“A Ortodoxia manifesta-se, não dá prova de si”

ok

quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

"O desafio dos relacionamentos"

A vida cristã é deslocar-se pelo mundo. Atrás do cinza de nossas vidas nós não enxergamos e não percebemos a totalidade da nossa missão na Terra, a totalidade dos talentos dados a nós por Deus e não temos consciência até de nós mesmos. Os talentos de nossa alma permanecem não utilizados. Nós nos consideramos pouco significativos assim como as outras pessoas e dizemos: “Nós somos pessoas simples, normais, aonde nós teremos capacidade de fazer algo especial, uma vez que o mais importante é trabalhar para sobreviver.” Essa diminuição de si mesmo, muitas vezes enfraquece nossa força de vontade para agirmos — e apesar disso tudo, cada um de nós tem uma missão. Cada ser humano no mundo tem uma tarefa a executar, pois é um enviado de Deus na Terra. Nosso Senhor precisa de cada alma e cada um é responsável pela sua vida e não está livre de ser responsável pelos outros. A questão não está na nossa limitada capacidade, mas na falta de vontade de assumir a responsabilidade de si mesmo. Nós freqüentemente comentamos: “Isso não é problema meu, vou deixar os outros fazerem força, etc.” Com essas palavras nós transferimos a nossa responsabilidade para os outros e com isso também toda e qualquer culpa sobre eles, começando a julgá-los e com isso gerando conflitos.

Nossa vida externa em muito depende de nós mesmos. Em virtude de nossa missão na Terra, cada um tem influencia sobre os que o cercam e dessa forma na vida do mundo. Se a má vontade de uma certa forma neutraliza a força do bem, mais ainda a força de vontade livre do pecado, tem um significado enorme.

Nós diariamente relacionamo-nos com diferentes pessoas, e nestes relacionamentos podemos nos revelar num bom ou mau sentido. Infelizmente, nós freqüentemente não percebemos a luz e o bem que em nós se desenvolvem. Nossos talentos são obscurecidos pelo cinza de nossas vidas. Nós muitas vezes não conhecemos as preciosidades de nossa alma e por causa disso sobre a nossa alma desce um tipo de escurecimento. Pois para cumprirmos nossa missão, é necessário que se abra nossa visão interior, e somente assim nós enxergaremos em nossa alma aquelas riquezas que estão fechadas de nossa visão interna. Nós precisamos por nós mesmos descobrirmos estas preciosidades e ajudar aos outros para que também consigam fazer isto dentro deles. É exatamente por isso que é tão importante o relacionamento com os outros: ele torna-se para nós a escola de nossa salvação, de nossa força espiritual. Isolar-se evitando relacionar-se com as pessoas nem sempre é saudável para um cristão.

Vivendo isolado, o ser humano torna-se quase sempre empobrecido. Quanto mais ele isola-se das pessoas, mais ele torna-se pobre. Vivendo sozinhos nós nos desligamos da vida em comum, da vida de todo um organismo, no isolamento nós secamos, pois não nos alimentamos dos nutrientes da vida em comum. Através do relacionamento com outras pessoas descobrem-se forças desconhecidas do ser humano e que entram em ação. Dessa forma, o relacionamento com outras pessoas enriquece nossa alma, que floresce na medida de nossa aproximação com outras pessoas. Cada ser humano é um indivíduo, mas ele pode completar em si o que lhe falta através do relacionamento com toda a humanidade. As pessoas — são as flores de Deus; é necessário imitar as abelhas que colhem mel de todas as flores, enriquecendo-se com a individualidade dos outros e abrindo-se aos outros.

Algumas vezes os relacionamentos tornam-se difíceis para nós, mas nós somos chamados para a vida em comum e por isso o relacionamento com as pessoas é um dever cristão. Cada encontro pode nos dar muito. Se nós formos atentos às pessoas que nos rodeiam, invariavelmente nós encontraremos preciosidades como a luz e o bem. Em cada ser humano existe o belo e somente os nossos pecados não nos permitem ver isto. Nós encontramos pessoas e na maioria das vezes as avaliamos incorretamente, analisando só a superfície. A gente diz: “Aquele é simpático e este não.” Freqüentemente olhando quaisquer aspectos ausentes numa pessoa, nós a evitamos, examinando somente a sua aparência, fazemos julgamentos a seu respeito, sem tentarmos superar o que nos separa. Nós gostamos de nos relacionar com pessoas que são agradáveis a nós, quando existe uma predisposição favorável uns com os outros. Encontrando a menor resistência na relação, nós não fazemos força para ultrapassá-la. É difícil conversar com uma pessoa, contra a qual sentimos preconceito, mas é exatamente esta dificuldade que nós precisamos ultrapassar.

