No Santuário da Catedral de Uspenski, em Helsínquia, reina uma atmosfera calma e reverente. Neste local sagrado, encontram-se pequenos candeeiros que tremeluzem entre importantes ícones antigos que pendem das paredes e velas de cera que impregnam o ar com um odor a mel. As figuras sagradas do ícone que domina a sala olham do alto da sua armação dourada para as pessoas que se deslocam sobre o magnífico chão de mármore, com passos silenciosos e cautos.
A maior e mais famosa das igrejas ortodoxas da Finlândia é o tesouro da nossa herança espiritual. Nas suas paredes, mesas e armários, encontram-se dezenas de objetos valiosos: um belo altar decorado com ouro e pedras esplendorosamente pintados, candelabros com ícones em miniaturas neles primorosamente gravados.

Os tesouros da Igreja Ortodoxa Finlandesa, toda a propriedade cultural da nação, acrescentam um suavizante toque oriental e da mística bizantina à nossa herança europeia e nórdica. O interesse pela Igreja Ortodoxa e pela religião é muitas vezes despertado pela qualidade dos objetos.

No século XVI, a Reforma derrubou a Igreja Católica Romana na Finlândia, mas a Igreja Ortodoxa manteve uma base na Carélia. O Mosteiro de VaIamo, situado numa ilha do lago Ladoga, transformouse no seu centro mais importante. O Mosteiro de Konevitsa também teve a sua base aqui. Existiram cinco mosteiros na região de Kakisalmi e outro em Petsamo.
Nos anos 40, a fé ortodoxa foi espalhada pela Finlândia por refugiados da Carélia, que reforçaram as pequenas congregações já existentes. Mais de 50 000 finlandeses pertencem à Igreja Ortodoxa.

As congregações ortodoxas possuíam tesouros artísticos insubstituíveis, quase todos salvos da destruição durante a guerra e trazidos para a Finlândia. Os tesouros não estão preservados apenas na Catedral de Uspenski. O Mosteiro de Valamo alberga um ícone da Virgem de Konevitsa, o mais antigo da Finlândia. Diversas igrejas e o Museu da Igreja Ortodoxa, em Kuopio, exibem ícones a óleo maravilhosamente dourados.

Normalmente, quando abandonamos a Catedral de Uspenski, sentimo-nos como se tivesse-mos estado em contacto com a espiritualidade da Igreja Ortodoxa.
As palavras do patriarca grego S. Basílio, do século IV, adaptam-se perfeitamente a este templo:
« Aquilo que a palavra diz ao ouvido, oferece a arte silenciosamente em imagens.»