“A Ortodoxia manifesta-se, não dá prova de si”

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quinta-feira, 17 de julho de 2008

Oração de São Simeão o Novo Teólogo

De lábios imundos, de um coração impuro, de uma língua profanada e de uma alma maculada acolhe a oração, ó meu Cristo. Não me repulses em virtudes de minhas palavras e de minhas ações, nem mesmo porque não sei mais rugir. Antes, concede-me de Te dizer em toda a confiança o que desejo, ó meu Cristo; ou ainda, ensina-me o que devo dizer e fazer. Eu Te ofendi mais que a pecadora, ela que conhecendo onde Te encontravas, compra mirra e ousa vir ungir os Teus pés, ó meu Cristo, meu Senhor e meu Deus. Assim como não a repulsaste ao dirigir-se a Ti de todo o seu coração, não me afastes também, ó Verbo; dá-me os Teus pés para que eu os tenha, para que eu os beije e ouse banhá-los com minhas próprias lágrimas, no lugar de uma mirra preciosa. Lava-me com minhas lágrimas, purifica-me por elas, redime os meus pecados, e concede-me o perdão, ó Verbo. Tu conheces a multidão de minhas maldades, Tu sabes as minhas dores e vê as minhas feridas. Mas Tu conheces também minha fé, levas em conta o meu bem querer, e ouves os meus prantos. Nada Te é oculto, ó meu Deus, meu Criador e meu Redentor. Tu vês todas as minhas lágrimas, uma por uma e a menor parte de cada uma delas. O ato ainda não concluído Teus olhos já o conhecem, e o que ainda não realizado, sobre o Teu livro, já se encontra inscrito. Vê a minha humilhação, vê qual é a minha labuta, perdoa todos os meus pecados, ó Deus de todas as coisas, afim de que eu comungue aos Teus veneráveis e puríssimos Mistérios, com um coração puro, um espírito pleno de temor e uma alma contrita; pois aquele que Te come e Te bebe com um coração sem mancha é vivificado e divinizado. Tu disseste, em efeito, ó meu Mestre, “Aquele que come a Minha Carne e bebe o Meu Sangue permanece em Mim e Eu nele”. A palavra de meu Mestre é inteiramente verdade. Aquele que participa a estes dons divinos e deificantes, seguramente não mais está só, antes con’Tigo, ó meu Cristo, Tríplice Luz que ilumina o mundo. Afim de que eu não esteja mais só e nem separado de Ti, ó Doador da Vida, meu sopro, minha vida, meu júbilo, salvação do mundo, eu me aproximo de Ti, como vês, em lágrimas e com uma alma contrita. Concede-me o perdão das minhas faltas e faz-me participar, sem incorrer de condenação, aos Teus Mistérios vivificantes e imaculados afim de que, segundo a Tua palavra, permaneças em mim, três vezes infeliz que sou e que o enganador, encontrando-me excluído de Tua graça, não me tome perfidamente afastando-me de Tuas palavras deificantes. Eis porque eu me prostro diante de Ti e Te suplico humildemente: assim como acolheste o Filho Pródigo e a Pecadora que se aproximavam de Ti, recebe-me a mim, impuro e pródigo, com um coração contrito, ó Misericordioso. Eu o sei, ó Salvador, que ninguém pôde ofender-Te e nem pecar como eu o fiz. Mas, sei também que nem a gravidade de minhas faltas, nem a multidão de meus pecados, podem ultrapassar a grande paciência de meu Deus, bem como o Seu extremo amor pelos homens. Aqueles que ardem de arrependimento, Tu os purifica e tornando-os resplandecentes pelo óleo de Tua compaixão; Tu os fazes participar à Tua luz, e comungar à Tua divindade em plenitude, o que ultrapassa toda inteligência angélica ou humana; eis que geralmente Te relacionas com eles como que com Teus verdadeiros amigos: o que me torna audacioso, dando-me asas, ó meu Cristo. Confiando na riqueza de Teus benefícios, com júbilo e com temor juntamente, eu que sou palha recebo fogo, e milagre estranho, torno-me indizivelmente coberto de orvalho, como outrora a sarça que queimava sem ser consumida. Eis porque eu Te dou graças com o meu espírito e o meu coração, com todos os meus membros, com a minha alma e a minha carne, eu me prostro diante de Ti, ó meu Deus, e Te magnífico, Te exalto e Te glorifico, Tu que és bendito, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém.