“A Ortodoxia manifesta-se, não dá prova de si”

ok

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Grande Dódeca Festa da Apresentação no Templo de Jerusalém da Santíssima Mãe de Deus e Sempre Virgem Maria - 21 nov/04 dez

Nesse dia festejamos a Entrada no Templo da Mãe de Deus. Foi quando Joaquim e Ana, seus pais, a conduziram ao Templo, em cumprimento à promessa que haviam feito antes de Seu nascimento, de consagrarem-Na a Deus. Maria contava, então
com 3 anos.


Joaquim fez convocar jovens raparigas dos hebreus de raça pura, a fim de escoltá-la com tochas e precedê-la em direção ao Templo, para que, trazida pela luz, a criança não fosse tentada a voltar atrás em busca de seus pais. Porém, a Santa Virgem, Toda Pura é elevada por Deus, desde Seu nascimento, a um grau de virtude e de Seu amor às coisas celeste, superior a qualquer outra criatura, põe-se a correr em direção ao Templo. Ultrapassa as virgens de sua escolta e, sem um único olhar ao mundo, lançasse aos braços do Sumo-Sacerdote Zacarias, que a esperava sob o pórtico, em companhia dos anciãos. Zacarias a abençoou dizendo: “O Senhor glorificou teu nome de geração em geração. É em ti que, nos últimos dias, Ele revelará a Redenção que preparou para seu povo”. E, coisa inaudita para os homens da Antiga Aliança, ele faz a criança entrar no Santo dos Santos, onde somente entrava o Sumo-Sacerdote uma vez por ano, no dia da Festa da Expiação. Sentou-A no terceiro degrau do Altar e o Senhor fez descer a Sua graça sobre Ela, que se levantou e pôs-se a dançar a fim de expressar Sua alegria. Todos os presentes maravilharam-se contemplando esse espetáculo promissor das grandes maravilhas que Deus em breve realizaria Nela.

Tendo, dessa forma, abandonado o mundo, seus pais e qualquer ligação com as coisas sensíveis, a Santa Virgem permaneceu no Templo até a idade de 12 anos, quando os sacerdotes e anciãos confiaram-na a José, para que fosse o guardião de Sua virgindade, tornando-se seu noivo.

Quando a Mãe de Deus penetrou no Santo dos Santos, o tempo de preparação e de provação da Antiga Aliança teve fim e, nesse dia, celebramos os esponsais de Deus com a natureza humana. Eis porque a Igreja rejubila e exorta a todos a retirarem-se também ao templo de seus corações, a fim de preparar a vinda do Senhor, pelo silêncio e pela oração.

O Templo
Moisés recebeu no Monte Sinai, a prescrição do Senhor para lhe fazer um Templo: “E me farão um santuário e habitarei no meio deles. Conforme a tudo que eu te mostrar para modelo do tabernáculo e para modelo de todos os seus vasos, assim o fareis” (Ex. 25, 8-9).

Era a Tenda da Congregação, primeiro modelo do Templo de Jerusalém. Lá, Moisés colocou as Tábuas da Lei na Arca da Aliança, caixa de madeira preciosa recoberta de ouro e colocada sob a proteção de 2 querubins feitos de ouro puro, com as asas abertas. Em todos os lugares onde o povo parava, durante sua marcha pelo deserto, a Tenda era montada e a presença de Deus habitava.

Quando, finalmente, o povo judeu penetrou na Terra Prometida, após numerosas batalhas e conquistas de Josué, Saul e David, coube a Salomão a missão de construir, em Jerusalém, uma Morada Suntuosa, digna do Senhor. É em cerca de 950 a.C. que o Templo de Salomão é erguido. A Arca da Aliança, Trono de Deus, foi colocada no “Santo dos Santos”.

Alguns séculos mais tarde, o povo judeu sofreu uma grande provação: a ruína de Jerusalém e a destruição do Templo, sob Nabucodonosor em 586 a.C.. A seguir a essa derrota, os judeus foram levados cativos para a Babilônia. O Profeta Ezequiel, também deportado para a Babilônia, teve então a visão de Israel restaurada e do Templo restaurado de suas ruínas.

