Cristo e na Santíssima Trindade e concordamos com Sua vontade.

Com a inclinação da cabeça e as prostrações durante as orações expressamos nossa humildade e submissão a Deus.

Os três dedos simbolizam a Santíssima Trindade: Deus-Pai, Deus-Filho e Deus-Espírito Santo.

Os dois dedos simbolizam as duas naturezas de Cristo, Divina e humana.

Os dedos no sinal da Cruz devem estar colocados juntos.

Padre Aleksy Andrejuk
Professor do Seminário Ortodoxo de Varsóvia
Tradução do Igúmeno Lucas
Boletim Interparoquial de Maio de 2007

terça-feira, 8 de abril de 2008

OrtoFoto

Ucrânia
autor: Jarek Kupryjaniuk

Triódio

A palavra Triódio significa literalmente: cânon com três odes. Estes cânones encontram-se nos livros litúrgicos aos quais deram seu nome:

  1. Triódio de Quaresma – Livro de ofícios litúrgicos que contém todos os textos pertinentes à Grande Quaresma, e assim chamado por que os cânones de Matinas normalmente possuem apenas três odes. O livro abrange o período que vai do Domingo do Fariseu e o Publicano e termina no Grande Sábado Santo. Seu uso substitui o do Octoecos, exceto para os Hinos Triádicos, o primeiro catisma-poético e os Photagogika, que são impressos como adendos ao Triódio. A característica dominante desses textos é seu aspecto penitencial, a Quaresma que é proposta aos fiéis para que eles se purifiquem e se preparem para as solenidades da Paixão e da Ressurreição do Salvador.

  2. Triódio Pascal ou Pentecostário – encontra-se neste livro os textos utilizados desde a Páscoa e até ao domingo que se segue aos Pentecostes, Domingo de Todos os Santos (nele se encontram essas duas festas). Os textos exprimem antes de tudo a alegria pela Ressurreição do Salvador, que torna possível a ressurreição do gênero humano. Os diversos temas evocados ao longo deste período esclarecem, cada qual à sua maneira, o mistério da Redenção e Salvação, onde a obra se completa com a Ascensão e o Pentecostes.

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Sermão sobre a Anunciação da Santa Mãe de Deus


Nossa presente assembléia em honra da Santíssima Virgem me inspira, irmãos, a falar Dela uma palavra de louvor, também em favor daqueles que vieram para esta solenidade da igreja. Esta palavra inclui um louvor às mulheres, uma glorificação ao seu gênero, cuja glória é trazida por Ela, Ela que é ao mesmo tempo Mãe e Virgem. Ó desejada e maravilhosa assembléia! Celebre, ó natureza, na qual é rendida honra à Mulher; rejubila, ó raça humana, na qual a Virgem é glorificada. “Mas, onde o pecado abundou, superabundou a graça” (Rom.5;20). A Santa Mãe de Deus e Virgem Maria nos reuniu aqui, Ela o puro tesouro da virgindade, o paraíso planejado para o Segundo Adão – o lugar exato, em que foi cumprida a co-união das naturezas, em que foi confirmado o Conselho da salvífica reconciliação.

Quem alguma vez viu, quem alguma vez ouviu, que dentro de um ventre o Ilimitado Deus poderia habitar, Aquele que os Céus não podem conter, Aquele que o ventre de uma Virgem não pode limitar?

Aquele que nasceu da mulher não é somente Deus e Ele não é somente Homem. Este que nasceu fez da mulher, sendo a antiga porta do pecado, a porta da salvação; onde o Mal, pela desobediência, despejou seu veneno, lá o Verbo fez para Ele próprio,pela obediência, um templo vivificante, de onde o arqui-pecador Caim saltou para fora, lá sem semente nasceu Cristo o Redentor da raça humana. O Amante da Humanidade não desdenhou nascer da mulher, uma vez que isto concedeu a Sua vida. Ele não estava sujeito à impureza, sendo assentado dentro do ventre, que Ele mesmo adornou livre de toda iniqüidade. Se por acaso esta Mãe não permanecesse Virgem, então aquele que nascesse Dela poderia ser um mero homem, e o nascimento não seria nenhum sábio milagre; mas uma vez que Ela depois do nascimento permaneceu uma Virgem, então como é que Aquele que nasceu de fato – não é Deus? É um mistério inexplicável, uma vez que de uma maneira inexplicável nasceu Ele Que sem nenhum impedimento passa através das portas quando elas estão fechadas. Tomé, confessando Nele a co-união de duas naturezas, gritou: “Meu Senhor, e meu Deus” (Jô.20:28).

