“A Ortodoxia manifesta-se, não dá prova de si”

ok

quinta-feira, 30 de julho de 2009

OrtoFoto

Montenegro
autor: Radmila Ostojic

terça-feira, 28 de julho de 2009

Patriarca Kiril, da Igreja Russa, recusa criação de igreja independente na Ucrânia

O patriarca russo rejeitou esta segunda-feira, em Kiev, os projetos de criação de uma igreja independente nesta ex-república soviética e apelou à unidade dos ortodoxos russos e ucranianos. Kirill está pela primeira visita à Ucrânia enquanto patriarca russo, país que conta com a segunda maior comunidade ortodoxa do mundo.

No primeiro de 10 dias de viagem pelo país o patriarca celebrou, na capital, uma liturgia. O serviço religioso decorreu junto da estátua do príncipe Vladimir, responsável pela implantação do cristianismo na região há mais de mil anos.

Na Ucrânia, em 1991, foi criada uma igreja ortodoxa independente mas que não é reconhecida no mundo ortodoxo, principalmente devido à oposição do topo da hierarquia clerical russa.

Fonte: euronews - France

quinta-feira, 23 de julho de 2009

OrtoFoto

Sérvia
autor: Vladimir Popović

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Mosteiro de São Nicolau - Conde, João Pessoa, Paraíba



Para informações sobre o Mosteiro de São Nicolau contatar:
Arquimandrita Jerônimo - arq.jeronimo@hotmail.com
Caixa Postal 142 - Agência Central
CEP: 58001-970 - João Pessoa – Paraíba
Telefone: (83) 3234.0617

Festa da Missão dos Apóstolos São Pedro e São Paulo – Pipiri, Paraíba

No dia 12 de julho, festa dos santos Apóstolo Pedro e Paulo, com a presença de dezenas de fiéis e simpatizantes, foi celebrada a Sagrada Liturgia pontificada pelos hierarcas da Igreja Ortodoxa do Brasil, o Sr. Dom Chrisóstomo e o Sr. Dom Ambrósio, com assistência do Arquimandrita Jerônimo do Mosteiro de São Nicolau e do Presbítero Marcos da Catedral da Santíssima Virgem Maria do Rio de Janeiro.

Na ocasião foi ordenado diácono o Sr. Emiliano e sub-diácono o Sr. George.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

“Nascimento e primeiros desdobramentos do monaquismo”

A expressão monakós (= único, só) tem uma longa história que remonta a Platão. No âmbito cristão, o termo é encontrado no Evangelho de Tomé (c. 150), onde tem um caráter filosófico. Provavelmente na mesma época surgiu nas comunidades da Síria uma denominação de igual significado para designar os ascetas: o ihidaya, o único, o particular, o discípulo ao qual é atribuído o mesmo título de Cristo: monoghenés. Jesus é o monoghenés, e o discípulo que vive os trópous Kyríou (= os modos de vida do Senhor) torna-se também ele “único”.

Por volta de 330, pela primeira vez Eusébio atribui aos monges o título de monoghenéis, o mesmo de Cristo (com. sobre salmo 68,7). São eles os que vivem na total semelhança com Cristo. Evidentemente, no início não existiam estruturas constituídas.

A primeira expressão de vida “monástica” é a do eremita ou anacoreta. Como declara Jerônimo, “são anacoretas os que vivem sozinhos nos desertos e recebem esse nome pelo fato de terem se retirado para longe dos homens” (Carta 22,34). Originalmente, o verbo grego anakoréo (= retirar-se) significa a fuga para o deserto por parte dos devedores insolventes. Mas Jerônimo atesta um uso “batizado” da palavra.

Embora se possam documentar vestígios de anacoretismo já por volta de meados do século III, parece que essa forma ascética desenvolveu-se graças à contribuição maciças ao cristianismo, típicas do século IV, com a conseqüente diminuição do fervor espiritual e a necessidade de fugir as seduções de uma sociedade que a nova religião não transformara. Observa-se no anacoretismo cristão uma tendência de reação e uma necessidade de fuga das cidades, consideradas lugar de pecado.

Os anacoretas distinguiam-se por seu isolamento quase total, por abstinência sexual, penitências, trabalho manual e ausência de um superior. Para Jerônimo, “quem insistiu nesse tipo de vida foi Paulo, quem lhe deu brilho foi Antão e, indo mais atrás, seu promotor foi João Batista”. (Carta 22,36). À parte estas afirmações, a questão sobre a origem da vida anacorética permanece insolúvel depois, como por falta de fontes. É possível demonstrar, porém, a rápida difusão dessa forma ascética no Egito, na Palestina, na Síria e na Ásia Menor. Fase primitiva do monaquismo cristã ao qual se seguirá a vida cenobítica ou associada, o anacoretismo carrega a marca da terra de origem e assume formas comportamentais diferentes. Os diversos gêneros desse tipo de vida encontraram adeptos não apenas entre os homens, mas também entre as mulheres. Teodoro de Ciro, na História dos monges (29-30), lembra três delas : Marana, Cira, Domina. Sabe-se que anacoretismo exerceu grande influência sobre a espiritualidade sucessiva, inclusive por causa do caráter “heróico” de suas expressões.

Já ressaltamos que, cronologicamente, a experiência de isolamento precedeu a cenobítica (koinós bíos – vida comum). Esta passou a se impor depois, como conseqüência do fato de que a um anacoreta famoso se associam discípulos, desejosos de partilhar sua vida.

