“A Ortodoxia manifesta-se, não dá prova de si”

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quarta-feira, 21 de novembro de 2007

O Sacerdócio Ministerial: A ordenação dos Bispos

1. O Bispo
São Paulo assim escrevia a Timóteo, sua primeira carta que lhe dirigiu: : “Não negligencies o dom espiritual que há em ti, que foi conferido por uma intervenção profética acompanhada da imposição das mãos do Colégio dos anciãos” (1Tm.4,14). E numa segunda carta dirá: “Convido-te a reanimar o dom que Deus depôs em ti pela imposição de minhas mãos”(2Tm.1,6).

Ele confia a este mesmo Timóteo a tarefa de ordenar, por sua vez, os anciãos (“Não te apresses em impor as mãos” - 1Tm.5,22) e confiar-lhes o ensinamento dos Apóstolos: “Aquilo que aprendeste de mim, confiai-o a homens seguros, capazes de, por sua vez, instruir outros!” (2Tm.2,2). E roga a Timóteo que “permaneça em Éfeso” (1Tm.1,3) para realizar esta missão.

Temos assim no Novo Testamento, na pessoa de Timóteo, o exemplo vivo daquilo que a geração que seguirá os Apóstolos - a dos “Pais Apostólicos" - chamará de bispo.

E o que vem a ser um bispo?

São Justino (morto em 155) diz-nos que o bispo é aquele que preside a Assembléia eucarística (Proestos). Portanto, na cidade onde mora, ele tem, três funções:


  • É encarregado de conduzir o povo de Deus para o Reino, como Moisés o conduziu através do deserto para a Terra Prometida.

  • É encarregado de alimentar este povo com a Palavra de Verdade (“Aquilo que aprendeste de mim, confia-o a homens seguros, capazes, por sua vez, de instruir a outros”), de transmitir-lhe o ensinamento que os Apóstolos receberam de Cristo. É esta transmissão da Verdade de Cristo, da qual os bispos são fiadores, que se chama “Tradição Apostólica”. E a sucessão ininterrupta de bispos à frente da Igreja permanecendo fiel ao ensinamento dos Apóstolos chama-se “SUCESSÃO APOSTÓLICA”. Ela garante a unidade da Igreja através do tempo, religando pela proclamação da mesma verdade, da mesma palavra de Deus, umas às outras gerações sucessivas vivendo no mesmo lugar.

  • É encarregado de alimentar o povo de Deus com o Pão vindo do Céu que é distribuído pelos diáconos ao longo da Assembléia eucarística a que preside. A presença dos apóstolos à frente da Assembléia eucarística significa que trata-se, sim, da Assembléia fundada por Cristo e seus Apóstolos, quer dizer, da Igreja una, santa, católica e apostólica. O bispo que reúne todos os fiéis de um mesmo lugar para a comunhão no Corpo e no Sangue do mesmo Cristo deve, com efeito, estar ele próprio em comunhão com todos os outros bispos das igrejas reunindo-se em outros lugares: ele representa assim sua igreja junto a todas as outras e todas as outras junto a sua. O bispo é, assim, o fiador da unidade da Igreja através do espaço.
O bispo apareceu então como uma articulação essencial do Corpo de Cristo: assegura sua coesão através do tempo e do espaço. É por isso que Santo Inácio de Antioquia nos diz: “Lá onde está o Bispo, lá está a Igreja Católica”.

O Colégio dos Bispos tem, então, na Igreja, o lugar que era do Colégio dos doze Apóstolos: ele garante a “apostolicidade” da Igreja, quer dizer, a continuidade de sua vida, de sua missão e de seu ensinamento desde a época onde os próprios apóstolos a conduziam.

2) Os Concílios
Concílios são assembléias de bispos que se reúnem periodicamente em diversos níveis; devem reunir-se duas vezes por ano em cada região; reúnem-se a nível de cada país uma vez a cada três anos. Reúnem-se excepcionalmente a nível de mundo todo: então são os Concílios Ecumênicos. Não houve senão sete ao longo da história da Cristandade reconhecidos pela consciência da Igreja como verdadeiramente ecumênicos (Nicéia-325, Constantinopla-381, Éfeso-431, Calcedônia-451, Constantinopla-680, Nicéia-787). No entanto, mais frequentemente - e cada vez que uma doutrina falsa vinha perturbar a consciência dos fiéis e ameaçar distorcer a imagem de Cristo que a Igreja deve apresentar ao mundo, cada vez também que o bem do Corpo da Igreja o exigia - reuniram-se Concílios locais que permitiram à consciência da Igreja expressar a Verdade que habita nela.

Os Concílios têm por missão manifestar “a união das Santas Igrejas de Deus” expressando a unidade e a ORTODOXIA da fé na Igreja católica, a fim de que em todos os lugares e para sempre os cristãos acreditem naquilo que Cristo e seus Apóstolos ensinaram. Os concílios não constituem um governo; a Igreja não é um Estado; não há governo central da Igreja. A unidade da Igreja é a unidade da fé e de amor, uma visão comum da única Palavra de Deus, dada pelo Espírito Santo, quando este esclarece a consciência de todos, Ele cria o que se chama “a comunhão do Espírito Santo”.
"Boletim Interparopquial"