O Apóstolo Paulo diz, que Cristo é “escândalo para os judeus e loucura para os gregos” (I Cor. 1:23): eles não perceberam o poder do mistério, uma vez que Ele era incompreensível para a mente: “porque, se a conhecessem, nunca crucificariam ao Senhor da Glória” (I Cor.2:8). Se o verbo não fosse colocado dentro do ventre, então a carne não teria ascendido com Ele ao Trono Divino; se Deus tivesse desdenhado entrar no ventre, que Ele criou, então os Anjos também poderiam ter desdenhado servir à humanidade.

Aquele, que por Sua natureza não estava sujeito aos sofrimentos, através de Seu amor por nós sujeitou-Se a muitos sofrimentos. Nós cremos, não que Cristo através de alguma gradual elevação em direção à natureza Divina foi feito Deus, mas que sendo Deus, através da Sua misericórdia Ele foi feito Homem. Nós não dizemos: “um homem feito Deus”; mas nós confessamos, que Deus encarnou e se fez Homem. Sua Serva foi escolhida para Ele mesmo como Mãe por Aquele que, em Sua essência não tinha mãe, e Aquele que, através da Divina providência apareceu sobre a terra na imagem de homem, não tem pai aqui. Como alguém, Ele mesmo pode ser ambos sem pai e sem mãe, de acordo com as palavras do Apóstolo: “Sem pai, sem mãe, sem genealogia, não tendo princípio de dias nem fim de vida...” (Heb. 7:3)? Se Ele – fosse somente um homem, então Ele não poderia ser sem mãe – mas verdadeiramente Ele teve uma Mãe. Se Ele – fosse somente Deus, então Ele não poderia ser sem Pai – mas de fato Ele tem um Pai. E ainda como Deus o Criador Ele não tem mãe, e como Homem Ele não tem pai.

Nós podemos ser convencidos disto pelo verdadeiro nome do Arcanjo, fazendo anunciação a Maria: seu nome é Gabriel. O que este nome significa? Ele significa: “Deus e homem”. Uma vez que Aquele sobre Quem ele anunciava era Deus e Homem, então seu verdadeiro nome aponta antecipadamente para este milagre, então com fé aceitamos o fato da Divina revelação.

Seria impossível para um mero homem salvar as pessoas, uma vez que todo homem necessita do Salvador: “Porque todos pecaram – diz São Paulo - e destituídos estão da glória de Deus” (Rom. 3:23). Desde que o pecado sujeita o pecador ao poder do demônio, e o demônio o sujeita à morte, então nossa condição torna-se extremamente infeliz: não existe nenhum caminho que nos livre da morte. Foram mandados médicos, isto é, os profetas, mas eles somente podiam apontar mais claramente a enfermidade. O que eles fizeram? Quando eles viram, que a doença estava fora do alcance da habilidade humana, eles chamaram do Céu o Médico; um deles disse “Abaixa, ó Senhor, os teus céus, e desce” (Salmos 143[144]:5); outros gritaram: “Cura-me, Ó Senhor, e eu serei curado” (Jer. 17:14); “faze resplandecer o Teu rosto, e seremos salvos” (Sl. 79[80]:3). E ainda outros:”Mas, na verdade, habitaria Deus na terra?” (I Reis 8:27); “apressa-te e antecipem-se-nos as tuas misericórdias, pois estamos muito abatidos” (Sl.78[79]:8). Outros disseram: “Pereceu o benigno da terra, e não há entre os homens um que seja reto” (Miq.7:2). “Apressa-te, ó Deus, em me livrar; Senhor, apressa-te em ajudar-me” (Sl.69[70]:1). “Se tardar, espera-o, porque certamente virá, não tardará” (Hab.2:3). “Desgarrei-me como a ovelha perdida; busca o teu servo, pois não me esqueci dos teus mandamentos” (Sl.118[119]:176). “Virá o nosso Deus, e não se calará” (Sl.49[50]:3). Aquele que, por natureza é Senhor, não desdenhou a natureza humana, escravizada pelo sinistro poder do demônio, o misericordioso Deus não consentiu que ela estivesse para sempre sob o poder do demônio, o Eterno veio e deu em resgate o Seu Sangue; para a redenção da raça humana da morte Ele deu Seu Corpo, que Ele aceitou da Virgem, Ele livrou o mundo da maldição da lei, aniquilando a morte pela Sua morte. “Cristo nos resgatou da maldição da lei” – exclama São Paulo (Gal. 3:13).