Deus quer nos reunir a todos enquanto o demônio se esforça em nos separar. Superando a desunião, nós descobriremos uns nos outros aquilo o que único que é de Deus em nós, o que gera a nossa força, o que nos dá a bem-aventurança. O pecado dividiu toda a humanidade. Vencendo o pecado dentro de si, as pessoas aproximam-se umas das outras, assim que retornam ao seu estado original da natureza humana em geral — a de um único organismo. O pecado rouba o ser humano. Não vencendo aquilo o que nos separa, nós não enxergamos a vida real de cada ser humano, mas somente a sua persona, a qual nós erradamente consideramos como sua realidade. Nossa fragmentação, nossa prepotência distorce nossa vida.

Nós normalmente consideramos que nossos encontros com outras pessoas são acidentais. Claro que não é isso! Deus coloca-nos uns ao lado de outros na família e na sociedade, para que nós enriqueçamos uns com os outros; para que encostando uns nos outros, as pessoas com o atrito acendam faíscas de luz. Deus diz: “Eis uma charada. Eu coloquei você junto a essa ou aquela pessoa. No seu coração existe um talento, que Eu dei a você, portanto descubra-o.” Deus, enviando cada alma para a vida, a diferencia com um determinado talento e lhe dá um palco para ação, para o florescimento de sua vida espiritual. Como cada pessoa é espiritualmente diferente, se o seu talento espiritual não for descoberto, será a falência da sua alma e o desaparecimento da luz Divina num determinado ponto da existência. Por isso cada um deve preocupar-se com o seu mundo espiritual, para permitir a luz Divina a oportunidade de brilhar nele e não desaparecer. Por que nós não temos vontade e somos lentos para utilizar aquelas forças que existem dentro de nós? Vencendo o pecado nós libertamos os princípios do bem dentro de nós, reduzindo o mal - diminuímos o mal na Terra. O menor esforço de nossa parte quebra a nossa inércia e desperta o bem adormecido e o evidencia.

A cada um de nós são dados determinados talentos. A cada um Deus irá perguntar: “Por que você não fez o que deveria ter feito? O desafio de cada um na sua vida é descobrir e multiplicar os seus talentos dados por Deus. Freqüentemente as pessoas falam: “Eu não tenho nenhum talento,” tendo em vista o talento dos cientistas, artistas plásticos, lideres na sociedade... Mas muito mais importantes são os talentos do coração, que Deus deu a cada ser humano, como por exemplo a cordialidade, a compaixão, a presteza. O desenvolvimento destes talentos, como aspectos de nossa natureza, está em nossas mãos. Esses nossos talentos são desenvolvidos através de um ativo relacionamento com as pessoas. Nós estamos ligados através de inúmeros fios uns com os outros, e nós precisamos através deste fios criar união em nossas vidas. É triste constatar que muitas pessoas queixam-se da solidão. Isolar-se dos outros cria uma certa apatia, enquanto o contato - ao contrário, dá vivacidade, uma vez que a pessoa sente, que ele não está perdido no mundo. O contato com as pessoas é um fio que atirado da Terra para o Céu a Deus - ao Centro que a tudo une. O desejo de união que vem do coração de um ao coração de outro, tem em si como direção o Centro que a tudo une e que é Deus, pois o contato entre as pessoas é vida e a separação é a morte.

A união entre as pessoas é o bem que traz a nós a alegria da vida. Esta é uma lei afastando-se da qual, as pessoas irão invariavelmente sofrer. Todos nós somos criados à imagem e semelhança de Deus. Isto significa que a imagem de Deus é exatamente o que nos une. Unindo-nos, podemos gradativamente conquistar uma mesma forma de pensar, um mesmo espírito, uma mesma vontade... aquela unidade da qual Jesus falava: “...Para que sejam todos um, como tu, Pai, o és em mim, e eu em ti, para que também eles sejam um em nós...” (João17:21). Nós em nossa vida cinza nem achamos necessário procurar aquilo que nós recebemos de Deus, aquilo que na realidade poderia nos unir. O estado de desunião tira de nós a alegria da vida cotidiana e não nos permite desenvolver nossos talentos.

Constantemente escutamos: “Não existem pessoas boas.” Como não existem pessoas boas? Entre nós há pessoas com educação avançada, inteligentes, com tesouros espirituais e apenas por causa de um véu superficial nós não enxergamos isso e além de tudo enterramos nossos próprios talentos junto com os dos outros. Nós somos escravos da preguiça e da malícia. Nós dizemos que não podemos multiplicar nossos talentos, apesar de ser dito: “Batei e abrir-se-vos-a.”

Em cada coração é necessário procurar um tesouro. Os tesouros são procurados com freqüência, mas não os espirituais, por isso é necessário procurar os espirituais. Muitos podem perguntar: “ E para que?” — Nós responderemos: “Para enriquecermos.” Nós enxergamos nas pessoas somente a superfície e tomamos delas somente o superficial, pois não percebemos e não procuramos o tesouro existente em cada um. É necessário procurar o talento existente no coração; este tesouro é a fonte do bem. Mas como fazer isto? Para isso é necessário esforço e dedicação. Sem esforço, como dizem, não se tira um peixinho da lagoa. Se mesmo os grandes talentos recebidos de Deus dependem de esforços para que haja um resultado de acordo, tanto isto é verdadeiro para as pessoas comuns.

Aproximando-se de uma pessoa, vamos prestar atenção ao seu coração - que é o centro do ser humano. Jesus Cristo afirmou que tudo tem origem no coração das pessoas: “O homem bom do bom tesouro de seu coração tira o bem; e o homem mau do mau tesouro tira o mal” (Lucas 6:45). A bondade no coração é uma dádiva de Deus e que pode ser multiplicada por dez; sobre um coração bom é mais fácil estabelecer a bondade. São João Zlatoust dizia: “Os milagres estão não nas grandes realizações, mas o milagre está quando alguém mau transforma-se em bom,” porque então vencem-se os aspectos originais da natureza humana e cria-se uma nova pessoa através da luta com o pecado.” Lutando com o pecado, o ser humano se aperfeiçoa, isto é transforma-se naquele que o liga a Deus. O ser humano vencendo o pecado dentro de si, abre assim os melhores aspectos de sua alma, o que também faz surgir nas outras pessoas um tesouro, o qual os outros nem desconfiavam de sua existência. Quando em pecado, o ser humano como que tem medo de outras pessoas e não caminha feliz pela Terra. Ele pensa dentro de si como fazer para não se encontrar com esta ou aquela pessoa. Vencendo o pecado, o ser humano facilmente aproxima-se de outras pessoas e contamina-as com o bem. Se olharmos no âmago de cada ser humano, podemos enxergar a sua real natureza. Isto não é fácil, mas nós precisamos nos disciplinar para conseguir.

Quando nós estamos de bem com as pessoas, nós nos iluminamos com faíscas de luz, e levamos conosco algo invisível — que nos dá vida. Deus nos envia ao mundo para evidenciarmos nossas riquezas. Se nós juntarmos os pedacinhos do bem e da luz descobertos em nós, só isto já será muito. Se estivermos recolhendo pedacinhos desta luz, então nesta atmosfera nós mesmos seremos alimentados por ela e então ocorrerá a iluminação e aquecimento de nosso coração empedrado. Este processo de procura pela luz é o momento de iluminação espiritual: a beleza do bem descoberto enche de beleza a nossa alma. Na procura do tesouro em nossa alma, nós inevitavelmente iremos arrancar as ervas daninhas de nosso coração e esta limpeza também faz parte do bem, o qual nos dará a alegria de viver. Este bem é o degrau para a morada onde enxergamos Deus no momento de nosso crescimento espiritual — a bem-aventurança. Foi dito: “Bem aventurados os puros de coração, porque verão a Deus” (Mateus 5:8). É com momentos diferenciados que o ser humano prepara para si seu espaço na morada da luz.

A luz de Deus, que nós descobrimos em nós, faz com que nós enxerguemos verdadeiramente e quando nossa visão está atenta, então nós não iremos gastar todas as energias de nossa alma com coisas insignificantes. Com a luz de Deus, como uma lanterna na mão, o ser humano ilumina o seu caminho e então também nas outras pessoas ele começa a enxergar a mesma luz. Esta luz existe em cada ser humano, mas ela está coberta pela escuridão a ponto de nós durante muito tempo não conseguirmos senti-la em nós e enxergá-la nos outros. Uma vez percebida esta luz, é como se nós despertássemos pois tudo muda em volta de nós e as energias do mal perdem as suas força. Com a luz de Deus e com essa reviravolta interna voltada para Deus, reunimos todos os pontinhos de luz num único foco e com isso não apenas iluminamos a nós mesmos, mas despertamos a luz nas outras pessoas.

Quando durante os relacionamentos com as pessoas surgem dificuldades, quando o mal cria uma tempestade em nosso coração e instala-se a escuridão, nós precisamos pedir ajuda a Deus, chamando mentalmente pelo Seu nome. Este é um momento espiritual. O ser humano quando se encontra assim na escuridão, pode fazer e falar muitas bobagens. É importante rapidamente voltar-se para Deus. Ele introduzirá a luz na escuridão. Com este ato criativo - quando o ser humano volta-se para Deus, ele está chamando a luz que vinda de Deus vai para o seu coração, isto é, o próprio Jesus Cristo entra em seu coração, iluminando-o e lá reinando. Então no coração vive Deus, a escuridão é vencida e esta vitória leva a nós numa outra esfera da vida — nova e alegre. No coração instala-se a paz e a alegria e então nós começamos a perceber aquela unidade, pela qual nossa alma tanto anseia. Vivendo para Deus, é como se nós nos renovássemos, entramos na esfera da luz e o próprio Nosso Senhor se afirma em nós: “Porque onde se acham dois ou três congregados em meu nome, ai estou eu no meio deles” (Mateus 18:20).