Considerando os riscos inerentes a uma vida solitária e as vantagens provenientes de uma vida associada, Pacômio (c. 292-347), depois de uma experiência pessoal e vida eremítica, criou o cenobitismo, caracterizado pela convivência na total partilha dos bens e na oração comum, n observância da mesma regra, no trabalho manual e na obediência absolta ao abade.

Ele fundou a primeira comunidade em 323, em Tabernnesis, no Alto Egito. Em pouco mais de vinte anos, as fundações pacomianas, regida por uma Regra de 194 artigos, compreendiam nove mosteiros masculinos e dois femininos. A experiência inovadora de Pacômio, embora animada pela moderação e pela prudência, não era imune aos risco inerentes a comunidades numericamente cada vez maiores.

Não podemos esquecer aqui a pessoas de Antão (+ c. 355), que, depois de um período de vida anacorética, tornou-se “pai” de alguns pequenos mosteiros que a ele se ligavam. Sua biografia, escrita pelo bispo Atanásio de Alexandria, passou a valer como norma nas expressões subseqüentes de vida monástica.

As formas cenobíticas já existentes seriam corrigidas e aperfeiçoadas por Basílio de Cesaréia (c. 330-379), que se valeu das experiências monásticas anteriores. Convencido que somente a vida cenobítica garantia o exercício da caridade, ele assentou a convivência comunitária num tipo de relação de amizade. “Coabitar” - declarará nas Regulae fusius tractatae VII, 4 - “constitui um campo de prova, um belo caminho de progresso, um contínuo exercício, uma ininterrupta meditaçã dos preceitos do Senhor. E o objetivo dessa vida comum é a glória de Deus... Esse gênero de vida comum está de acordo com o que levavam os santos lembrados nos Atos dos Apóstolos: os fiéis mantinham-se unios e possuíam tudo em comum”.

De acordo com essa visão, Basílio limitou o número de monges que viviam juntos e fz com que os mosteiros tivessem maior participação no contexto social e eclesial, agregando a eles escolas, asilos e orfanatos. Redimensionou também o compromisso de trabalho manual, garantindo mais tempo pra a oração e o estudo.

As experiências cenobíticas orientais encontraram rápida e mpl difusão no Ocidente nos séculos IV e V. Foi Jerônimo (c. 347-419) quem propagou essa forma de ascese. Mas não devemos esquecer as contribuições originais oferecidas por Martinho de Tours, que, mesmo sendo bispo (370-371), manteve vida comum com os seus discípulos.

Na África, Agostinho fundou um mosteiro episcopal (395) que seguia uma Regra preparada por ele (Carta 211). Por volta de 400, Honorato instituiu o célebre mosteiro de Lérins, e João Cassiano (360-c.430), que com suas obras pôs o Ocidente em contato com o cenobitismo oriental, criou dois mosteiros em Marselha.

O assentamento diversificado dessas formas cenobíticas no Ocidente encontrará uma síntese original na Regra de são Bento (+ c. 547), que, assimilando o pensamento pacomiano e a experiência basilina, acabará se impondo sobre as outras formas de vida religiosa associada com a definição dos papéis de cada um, a sólida organização interna e a inserção na Igreja local.

Depois dessa breve exposição do quadro histórico, podemos perguntar se existe uma “espiritualidade monástica originária”. G. M. Columbas declara a respeito: “Os grandes Padres, legisladores teóricos da vida monástica em suas origens e em seu desenvolvimento, não indicaram a seus discípulos outro objetivo de santidade senão o indicado a todos os cristãos pela Igreja nem mostraram outro caminho para cegar a ele senão a do Evangelho”.

Não se trata de uma espiritualidade reservada a uma elite, nem os monges querem ser um grupo esotérico, uma espécie de gnósticos. A vocação monástica só pode ser entendida como uma confirmação e um aprofundamento consciente das promessas batismais que o monge decide observar e modo radical.

Se não há uma perfeição reservada aos monges, mas a única perfeição evangélica é apontada para todos, sejam eles leigos ou monges, é claro a estes se dirige o duplo preceito do amor de Deus sobre todas as coisas e o do amor ao próximo sobre si mesmos. No interior desse ideal há, porém, arquétipos ou “idéias-força” que exerceram maior ou menor influência sobre as diversas fomas de vida monásticas e sobre a sua espiritualidade. Basta lembrar o ideal da vida como imitação de Cristo, como imitação da primitiva comunidade apresentada nos Atos (2,44-45); (4,32-34), a assunção da vida ascética como substituta do martírio, a vida monástica como batalha contra o demônio, a migração ascética e o êxodo espiritual, a imitação da vida angélica, o retorno a inocência de Adão, a espera vigilante da parusia, a vida como ideal filosófico. Esses diversos arquétipos mostram a rica variedade do ideal monástico; uma diversidade que não altera absolutamente a unidade essencial: o monge é aquele que, sob diferentes formas, busca o conhecimento, a adoração e o serviço de Deus.

Introdução à Teologia Patrística
Luigi Padovese

OrtoFoto

Rússia
autor: Hongor

domingo, 12 de julho de 2009

Santos Gloriosos e Omnilouváveis Proto-Corifes dos Apóstolos, Pedro e Paulo (+ 67) - 29jun/12jul


No tempo após o Pentecostes consideramos algumas festas liturgicamente secundárias. Voltemos agora às três grandes festas deste período. A primeira pela data (29 de junho/12 de julho) é a dos Apóstolos Pedro e Paulo. Existe um estreito laço espiritual entre esta festa e a do Pentecostes, pois o testemunho dos apóstolos é o fruto direto da descida do Espírito Santo sobre eles. A importância da festa de São Pedro e São Paulo no ciclo litúrgico bizantino é indicada pelo fato de uma quaresma especial - chamada de “quaresma dos apóstolos” - prepara os fiéis para esta solenidade. Este período de jejum começa na 2ª feira que se segue ao 1º domingo após o Pentecostes e termina no dia 28 de junho/11 de julho.

“Exaltemos Pedro e Paulo, estes dois luzeiros da Igreja pois eles brilham no firmamento da fé...” Assim cantamos nas vésperas da festa, na noite de 28 de junho. Nas matinas como nas vésperas os hinos parecem partilhar igualmente o louvor entre os dois apóstolos, a quem nos dirigimos um a cada vez. Entretanto o evangelho lido nas matinas trata especialmente sobre o apóstolo Pedro. Aí ouvimos nosso Senhor (Jo. 21,14-25) perguntar três vezes a Pedro: “Tu me amas?”. Na primeira vez Jesus diz: “Tu me amas mais do que estes?” Três vezes Pedro responde com uma humildade às vezes triste e às vezes chorosa: “Sim, Senhor, Tu sabes que Te amo”. E três vezes Jesus lhe diz para apascentar o rebanho do Bom Pastor: “Apascenta os meus cordeiros... apascenta as minhas ovelhas...” Depois Jesus prediz a Pedro de maneira velada “o gênero de morte pelo qual Pedro devia glorificar a Deus”. Este evangelho tem duas coisas para nos dizer. Primeiro, coloca claramente a pergunta única, pergunta que temos e que teremos que responder: “Tu me amas?” Tudo, na vida cristã, se reduz a esta pergunta. Podemos nós responder como Pedro: “Sim, Senhor, Tu sabes que Te amo?” Não seriam nossas ações um lamentável desmentido desta afirmação? Entretanto responder simplesmente que não amamos o Senhor seria desconhecer e sufocar as aspirações - por mais fracas que sejam - que o Espírito Santo põe em nossos corações e dirige para Cristo. Digamos, então, a Jesus: “Senhor, Tu sabes tudo, Tu sabes que Te amo. Não espero nada de mim; espero tudo da Graça”. O segundo ensinamento dado por este evangelho concerne a natureza da autoridade na Igreja. O Senhor confere aqui a Pedro uma autoridade especial. Percebemos primeiro que esta autoridade está fundamentada sobre uma primazia do amor - “tu me amas mais do estes?” - e em seguida que ela consiste em um serviço humilde e desinteressado - “apascenta minhas ovelhas...”. Entre cristãos toda preeminência que não for uma preeminência de amor e de serviço não corresponde às intenções de nosso Senhor. Toda autoridade que, na Igreja, se expressasse em termos de prestígio ou de posse material ou de domínio tornar-se-ia estranha e hostil à solicitude verdadeiramente pastoral à qual Jesus chama Pedro para participar. Sobre estas palavras do Senhor a Pedro serão julgados todos aqueles que reivindicam uma autoridade no seio da comunidade dos fiéis.

A liturgia de 29 de junho/ 12 de julho manifesta, pelos textos que nos faz ouvir, o quanto o ministério de Pedro e o de Paulo são todos dois necessários e complementares. O evangelho (Mt.16,13-19) contém a confissão de Pedro em Cesaréia de Filipos: “Tu és o Cristo, Filho de Deus vivo...” e a resposta de Jesus: “Tu és Pedro, e sobre esta pedra construirei minha Igreja, e as Portas do Inferno não prevalecerão contra ela. E eu te darei as chaves do reino dos céus; e tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus”. Este texto levantou muitas controvérsias. Mas permanece certo que Jesus quis reconhecer e sancionar pela concessão de um poder espiritual eminente, o ato de Fé que Pedro acabava de formular. A epístola (2Co.11,21-12;9) - da qual ouvimos a maior parte no 19º domingo após o Pentecostes - enumera os títulos de Paulo, chamado diretamente ao apostolado por Cristo, foi considerado como igual ou mesmo superior em autoridade aos ministros do Evangelho já regularmente instituídos e reconhecidos: “Eles são ministros de Cristo?...Eu, mais do que eles...” Paulo fundamenta esta afirmação de um lado pelos sofrimentos que enfrentou, de outro pelas graças e revelações que lhe foram concedidas. Um estudo atento das relações dele com os Onze pode ensinar-nos muito sobre a questão da autoridade na Igreja. Paulo nunca levantou-se contra o elemento institucional representado pelo apostolado “histórico” dos Onze. Ele recebeu a imposição de mãos daqueles que já eram reconhecidos como possuindo o Espírito Santo. Ele submeteu à aprovação da Igreja reunida em Jerusalém seus próprios métodos de apostolado. Mas jamais admitiu nem que sua vocação extraordinária fosse inferior à vocação normal dos outros apóstolos, nem que seu conhecimento de Cristo, todo espiritual e recebido pela graça, fosse menor que o conhecimento que tinham de Jesus os seus primeiros discípulos; nem que ele devesse sacrificar suas próprias convicções face ao mais autorizado dos apóstolos: “quando Cefas veio a Antioquia, resisti-lhe em face, porque ele estava errado”. Quanto mais a Igreja for dominada pelo Espírito Santo, mais ela ultrapassará toda tensão entre autoridade regularmente adquirida e a liberdade espiritual. Uma síntese deve estabelecer-se entre a tradição e a inspiração. Pedro e Paulo não podem ser separados; e é por isso que a Igreja os comemora no mesmo dia. Digamos com ela: “Rejubila, ó Apóstolo Pedro, tu, o grande amigo do Mestre, Cristo nosso Deus. Rejubila bem amado Paulo, pregador da fé e doutor do universo. Por isso, intercedei junto a Cristo nosso Deus pela salvação de nossas almas”.