Portanto sabemos, que nosso Redentor não é simplesmente um mero homem, uma vez que toda a raça humana estava escravizada pelo pecado. Mas Ele da mesma forma não é somente Deus, não participante da natureza humana. Ele tinha um corpo, porque se Ele não tivesse Se revestido em mim, então Ele, da mesma maneira, não poderia ter me salvado. Mas, tendo habitado o ventre da Virgem, Ele Se vestiu em meu destino, e dentro deste ventre Ele concluiu uma mudança miraculosa: Ele concedeu o Espírito e recebeu um corpo, o Único Que verdadeiramente (habitou) com a Virgem e (nasceu) da Virgem. E então, Quem é Ele, que Se manifesta a nós? O Profeta Davi mostra isto para ti nestas palavras: “Bendito aquele que vem em Nome do Senhor” (Sl. 117[118]:26). Mas diga-nos mais claramente, Ó profeta, Quem é Ele? O Senhor é o Deus das Multidões, diz o profeta: “O Senhor é Deus, e ele Se nos manifestou” (Sl.117[118]:27). “O Verbo Se fez carne” (Jo.1;14): foram unidas as duas naturezas, e a união permaneceu sem se misturar.

Ele veio para salvar, mas teve também que sofrer. O que um tem em comum com o outro? Um mero homem não pode salvar; e Deus em Sua natureza não pode sofrer. Por que meios foi feito um e outro? Como que Ele, Emanuel, sendo Deus, foi feito também Homem; Ele salvou através do que Ele era – e isto, Ele sofreu pelo que Ele foi feito. Razão pela qual quando a Igreja observou que a multidão dos Judeus O coroou com espinhos, lamentando a violência dos espinhos, ela disse: “Filhas de Sião, saiam e vejam a coroa, de quê é coroado Ele, Filho da Sua Mãe” (Cant. 3:11). Ele usou a coroa de espinhos e destruiu o julgamento sofrendo pelos espinhos. Ele, somente Ele, é Aquele que é ambos no seio do Pai e no ventre da Virgem; Ele, somente Ele, é Aquele – nos braços da Sua Mãe e nas asas dos ventos (Sl.103[104]:3); Ele, a Quem os Anjos inclinam-se em adoração, ao mesmo tempo reclina-se na mesa dos publicanos. Ele, sobre Quem os Serafins não ousam fitar, sobre Ele, ao mesmo tempo, Pilatos pronunciou a sentença. Ele é Aquele e o Mesmo, a Quem o servo golpeou e perante O Qual toda a criação treme. Ele foi pregado na Cruz e subiu ao Trono de Glória – Ele foi colocado no sepulcro e Ele estendeu os céus como uma tenda (Sl.103[104]:2) – Ele foi contado no meio dos mortos e Ele esvaziou o inferno; aqui sobre a terra, eles blasfemaram contra Ele como um transgressor – lá no Céu, eles exclamaram a Ele glória como o Todo-Santo. Que mistério incompreensível! Eu vejo os milagres, e eu confesso, que Ele é Deus; eu vejo os sofrimentos, e eu não posso negar, que Ele é Homem. Emanuel abriu as portas da natureza, como homem, e preservou intacto o selo da virgindade, como Deus: Ele emergiu do ventre da mesma maneira com que Ele entrou através da Anunciação; da mesma forma maravilhosa Ele foi ambos, nascido e concebido: sem paixão Ele entrou, e sem dano Ele emergiu; como se referindo a isto o Profeta Ezequiel diz: "Então me fez voltar para o caminho da porta do santuário exterior, que olha para o oriente, a qual estava fechada. E disse-me o Senhor: Esta porta estará fechada, não se abrirá; ninguém entrará por ela, porque o Senhor Deus de Israel entrou por ela: por isso estará fechada” (Ez.44:1-2). Aqui ele claramente indica a Santa Vigem e Mãe de Deus, Maria. Cessemos toda contenda, e deixemos que as Sagradas Escrituras iluminem nossa razão, assim nós também receberemos o Reino dos Céus por toda a eternidade. Amém!