No retorno do exílio, o Templo foi reconstruído por Zorobabel, porém não correspondia à visão de Ezequiel, nem possuía a grandeza magnífica do constuído pó Salomão. Herodes, para marcar a importância de seu reinado e se fazer perdoar por sua dependência do Império Romano, enriqueceu e embelezou o Templo, uma vintena de anos antes do nascimento de Jesus Cristo. Esse Templo foi destruído para sempre em 70 d.C. por Tito, segundo as profecias de Cristo (Lc. 19, 43-44).

O Ofício de Vésperas dessa festa nos propõe 3 leituras: são as 3 etapas da história do Templo antes da restauração. Elas nos revelam que o Templo é um edifício temporal, destinado à destruição. Existe, no entanto, um Templo Eterno, “não feito de mão de homem”. A única e verdadeira edificação do Templo se fará na Ressurreição do Cristo (Jo. 2, 18-22).

Primeira Leitura (Êxodo 40, 1-5; 9-10;16 e 34-35): o protótipo do Templo, a Tenda da Congregação plantada por Moisés

Segunda Leitura (I Reis 8, 1-11): o Templo de Salomão e a entrada solene da Arca no “Santo dos Santos”

Terceira Leitura (Ezequiel 43, 27-44.4): a profecia de Ezequiel, visão do Templo restaurado.

Cada uma das 3 leituras do Antigo Testamento concernente ao Templo, termina pela mesma visão: A Glória do Senhor preenchendo a casa do Senhor.

Maria entra no Templo e prepara-Se para tornar-Se, ela própria, a casa do Senhor. É pelo Espírito Santo que o Verbo de Deus toma carne Nela. Ela torna-se, portanto, o Templo do Espírito Santo.

Durante a Liturgia, o tema do Templo é retomado com a leitura do Novo Testamento (Hb. 9, 1-7). Essa Epístola nos apresenta o Templo e suas prescrições segundo a Lei, em vistas a acolher o Cristo. Ele será o Único Templo verdadeiro, pois o Corpo de Cristo é a Igreja que reúne todos os seus fiéis.

A Arca da Aliança
Nós vimos a importância da Arca nas Escrituras, sua entrada solene no Templo e seu lugar no “Santo dos Santos”, sob as asas dos Querubins. E, no entanto, Ezequiel, em sua visão profética, não restabeleceu a Arca.

De fato, após a restauração, no retorno da Babilônia, a Arca da Aliança não foi encontrada. Para nós, esse fato não é fortuito e concorda com o sentido da Festa. A Arca continha o dom de Deus: a Lei e o Maná. Agora, uma Arca viva vai conter mais que o dom, mas o próprio Deus: o Verbo feito carne, o Pão Celeste. Aí está todo o sentido de nossa Festa: Maria entra no Templo como a Arca reencontrada, e seu lugar é no “Santo dos Santos”.

Arca viva da esperança de Deus,
Jamais tocada por mão carnal,
Mãe de Deus,
Que os fiéis te cantem sem cessar,
Na alegria, a palavra do anjo:
“Virgem Pura, Tu és em verdade
O ápice da criação”
(Hirmos da 9ª Ode, tom 4)

Os Querubins que recobriam a Arca com suas asas, estão presentes no canto litúrgico e aclamam a entrada de Maria no Templo:

À entrada da Toda Pura,
Os anjos se maravilham:
“Como entra a Virgem
no Santo dos Santos?”
(Versículo da 9ª Ode)

A espera do Messias
A Igreja escolheu coloca essa Festa no início do Advento, período onde nós revivemos a espera do Messias pelo Povo Judeu. Maria representa toda Israel, Ela engloba em Sua pessoa, a espera, Ela realiza a Promessa.

Verdadeiramente é digno e justo
Que te bendigamos
Ó Bem Aventurada Mãe de Deus!
Tu mais venerável que os Querubins
E, incomparavelmente mais gloriosa que os Serafins,
Desta à luz o Verbo de Deus
Conservando intacta a glória da Tua virgindade.
Nós Te glorificamos
Ò Mãe do Nosso Deus
(Hino cantado na Liturgia de São João Crisóstomo e repetido em cada celebração)