“A Ortodoxia manifesta-se, não dá prova de si”

ok

segunda-feira, 19 de maio de 2008

"Palavras sobre a Santa Comunhão"

Por São Simeão o Novo Teólogo
Cada um de nós crê n’Aquele que é o Filho de Deus e Filho da sempre Virgem Maria, Mãe de Deus; por este ato de crer, nós recebemos com fé em nossos corações a palavra que Lhe concerne. À medida em que a proferimos pelos nossos lábios e, fazemos penitência, com toda a nossa alma pelos pecados anteriormente cometidos, esta palavra, que acolhemos quando a fé ortodoxa nos é ensinada, à imagem da Palavra do Pai, que sendo Deus, franqueia o seio da Virgem, assim também, em nós, encontra-se como uma pequena semente. Maravilha-te, então, ao ouvir este mistério temível e acolhe esta palavra digna de fé, com plena certeza e fé.

Nós não O concebemos corporalmente, tal como a Virgem Mãe O concebeu, mas, no entanto, de uma forma espiritual e plenamente real possuímos em nossos corações Aquele que a Virgem concebeu...

Por consequência, se nós cremos de toda a nossa alma e se nos arrependemos com fervor, nós concebemos o Verbo de Deus em nossos corações tal como a Virgem; se portarmos em nós, nossa alma virgem e pura. E assim tal como o fogo da divindade não pode consumir aquela que era Toda-Pura, assim também, se nós trouxermos o nosso coração puro e casto, ele não se consumirá, mas tornar-se-á em nós um orvalho celeste, uma fonte de água viva, uma torrente de vida eterna...

Mas, porque de uma vez por todas o Verbo de Deus encarnou da Virgem e d’Ela nasceu corporalmente, de uma maneira inexplicável e indizível é impossível que Ele encarne novamente em nós e seja engendrado corporalmente por cada um de nós. O que fazer então? Esta carne sem mácula que Ele tomou do seio puro da Puríssima Mãe de Deus, esta carne com a qual Ele foi posto no mundo, corporalmente, Ele a concede a nós em alimento, e quando nós saboreamos dignamente esta carne que é a Sua, nós cremos e temos em nós inteiramente o Deus encarnado, nosso Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus e da Virgem Maria, a Toda-Pura; Aquele que está sentado à destra de Deus Pai.

“Quem come a Minha carne e bebe o Meu sangue permanece em Mim e Eu nele” (Jo. 6,56), estas, são em efeito, palavras Suas. Não é mais segundo a carne que nós O reconhecemos entre nós, mas incorporalmente em nosso corpo, “misturado” à nossa essência e à nossa natureza de uma maneira inexprimível, Ele nos diviniza; nós nos tornamos “concorporais” a Ele e somos, doravante, “carne de Sua carne, e osso de Seus ossos” (Ef.5,29-31; cf.Gn.2,23).

Eis o maior mistério realizado em nós pela Sua economia indizível e Sua inexprimível condescendência. Tal é o mistério redutível que eu hesitava escrevê-lo e temia abordá-lo. Mas porque Deus quer que, incessantemente, o Seu Amor por nós seja revelado e manifestado, a fim de que contemplando com um grande respeito a Sua imensa bondade, nós sejamos, cada vez mais, levados a amá-Lo; eu mesmo, animado pelo Espírito Santo vos desvendo este mistério.
Tradução da Monja Rebeca
Mosteiro de São Pedro e São Paulo, Bósnia-Herzegovinia