São Proklos, Patriarca de Constantinopla
Traduzido pelo Sr. Dom Ambrósio, Bispo Ortodoxo do Recife
Boletim Interparoquial de Abril de 2004

domingo, 6 de abril de 2008

O Quarto Domingo da Grande Quaresma – Domingo de São João Clímaco

A Igreja chama hoje nossa atenção sobre São João Clímaco, pois esse padre, que viveu no século VII, realizou em sua vida o ideal de penitência que deveríamos manter sob a vista durante a Quaresma. “Honremos João, orgulho dos ascetas...”, é o que cantamos às Vésperas. Durante as Matinas, nós dizemos ao Santo: “Ao emagrecer teu corpo pela abstinência, tu renovaste a força de tua alma, enriquecendo-a de glória celeste”. No entanto, a Igreja dá à doutrina de São João Clímaco uma interpretação correta, quando proclama que a ascese não tem nenhum sentido nem nenhum valor se não for uma expressão de amor e quando, ainda em Vésperas, ela dirige ao Santo as seguintes palavras: “...pois a todos (nós) tu clamaste: Amai O Senhor e encontrareis a graça para sempre, pois nada é preferível ao Seu Amor...”

Nós continuamos, durante a Liturgia, a leitura da Epístola aos Hebreus (Hb. 6, 13-20). Ela nos fala da paciência e da permanência de Abraão e da realização final das promessas que Deus havia feito ao Patriarca. É impossível a Deus mentir. É por isso que, como Abraão, nós somos “encorajados”- nós que encontramos um refúgio - a agarrar fortemente a esperança que nos é oferecida.

O Evangelho (Mc. 9, 16-30) descreve a cura de um filho mudo, possuído pelo demônio, que o pai conduz a Jesus. O Senhor diz ao pai: “Se tu podes crer, tudo é possível ao que crê”. O pai do menino clama em lágrimas: “Eu creio Senhor! (porém) ajuda a minha incredulidade”. Nós não poderíamos encontrar uma melhor fórmula para expressar ao mesmo tempo a existência de nossa fé e a fraqueza dessa fé. Porém somos nós capazes de chorar com lágrimas ardentes quando dizemos à Nosso Salvador: “Eu creio... mas ajuda a minha incredulidade!”? Jesus tem piedade do pai. Ele aceita aquela fé. Ele cura o filho. Os discípulos, indo ter com o Mestre em particular, perguntam-lhe porque não puderam eles mesmos expulsar o demônio. Jesus responde: “Esta casta não pode sair com coisa alguma, a não ser com oração e jejum”. Não vamos nós, porém, acreditar, que, uma abstinência prolongada e a repetição de algumas orações sejam suficientes para dar esta força que os discípulos ainda não possuíam. A oração e o jejum, no sentido mais profundo dessas palavras, significam uma renúncia radical a si próprio, a fixação da alma nessa atitude de confiança e de humildade que tudo espera da misericórdia de Deus, a submissão de nossa vontade à vontade do Senhor, a colocação de nosso ser inteiro nas mãos do Pai. Aquele que pela graça de Deus atinge este estado pode expulsar os demônios. Não poderíamos nós tentarmos dar ao menos os primeiros passos nesse caminho? Se tentarmos, seremos surpreendidos pelo resultado que obteremos...

sábado, 5 de abril de 2008

Trikerion

Candelabro para três velas, simbolizando as Três Pessoas da Santíssima Trindade, com o qual o bispo para dá bênçãos em alguns ofícios litúrgicos, segurando-o com a mão direita.

sexta-feira, 4 de abril de 2008

OrtoFoto

Sérvia
autor: Stevan Ristic

Tom

Cada semana do ciclo litúrgico semanal está relacionada com um dos oito Tons (a base para música litúrgica da Igreja Ortodoxa) e cada semana possui seu tom indicado. No sábado à noite da Semana Luminosa ou Jubilosa (Vigília do Domingo de São Tomé), o ciclo de tons começa com o tom 1 e, semana após semana, a seqüência continua através dos sucessivos tons, 1 até 8, mudando para um novo tom a cada noite de sábado, ao longo do ano. Os vários textos para o tom de cada semana encontram-se no Octoecos. Os textos especiais para as Grandes festas e festas de Santos (no Menaia) e para os dias da Grande Quaresma e período Pascal (no Triódio e Pentecostário) estão estabelecidos em vários tons, e estes, é claro, salvo por coincidência, não correspondem ao tom indicado para a semana. Enquanto toda a Ortodoxia usa a mesma divisão em oito tons, a maneira como estes tons são cantados varia de uma Igreja Ortodoxa para outra.