A Igreja quer associar todos os outros apóstolos à homenagem que ela presta a Pedro e Paulo. Assim, no dia 30 de junho, ela dedica à comemoração coletiva dos Doze. Como diz o Kondakion do dia: “... comemorando hoje a sua memória, nós glorificamos Aquele que os glorificou”.

Boletim Interparoquial, julho 2002
Extraído de “L’An de Grace du Seigneur” - Ed. du Cerf, 1988

sábado, 11 de julho de 2009

OrtoFoto

Rússia
autor: Hongor

sexta-feira, 10 de julho de 2009

"Os atributos de Deus: como eles são explicados nas Sagradas Escrituras e nos relatos dos Santos Padres"

As Escrituras Sagradas dão-nos uma elevada e unificada representação de Deus. Elas ensinam que Deus é único. Ele é o mais elevado, global e individual Ser; Deus é Espírito — eterno, bondoso, onisciente, justo, onipotente, onipresente, imutável, pleno e bem-aventurado. O Deus todo-poderoso não tendo necessidade de coisa alguma, criou do nada, através de Sua bondade, todo o mundo visível e invisível, inclusive os seres humanos. Antes da criação do mundo não existia nada, nem o espaço, nem o tempo. Um e outro surgiram juntos com o mundo. Deus, igual a um Pai amoroso, preocupa-se com o mundo como um todo e com cada ser por Ele criado — até mesmo com o menor de todos os seres. Ele dirige cada pessoa para a salvação eterna através de Seus caminhos misteriosos, porém, sem forçá-la, mas esclarecendo-a e ajudando-a a realizar suas boas intenções.

Nós vamos examinar agora, mais detalhadamente, vários atributos divinos mostrados nas Escrituras Sagradas e através dos Santos Padres da Igreja. Deus revela-se ao homem como um Ser completamente distinto do mundo físico, mais especificamente — como um Espírito. As Escrituras dizem: "Deus é Espírito e em espírito e verdade é que O devem adorar os que O adoram" (Jo 4:24). "Ora o Senhor é o Espírito e, onde está o Espírito do Senhor, aí está a liberdade" (2Cor 3:17). Em outras palavras, Deus é destituído de qualquer tipo de materialidade, corpo ou forma, pois essas características são inerentes aos seres humanos e até mesmo aos anjos que revelam em si somente a "imagem" da espiritualidade de Deus. Deus é o mais elevado, mais puro e mais perfeito Espírito. Deus revelou-Se ao profeta Moisés como: "Eu sou Aquele Que sou" (Êx 3:14), como a mais pura, espiritual e elevada Existência. Na verdade, encontramos às vezes nas Escrituras Sagradas algumas passagens, as quais descrevem Deus simbolicamente como tendo membros semelhantes aos dos seres humanos: ouvidos, olhos, braços e outros, denominando isso de antropomorfismo (semelhante aos humanos). Essas expressões são usadas para maior clareza, a fim de nos ajudar a visualizar uma aparência. Elas são encontradas, na maioria das vezes, nas partes poéticas das Escrituras Sagradas. Com essas expressões, as Escrituras têm em mente as propriedades espirituais correspondentes de Deus, como por exemplo: ouvidos e olhos simbolizam Sua orientação e direção para tudo (onisciente); mãos e braços simbolizam Seu poder de realizar tudo (onipotência) e o coração representa Seu amor.

Para a consciência contemporânea não é nenhuma questão tradicional, imaginar Deus como um Espírito puro, contudo o difundido panteísmo em nosso tempo contradiz essa verdade ("Deus é tudo e tudo é Deus" — uma forma de Divindade que está espalhada por toda a natureza sem uma característica definida e inconsciente, como por exemplo, o Budismo e algumas religiões orientais baseadas nessa idéia). Por essa razão, até hoje em dia ouvimos durante o "Ritual da Ortodoxia" celebrado no primeiro domingo da grande quaresma (Páscoa): "Para aqueles que dizem, que Deus não é Espírito, mas corpo — anátema".

Deus é eterno. A existência de Deus é atemporal, uma vez que o tempo é simplesmente uma forma de existência finita e mutável. (O tempo é considerado como a "quarta" dimensão na relatividade física. De acordo com a cosmologia moderna, espaço e tempo não são entes infinitos. Eles surgiram com o mundo e desaparecerão juntos com ele. Eles apareceram pela vontade de Deus e podem desaparecer ou tornar-se algo completamente diferente do que eles são agora). Para Deus não existe passado, nem futuro, mas somente o presente. "No princípio, Senhor, fundaste a terra, e os céus são obra das Tuas mãos. Eles perecerão, mas Tu permanecerás; todos eles envelhecerão como veste. E como roupa os mudarás, e serão mudados; Tu, porém, és sempre o mesmo, e os Teus anos não terão fim" (Sl 101:26-28). Muitos Santos Padres ressaltam a diferença entre o conceito de "eternidade" e "imortalidade". Eternidade é a força vital, não tendo começo, nem fim. "O conceito de eternidade pode somente ser aplicado para uma única essência Divina sem começo, na Qual tudo é sempre o mesmo e está sempre no mesmo estado. O conceito de imortalidade é atribuído àquele a quem foi dada a existência e que não morre, como por exemplo, aos anjos e a alma humana. Eternidade no sentido verdadeiro aplica-se somente para a essência Divina" (São Isidoro Pelusiote). Nesse sentido mais expressivo é "Deus pré-eterno".

Deus é bondoso, isto é, Ele é infinitamente generoso. As Escrituras testemunham: "O Senhor é compassivo e misericordioso, paciente e de muita misericórdia" (Sl 102:8). "Deus é caridade" (1Jo 4:16). A bondade de Deus não se estende para uma região limitada da terra, nem Seu amor característico é dirigido para determinados seres, mas ela se estende para o mundo todo e para todos os seres que nele se encontram. Ele se preocupa carinhosamente com a vida e com a necessidade de cada criatura, não importa quão pequena ou insignificante elas possam parecer para nós. São Gregório o Teólogo diz: "Se fosse perguntado a nós: A quem vocês honram e a quem vocês reverenciam? A resposta está pronta: Nós reverenciamos o amor". Deus concede as Suas criaturas tantas bênçãos, quantas cada uma possa aceitar, de acordo com sua natureza e condição e na medida em que isso corresponde à harmonia geral do mundo. Deus dá Sua graça especial aos seres humanos. "Deus é como uma ave-mãe, que vendo seu filhote caído do ninho, voa até ele para ampará-lo e levantá-lo, e quando ela o vê em perigo de ser engolido por alguma cobra, ela o sobrevoa com lamentosos pios assim como a todos seus outros filhotes, não sendo ela capaz de ser indiferente à perda de nenhum deles" (Clemente de Alexandria). "Deus ama-nos mais que um pai, mãe ou amigo, ou mais que qualquer outra pessoa que nos possa amar e até mesmo mais que nós próprios podemos nos amar, porque Ele se preocupa mais com nossa salvação do que com Sua própria glória; e como prova desse amor Ele enviou ao mundo (em forma humana) Seu Filho Unigênito para sofrimento e morte e somente para nos abrir o caminho da salvação e da vida eterna" (João Crisóstomo). Se a pessoa não compreende toda a força da graça de Deus e isso ocorre várias vezes, significa que ela focaliza demasiadamente seus pensamentos e desejos no bem-estar terreno, porém a Providência Divina procura mostrar-nos, que não devemos valorizar tanto os bens terrenos e temporários e nos chama a conquistar para nossas almas o bem eterno.

Deus é onisciente. "Não há nenhuma criatura invisível na Sua presença mas todas as coisas estão a nu e a descoberto, aos olhos Daquele de Quem falamos" (Hebr 4:13). O rei David escreveu: "Os Teus olhos viram-me, quando era ainda informe" (Sl 138:16). A onisciência de Deus é simultaneamente visão e conhecimento direto de tudo, atual e possível, o presente, o passado e o futuro. A própria previsão do futuro é na verdade uma visão espiritual, porque para Deus o futuro é o presente. A previdência de Deus não impede o livre arbítrio de Suas criaturas, assim como a liberdade de nosso próximo não é violada pelo fato de nós vermos suas ações. A previdência de Deus com relação ao mal no mundo e nas ações dos seres livres é no entanto coroada pela previsão da salvação do mundo, quando "E, quando tudo Lhe estiver sujeito, então ainda o mesmo Filho estará sujeito Àquele que sujeitou a Ele todas as coisas, a fim de que Deus seja tudo em todas as coisas" (1Cor 15:28).

A Sabedoria de Deus é o outro lado de Sua onisciência. "Grande é o nosso Senhor, e grande o Seu poder, e a Sua Sabedoria não tem limites" (Sl 146:5). Os Santos Padres da Igreja seguindo a palavra de Deus, apontavam sempre para a grandeza da Sabedoria Divina com profunda veneração, quando se referiam à ordenação do mundo visível, dedicando a esse assunto obras completas, como por exemplo: Discussões sobre os 6 dias, isto é, sobre o processo da criação do mundo (São Basílio "O grande", São João Crisóstomo, São Gregório de Nissa). "Uma erva ou uma folha de relva é o suficiente, para você ocupar todo seu pensamento com a investigação, de que maneira ela foi criada" (São Basílio "O grande").

Deus é justo. Justiça é compreendida na palavra de Deus e na sua linguagem habitual de duas maneiras: a) como sagrada e b) como justiça na defesa do bem. Justiça como sagrada consiste não somente na ausência do mal ou do pecado, mas é a presença do mais elevado valor espiritual, ligado com a pureza e com a ausência do pecado. Justiça como sagrada é comparada à luz, e Justiça Divina é como a mais pura luz. Deus é "O Único Sagrado" por essência, por Sua natureza. Ele é a Fonte do sagrado para os anjos e para os seres humanos. A justiça de Deus é um outro aspecto de Sua benevolência. "E Ele mesmo julgará toda a terra com eqüidade; julgará os povos com justiça" (Salmo 9:9). "Que há de dar a cada um segundo as suas obras" (Rom 2:6). "Porque diante de Deus, não há acepção de pessoas" (Rom 2:11).

Como pode o amor Divino ser coordenado com a verdade Divina durante o julgamento rigoroso dos pecados e o castigo do pecador? Muitos Santos Padres da Igreja falaram abertamente sobre essa questão. Eles comparam a ira de Deus com a ira de um pai, que para fazer o filho desobediente voltar ao seu bom-senso, usa de medidas paternas punitivas, as quais ao mesmo tempo o entristece e o faz sofrer devido a irracionalidade do filho, sentindo compaixão por ele e pela angústia que lhe causou. Por essa razão a verdade de Deus é sempre a misericórdia e a misericórdia é a verdade, de acordo com a colocação: "A misericórdia e a verdade se encontraram; a justiça e a paz se oscularam" (Sl 84:11).

O sagrado e a verdade de Deus estão intimamente ligados entre si. Deus chama a todos ao Seu Reino para a vida eterna, porém, no Reino de Deus não pode entrar nada impuro e por essa razão o Senhor purifica-nos com castigos como atos de repreensão pelo amor que Ele tem por nós, pois um tribunal de justiça aguarda-nos, um tribunal que é temível para nós. Como poderíamos entrar em um reino sagrado e de luz e como nos sentiríamos nesse reino, sendo impuros e obscuros e não tendo dentro de nós o sagrado e nenhum valor espiritual ou moral favorável?

Deus é onipotente. "Porque Ele disse, e foi feito; mandou, e foi criado" (Sl 32:9), assim o autor do salmo expressa-se sobre a onipotência de Deus. Deus é o Criador e o Provedor do mundo. Ele é o Todo-Poderoso. "Bendito seja o Senhor Deus de Israel; é só Ele que faz maravilhas" (Sl 71:18). Se Deus suporta o mal e os maus no mundo, não é porque Ele não pode destruí-los, mas é porque Ele concedeu aos seres espirituais o livre arbítrio e os orienta, a fim de que eles pela vontade própria rejeitem o mal e sejam mobilizados para o bem. (Considerando as questões ocasionais com relação ao que Deus "não pode" fazer, é necessário explicar, que a onipotência de Deus estende-se a tudo que é do anseio de Seus pensamentos, de Sua bondade e de Sua vontade).

Deus é onipresente. "Para onde irei a fim de me subtrair aoTeu espírito? E para onde fugirei da Tua presença? Se subo ao céu, Tu lá estás; se desço ao inferno, nele Te encontras. Se tomar asas ao romper da aurora, e for habitar no extremo do mar ainda lá me guiará a Tua mão, e me tomará a Tua direita" (Sl 138:7-10). Deus não tende a qualquer limitação de espaço, mas Ele penetra em tudo por Si só. Além disso, Deus como um Ser simples (indivisível) está presente em todo lugar não somente com uma parte de Si e não apenas com Sua força, mas Ele está presente com todo Seu Ser, enquanto que ao mesmo tempo não se une com aquilo, no qual Ele está presente. "Deus penetra em tudo, não Se une com nada e nada penetra Nele" (João Damasceno).

Deus é imutável. "Toda a dádiva excelente e todo o dom perfeito vem do alto e descende do Pai das luzes, no Qual não há mudança, nem sombra de vicissitude" (Tg 1:17). Deus é perfeição, e como cada mudança é um sinal de imperfeição, ela não pode ser admitida no Ser perfeito. O que não se pode dizer sobre Deus, é que Nele ocorra qualquer tipo de processo de crescimento, mudança de aparência, evolução, progresso ou qualquer coisa desse tipo. A imutabilidade de Deus não é uma imobilidade ou isolamento Consigo Próprio. Sua imutabilidade, Seu Ser é vida, cheio de força e ação. Deus Próprio em Si é vida e a vida é Sua existência.

Deus é pleno e bem-aventurado. Essas duas palavras têm significado semelhante. Pleno é uma palavra eslava e não pode ser compreendida como "satisfeito consigo mesmo". Ela significa o domínio de tudo, o tesouro absoluto, a plenitude de todas as graças. "Deus, que fez o mundo e tudo o que nele há, sendo Ele o Senhor do céu e da terra, não habita em templos feitos pelos homens, nem é servido pelas mãos dos homens, como se necessitasse de alguma coisa, Ele que dá a todos a vida, a respiração e todas as coisas" (At 17:24-25). Desse modo, o Próprio Deus apresenta-se como a fonte de toda a vida, de todo o bem. Todas as criaturas recebem Dele graças.

O apóstolo Paulo chama Deus de "bem-aventurado" por duas vezes em sua carta "A qual é segundo o Evangelho da glória de Deus bem-aventurado, o qual me foi confiado" (1Tim 1:11). "A qual mostrará, a seu tempo, o bem-aventurado e o único poderoso, o Rei dos reis e Senhor dos senhores" (1Tim 6:15). A palavra "bem-aventurado" não deve ser entendida como Deus tendo tudo em Si-mesmo é indiferente aos sofrimentos no mundo por Ele criado, mas deve ser comprendida como todos os seres recebem Dele e Nele suas bem-aventuranças. Deus não sofre, mas é misericordioso. "Cristo sofre como um mortal" (cânone de Páscoa) não pela Sua Divindade, mas pela Sua humanidade. Deus é a Fonte da bem-aventurança, Nele está a plenitude da alegria, a satisfação e o prazer para todos aqueles que O amam, como é dito no Salmo 15:11 " Mostraste-me as sendas da vida, a plenitude da alegria comTua presença, as eternas delícias a Tua destra".

Uma coisa deve ser observada, que as Escrituras Sagradas e os Santos Padres da Igreja falam primeiramente dos atributos de Deus e não da essência atual de Deus. Os Santos Padres falam raramente e apenas indiretamente sobre a natureza de Deus, explicando que a essência de Deus é "Una, Simples e Descomplicada". Mas essa simplicidade e essa falta de complexidade não é um todo indiferente ou vazio, mas ela contem em si a plenitude de Seus atributos. "Deus é um mar de essência, imensurável e ilimitado" (São Gregório o Teólogo). "Deus é a plenitude de todas as qualidades e perfeições em sua forma mais elevada e infinita" (São Basílio "O grande"). "Deus é simples e descomplicado. Ele é todo sentimento, todo espírito, todo pensamento, toda mente e toda fonte de todas as graças" (Irineu de Lion).

Os Santos Padres ressaltam que as multiplicidades dos atributos de Deus em vista da simplicidade do Ser é o resultado de nossa incapacidade de encontrar uma maneira simples para observar o que é Divino. Em Deus, um atributo é a faceta do outro. Deus é justo, isto significa que Ele é onisciente, onipotente, bom e bem-aventurado. A infinita simplicidade de Deus é semelhante à luz do sol, que se revela nas várias cores do arco-íris.

Os Santos Padres e as orações litúrgicas usam predominantemente na identificação dos atributos de Deus expressões gramaticalmente organizadas na forma negativa, usando as partículas "não" ou o prefixo "des". No entanto, temos que lembrar uma coisa, que essa forma negativa indica a "negação de limitações", como por exemplo, "não desconhecendo" ― significa "conhecendo". Dessa maneira, isso contém a afirmação da ilimitabilidade de Sua perfeição.

Além disso, nossos pensamentos falam sobre Deus 1) ou de Seu contraste para com o mundo, como por exemplo, Deus é Sem Começo, enquanto que o mundo teve um começo; Deus é eterno, enquanto que o mundo é temporário; 2) ou das ações de Deus no mundo e Seu relacionamento para com Suas criaturas (Criador, Provedor, Misericordioso, Juiz Justo).

Mesmo que nós ressaltemos os atributos de Deus, não conseguimos dar uma definição precisa para compreendê-Lo. Semelhante definição é em essência impossível, porque em qualquer definição há uma indicação de limites e portanto uma indicação de incompletude. Para Deus não há limites, portanto, não pode haver uma definição da compreensão de Deus. "Pois até mesmo a compreensão é uma forma de limitação" (São Gregório o Teólogo).

Bispo Alexander (Mileant)

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Mais de cem teólogos de várias partes do mundo se reunirão em Creta

Genebra - Suíça, 08 de Julho de 2009 [Ortodoxia.org] — A Academia Ortodoxa de Kolymapari, Creta - Grécia, sediará um encontro da Comissão Plenária de Fé e Constituição, do Conselho Mundial de Igrejas (CMI), no período de 07 a 14 de outubro do corrente ano. Mais de cem teólogos e teólogas de todas as tradições cristãs estudarão sobre qual é a missão das igrejas no mundo e como adotar decisões sobre questões teológicas, ecumênicas e morais. Em entrevista, Dr. John Gibaut, Diretor da Comissão Plenária de Fé e Constituição, afirmou que este acontecimento promete ser um marco no diálogo ecumênico. Durante as reuniões, a Comissão Plenária de Fé Constituição (conhecida como o fórum de diálogo teológico mais amplo) examinará três temas importantes: O que significa ser igreja? Fontes de Autoridade; e Discernimento moral.

fonte: Ecclesia news

1º Encontro para Reflexão sobre "Ortodoxia e Modernidade"

No último domingo, dia 28.06.09, Sua Exa. Revma. Arcebispo Dom Chrisóstomo, arcebispo ortodoxo da Igreja do Brasil, jurisdição da Igreja Ortodoxa Autocéfala da Polônia visitou a Catedral Ortodoxa de São Nicolau, do Patriarcado de Antioquia e co-celebrou a Divina Liturgia, juntamente com o Arquimandrita Ignátio e o Padre Marcelo. Foi um dia de grande alegria para aquela comunidade, que recebeu de braços abertos o Arcebispo Dom Chrisóstomo, fraterno companheiro e irmão de fé.

Após a celebração foi realizado o 1º Encontro para Reflexão sobre "Ortodoxia e Modernidade”, onde o arcebispo Chrisóstomo falou para uma platéia atenta e contou como se deu a sua trajetória pela ortodoxia, desde o despertar de sua fé até os dias de hoje, em que comanda a Igreja Ortodoxa do Brasil, de jurisdição polonesa. Dom Chrisóstomo ressaltou a importância da Igreja dialogar com os seus fiéis de modo a que eles possam bem compreender a mensagem do Cristo. Para que isso seja possível, reafirmou que a Igreja deve estar próxima da realidade de seus fiés, celebrando os rituais na língua nacional e, principalmente, buscando entender o modo de vida peculiar de cada comunidade. Ao final de sua palestra, Dom Chrisóstomo respondeu a perguntas dos fiéis e recebeu como agradecimento pelas suas palavras e atenção um ícone de Nossa Senhora. Em seguida toda a comunidade se confraternizou no tradicional café da manhã dominical.

Para conhecer o site da União da Juventude Ortodoxa do Rio de Janeiro: ujortodoxa.blogspot.com

quarta-feira, 8 de julho de 2009

OrtoFoto

Bulgária
autor: Vladimir Evstatiev

terça-feira, 7 de julho de 2009

Grande Festa do Nascimento de São João, Profeta, Precursor e Batista de Nosso Senhor Jesus Cristo – 24 jun/07 jul

No dia 24 junho/07 julho comemora-se a natividade de São João Batista, Profeta e Precursor.