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Mosteiro de São Dionísio - Monte Atos

O mosteiro situa-se sobre uma rocha a 80 metros do nível do mar, no sudeste da península. São Dionísio de Coritsa fundou-o em 1389. Em 1537 o mosteiro incendiou-se e foi reconstruído junto com seu Katholikon pelo soberano moldávio João Petro. O Katholikon em forma de cruz é dedicado ao Nascimento de São João Batista. Entre as relíquias do mosteiro: encontra-se : o pulso da mão direita de São Pantaleão , a mão direita de São João Batista e de São Lucas, o Evangelista. Pertencem ao mosteiro 7 capelas internas e 8 além muros do mosteiro. O mosteiro possui 7 kellia em Karyes e 6 em torno de si.




Epitáfio

quarta-feira, 2 de abril de 2008

OrtoFoto

Mosteiro de Chilandar, Monte Atos
autor: Aleksa Stojkovic

"A Teologia da Doença"

Não há ninguém que, no decurso da sua existência, se não veja confrontado com a doença. Ela está inevitavelmente ligada à condição humana. Nenhum organismo é completamente são. A saúde nunca é mais que um equilíbrio provisório entre as forças da vida e outras forças que se lhe opõem, não tendo as primeiras senão uma frágil supremacia. A vida, escreve o professor Mareei Sendrail na sua História cultural da doença, «é por essência um desafio provisório à morte. Cada uma das nossas células só se mantém à custa de uma luta permanente contra as forças que tendem a destruí-la. Desde a juventude, os nossos tecidos integram vastas zonas de degradação e desgaste; desde o nascimento inscrevem-se neles as causas que irão precipitar-lhes o fim (...). A doença forma a trama da nossa continuidade carnal. Mesmo sob a máscara da saúde, os fenômenos biológicos ultrapassam a todo o instante as fronteiras do normal. É, para os médicos, um fato de observação corrente que manifestações de caráter mórbido se combinam com os atos vitais mais elementares». Julgamo-nos de boa saúde e é então, precisamente, que a doença está em nós de maneira potencial, e bastará que uma ou outra das nossas defesas se fragilize, para que ela apareça, sob uma forma ou outra. Às vezes, antes de termos dado por isso, já ela provocou estragos consideráveis.

Todas as doenças são para nós causas de sofrimento. A maioria faz-nos sofrer física e psiquicamente. Todas ocasionam sofrimento espiritual, pois nos revelam, cruelmente, por vezes, a fragilidade da nossa condição, lembrando-nos que a saúde e a vida biológica não são bens que detenhamos de forma durável; que o nosso corpo, nesta vida, está destinado a enfraquecer, a degradar-se e, finalmente, a morrer.

Deste ponto de vista, a doença suscita uma série de interrogações às quais ninguém escapa: Porquê? Porquê eu? Porquê agora? Por quanto tempo? Que vai ser de mim?

Toda a doença constitui uma interpelação tanto mais viva e profunda quanto não é abstrata nem gratuita, mas se inscreve numa experiência ontológica às vezes lancinante. Esta interpelação é muito freqüentemente crucial. Porque a doença põe sempre mais ou menos em questão os fundamentos, o quadro e as formas da nossa existência, os equilíbrios adquiridos, a livre disposição das nossas faculdades corporais e psíquicas, os nossos valores de referência, a nossa relação com os outros, e a nossa própria vida, pois a morte perfila-se, então, sempre no horizonte, de forma mais nítida do que habitualmente.

Longe de ser um acontecimento que só diria respeito ao nosso corpo, e só por algum tempo, a doença constitui em muitos casos uma provação espiritual que implica todo o nosso ser e o nosso destino.

De uma forma ou outra, é-nos preciso vencer esta prova, assumir a doença e as diversas formas de sofrimento que a acompanham, encontrar soluções teóricas mas, também, e sobretudo, práticas, para os problemas que elas nos apresentam. Cada um de nós, no decurso da sua existência, deve não só contar com a doença e o sofrimento, mas, também, quando eles surgem, continuar a viver e a encontrar, apesar deles ou neles, a sua realização pessoal.

Ora isto nunca é fácil: porque a doença, geralmente, nos imerge numa situação desacostumada, em que as nossas condições de vida se encontram modificadas, as nossas relações com os familiares e amigos são perturbadas e, às vezes, transtornadas por um isolamento imposto, em que devemos confrontar-nos com a dor, mas, também, com a inquietação e o desencorajamento ou, até, com a angústia e o desespero, e em que nos sentimos sempre mais ou menos sós perante a necessidade e a possibilidade de fazer face a estas dificuldades.

Tanto mais quanto, a este respeito, o homem dos nossos dias está, sob vários pontos de vista, mais desarmado que os seus antepassados.

Sem dúvida que a medicina adquiriu, nos nossos dias, um grau muito alto de conhecimento científico, de capacidade técnica e de organização social, o que lhe confere, no plano da intervenção, do diagnóstico e da terapêutica, uma grande eficiência. Muitas doenças que antigamente faziam estragos consideráveis desapareceram nos nossos dias. Podemos ser hoje rapidamente curados de afecções que os nossos antepassados deviam suportar durante longo tempo ou que eram incuráveis de todo. Podemos ser aliviados de sofrimentos que eram antes inevitáveis. Mas, há que reconhecê-lo, este progresso tem os seus limites e mesmo os seus fracassos, devendo-se estes, é certo, menos à medicina em si que aos valores, ou até às ideologias que, em certos casos, estão subjacentes ao seu uso e ao seu desenvolvimento.

O desenvolvimento da medicina, numa perspectiva puramente naturalista, teve, como conseqüência, que objetivar a doença, fazer dela uma realidade considerada em si própria, num plano puramente fisiológico, independentemente de quem é por ela afetado. Em vez de prestar os seus cuidados às pessoas, muitos médicos, hoje em dia, tratam doenças ou órgãos. Este fato, acrescido do uso de métodos de diagnóstico cada vez mais quantitativos e abstratos e de meios terapêuticos cada vez mais técnicos, teve como primeira conseqüência a despersonalização considerável da prática médica e o aumento da perplexidade e da solidão do doente. E, como segunda conseqüência, levou a que o doente fosse como que desapossado da sua doença e dos seus sofrimentos, reduzindo-se-lhe assim os meios próprios para enfrentá-los. Considerando estes, na verdade, como realidades autônomas, de natureza puramente fisiológica, e por isso passíveis de um tratamento exclusivamente técnico e apenas no plano corporal, a medicina atual de forma nenhuma ajuda o doente a assumi-los e, pelo contrário, vai induzi-lo a considerar que o seu estado e o seu destino repousam inteiramente nas mãos dos médicos; que só há solução médica para as suas várias dificuldades, que não há para ele outra forma de viver a sua doença e os seus sofrimentos senão a de esperar passivamente da medicina a cura e o alívio.

Os valores dominantes da civilização ocidental moderna favorecem, aliás, uma tal atitude. A sobrevalorização da vida biológica considerada como a única forma possível para o homem, da saúde psicossomática encarada como a fruição de um bem-estar visto segundo um plano quase exclusivamente material, de que o corpo surge como o órgão essencial, o temor de tudo o que pode pôr tal fruição em risco, do que pode reduzi-la ou suprimi-la, a recusa de todo o sofrimento e a constituição da analgesia como valor de civilização e finalidade social2, o medo da morte biológica considerada como fim absoluto da existência, tudo isto conduz muitos dos nossos contemporâneos a esperar a sua salvação na medicina e a fazer do médico um novo padre dos tempos modernos3; um rei tendo sobre eles direito de vida ou de morte; um profeta do seu destino. Tudo isto explica, também, o caráter aberrante de certas práticas médicas, biológicas e genéticas da atualidade que, aliás, não correspondem, como freqüentemente se pensa, a um desenvolvimento natural da ciência e da técnica, mas estão de acordo com o espírito da época e constituem-se para satisfazer os requisitos e responder às angústias da mentalidade contemporânea.

A esperança, nascida no fim do séc. XVIII, de um desaparecimento total da doença e do sofrimento numa sociedade não perturbada e restituída à sua saúde original4, ligada à crença num progresso indefinido da ciência e da técnica, está mais viva que nunca. O desenvolvimento atual da genética permitiu acrescê-la da fé na possibilidade de, graças a manipulações adequadas, purificar biologicamente a natureza humana das suas imperfeições e, talvez, finalmente, vencer a própria morte.