Seis meses antes da aparição à Santíssima Virgem Maria em Nazaré, Gabriel, Arcanjo do Senhor, apareceu para Zacarias o Sumo Sacerdote no templo de Jerusalém. Antes de revelar a miraculosa concepção por uma virgem que não havia conhecido homem, o Arcanjo revelou a maravilhosa concepção por uma mulher velha e estéril. Zacarias foi incapaz de acreditar de imediato nas palavras do arauto de Deus, e por isso sua língua foi posta em mudez e assim permaneceu até oito dias após o nascimento de João. Nesse dia reuniram-se os parentes de Zacarias e Isabel para a circuncisão da criança e escolha de seu nome. Quando perguntaram ao pai como ele queria que o filho chamasse, ele, estando ainda mudo escreveu numa lousa: “João”. Nesse instante sua língua foi liberada e ele voltou a falar. A casa de Zacarias era nas colinas entre Belém e Hebron. A notícia da aparição do Arcanjo a Zacarias, de sua mudez e da liberação de sua língua no exato momento que ele escreveu “João”, foi espalhada por todo Israel, chegando aos ouvidos de Herodes. Assim, quando ele enviou homens, para matar todas as crianças em torno de Belém, ele também enviou homens para a casa da família de Zacarias nas montanhas, para matar João mas Isabel escondeu o menino a tempo. O Rei enraiveceu-se com esse fato, e enviou um executor ao templo para matar Zacarias (pois era o turno de Zacarias servir ao templo novamente). Zacarias foi morto entre o pátio e o templo, e seu sangue coagulou e solidificou-se nas lajes da pavimentação lá permanecendo como um testemunho permanente contra Herodes. Isabel escondeu-se com a criança numa caverna, onde morreu logo depois. O jovem João permaneceu no deserto sozinho, cuidado por Deus e Seus Anjos.

Boletim Interparoquial, julho de 2002

segunda-feira, 6 de julho de 2009

OrtoFoto

Rússia
autor: B.Bort

"O Centurião"

Domingo último ouvimos São Paulo dizer-nos que somos “justificados pela fé”. O evangelho do 4º domingo após o Pentecostes (Mt.8,5-13) mostra-nos que fé é esta que justifica. Um centurião romano, em Cafarnaum, obtém de Jesus a cura de seu servo doente. Esta cura é uma reposta ao ato de fé do centurião: “Vai, e como creste te seja feito...” O centurião não é um filho de Israel. Por outro lado, Jesus não lhe pede nenhuma profissão de uma fé intelectual; não o submete a nenhum teste doutrinal. E, contudo, é no centurião e não nos judeus os mais “ortodoxos” que Jesus encontra a fé que Ele deseja: “Em verdade vos digo que nem mesmo em Israel encontrei tanta fé...”. Em que consiste a fé vivida, a fé salvífica do centurião? Ela não se identifica nem à adesão a um dogma, nem à realização de um rito ou de um preceito legal. Ele é, antes de tudo, fundamentada sobre uma profunda humildade: “Senhor... não sou digno que entres sob meu teto...” pois ela é toda voltada para a palavra do Senhor: “...mas diz uma só palavra...”. A palavra do Senhor, aqui, não é somente recebida com respeito e fé, mas também é desejada, buscada, como um princípio de fé e de salvação. Aquela palavra pela qual o centurião espera com todo o seu ser, ele não a coloca numa esfera “religiosa”, estranha à vida cotidiana. “Diz somente uma palavra e meu servo será curado”. O centurião crê que a palavra de Jesus vai entrar em sua vida, irromper entre as realidades domésticas e operar um resultado definido. Enfim, a fé do centurião é uma disposição de obediência. “Eu sou homem sob autoridade”, diz o centurião: comando soldados e servos; o que lhes ordeno fazerem, eles fazem. Ele próprio está sob as ordens de oficiais superiores e executa as ordens deles. Portanto, acha natural que Jesus ordene e que suas ordens sejam imediatamente realizadas. Ele espera a ordem de Jesus. Esta é a fé do centurião, a fé que Jesus elogia. E esta é a fé que Jesus pede de nós: um dom confiante de todo o nosso ser na palavra que salva e que faz viver. Esta fé não exclui nem uma crença precisa nas verdades reveladas, nem uma prática exata da lei divina. Mas uma fé que fosse somente uma crença ou uma prática, sem o elã interior que leva o centurião até Jesus, seria uma fé morta. A fé viva do centurião - “um subalterno”- implica uma submissão da vontade à palavra de Jesus; no momento em que o centurião dirige seu pedido a Nosso Senhor, coloca-se sob Sua autoridade, “entre as suas mãos”. Devo, eu também, tornar-me um “subalterno”, um homem que, tendo colocado toda a sua vida sob a direção do Senhor, encontra a cada instante, nesta obediência e nesta confiança, a segurança e a certeza que aqueles que são regra para si mesmos ignoram.

A espístola deste domingo (Rm.6,18-23) é, também, um comentário sobre a verdadeira natureza da justificação pela fé (sem que, aliás, a Igreja tenha buscado estabelecer uma concordância entre a epístola e o evangelho deste dia). São Paulo continua a expor aos Romanos o que é a nossa justiça em Cristo. “...Pois se outrora oferecestes vossos membros à impureza, oferecei-vos hoje igualmente à justiça para santificar-vos... libertos do pecado... fortificai para a santidade”. Somos justificados pela fé, mas a fé não é nada se não transformar a nossa vida, se ela não der frutos, se não conduzir à santidade. A justificação não deve estar separada da santificação. “Santidade”: São Paulo não exita em colocar esta grande palavra, esta grande coisa, diante do conjunto da comunidade de Roma; ele considera a santidade como natural do cristão, como acessível a todos os fiéis. Para ele, a santidade não consiste em explorações ascéticas extraordinárias: o “santificai para a santidade” é simplesmente o serviço atento a Deus, a conformidade de nossa vontade à Sua.

Extraído de L’An de Grâce du Seigneur, Ed. du Cerf - 1988
Boleim Intrerparoquial, julho 2002

quarta-feira, 1 de julho de 2009

OrtoFoto

Rússia
autor: Hongor