Estas atitudes testemunham sem dúvida aspirações positivas profundamente arraigadas no homem: a de escapar à morte, muito justamente considerada como estranha à sua natureza profunda; a de ultrapassar os limites da sua condição atual; a de ter acesso a uma forma de vida isenta de imperfeições, na qual se pudesse exprimir sem entraves. Mas não é ilusório esperar das ciências e técnicas médicas e biológicas uma resposta satisfatória a estas aspirações?

É preciso notar, em primeiro lugar, que, se numerosas doenças desapareceram graças aos progressos da medicina, outras surgiram em seu lugar5. Depois de ter registrado um considerável aumento nos países desenvolvidos, graças aos progressos da medicina, mas também à melhoria generalizada das condições materiais da existência, a esperança de vida média encontra-se, desde há alguns anos, numa quase estagnação que revela limites cada vez mais difíceis de ultrapassar. Sem contar que a «esperança de vida», medida estatisticamente, nada significa para cada indivíduo que, enquanto tal, escapa às «leis» estatísticas. Sem contar também que uma parte importante da patologia e da mortalidade está, nos nossos dias, ligada aos acidentes, imprevisíveis por natureza, e cujo número impressionante de vítimas evoca às vezes o das antigas epidemias. Quanto ao sofrimento, se alguns tratamentos permitem hoje em dia suprimi-lo ou reduzi-lo eficazmente, quando ele é muito intenso tais resultados não podem ser obtidos por completo, a menos que se diminua, modifique ou suprima a consciência do doente, restringindo mais a sua liberdade. As esperanças do homem moderno revelam já neste ponto a fragilidade dos seus fundamentos. Ao mito que perdura responde a realidade, quotidianamente vivida por milhões de homens, da doença, do sofrimento e da morte, que irrompem tantas vezes na sua vida «de noite, como um ladrão».

Há que reconhecer, por outro lado, que as novas técnicas médicas, biológicas e genéticas põem mais problemas do que resolvem. O «melhor dos mundos» que elas poderiam realizar, se nenhum limite lhes fosse fixado, parecer-se-ia mais com um inferno do que com o paraíso ao qual aspiram aqueles que a elas cegamente se entregam. É de fato evidente que elas se desenvolvem no sentido de uma despersonalização crescente: porque transformam as doenças e os sofrimentos dos homens em entidades independentes e em problemas puramente técnicos; porque fazem, por vezes, do homem objeto de experimentação e visam, então, menos o alívio da pessoa que o progresso da ciência e da técnica considerado como um fim em si ou, mesmo, a busca do espetacular, aliado, em certos casos, a objetivos publicitários; porque tendem a fazer da vida e da própria morte puros produtos técnicos; porque fazem abstração de relações pessoais e valores humanos fundamentais, que são uma necessidade vital de todo o homem, desde a concepção até à morte.

Há que acrescentar a isto que a maioria das práticas médicas atuais tem como denominador comum considerar e tratar o homem como um organismo puramente biológico ou, no melhor dos casos, como um simples composto psicossomático. Por esta razão, e apesar da sua eficácia num certo plano, elas não podem ter sobre ele, a outro plano, senão efeitos profundamente mutiladores, pois ignoram de forma implícita a dimensão espiritual que o caracteriza fundamentalmente. Se é verdade que o corpo humano está, na sua realidade biológica, submetido às leis que, na natureza inteira, regem o funcionamento dos organismos vivos, ele não pode todavia ser tratado exatamente como qualquer outro organismo vivo, pois é o corpo de uma pessoa humana da qual não pode ser dissociado sem ser desnaturado; nas suas condições atuais de existência, é inseparável não apenas de uma componente psíquica complexa que só por si eleva o homem muito acima do animal, mas ainda de uma dimensão espiritual mais fundamental que a sua dimensão biológica. O corpo não apenas exprime, ao seu nível, a pessoa, mas também, em certa medida, é a pessoa. A pessoa não tem apenas um corpo, ela é também o seu corpo, mesmo se transcende infinitamente os seus limites. É por isso que tudo o que diz respeito ao corpo implica a própria pessoa. Não tomar em conta esta dimensão espiritual do homem quando se pretende dar remédio aos seus males, significa, inevitavelmente, causar-lhe graves danos e, muitas vezes, privar-se antecipadamente de qualquer meio de ajudá-lo a assumir o seu estado com proveito e a superar as diversas provações que vai enfrentar.

Jean-Claude Larchet
Boletim Interparoquial, jun/2006