“A Ortodoxia manifesta-se, não dá prova de si”

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segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

"Caminhando no Amor"

“Isto é amor; que caminhemos de acordo com Seus mandamentos. E este é o mandamento: como o tende ouvido desde o princípio, deveis nele caminhar”

Como é fácil dizer “eu te amo”! Mas, colocar seu amor em ação é um pouco mais difícil. Repare nas caminhadas de amor que fazemos liturgicamente: em volta das pias batismais, do tetrápode nas bodas, e em volta do altar nas ordenações. Sempre no sentido anti-horário, elas sumarizam o passado e seguem Cristo rumo ao futuro. Todas elas são repletas da alegria da antecipação, sinais da promessa futura. Ficamos felizes e desejosos de caminhar no amor expresso nas datas desses eventos únicos – isto é agradável. Mas, caminhar no amor e prosseguir com ele quando aquele que amamos está doente, aborrecido, ou passando por tempos difíceis – ficar com eles quando não estão com disposição para o afeto não é muito engraçado. Caminhar no amor em direção às casas de repouso e visitar os que não podem mais caminhar pode, por vezes, ser penoso. Ir ao tribunal com aquele que amamos, ou visitar os detentos, os hospitalizados, os que estão em privação e nos oferecer para dissipar a angústia de que sofrem requer um amor que nos é dado pela graça de Jesus Cristo por meio do Espírito Santo. Se você não estiver disposto a caminhar na e através da experiência de morte daquele que você diz que ama, você não atingiu o estado de amor pedido a um verdadeiro cristão.

Acompanhar alguém que amamos quando a polícia liga para comunicar um acidente com um membro da família dele, ou do hospital, quando alguém está em estado crítico – é aí que o amor é colocado em movimento. Caminhar no amor ao cemitério e lá estar quando os soluços e as lágrimas vêem, é caminhar no amor de Cristo com aquele que amamos.

Em nossos dias, vamos de carro para ficar com aquele que amamos, ou ficamos disponíveis perto do telefone para que ele ou ela saiba que está tudo bem nos visitar e conosco compartilhar seu estado emocional. Quando você caminha no amor, você dá sinais exteriores o tempo todo de que seu coração está aberto a visitas em qualquer horário. Não há horário executivo em que seu afeto não possa ser acessado. Você aprecia sua privacidade, contudo está pronto para colocá-la de lado sempre que aqueles que você ama precisam de conforto, ânimo ou afeto.

Quando você diz “Eu te amo”, se isto não quer dizer que você está preparado para entrar de boa vontade em qualquer situação, então você está colocando fronteiras e limites ao seu amor. O amor incondicional, imitando o amor de Jesus Cristo por todos os filhos de Deus, é o que o evangelista São João quer dizer em sua breve carta aos verdadeiros cristãos. É diferente do amor que aparece na maioria das canções populares, romances escapistas e artigos sobre celebridades. O amor cristão transcende a expressão sexual do amor, apesar do ardor da sensualidade. Quando contemplamos o nosso amoroso Senhor Jesus no crucifixo que usamos no pescoço ou penduramos nas paredes de casa, começamos a compreender as implicações do verdadeiro amor. Se não formos capazes de contemplar a resposta dos Santos ao Seu amor, caminhar com Maria Madalena e com as outras Miróforas ao sepulcro no dia da ressurreição, ou com a Santa Mãe de Deus e o próprio autor das palavras sobre o caminhar no amor, tal como ele fez com ela para ver Aquele que amavam ser morto de forma tão agonizante, deveríamos compreender que estamos longe de sermos capazes de compreender as implicações do caminhar no amor. Se este for o caso, então a nossa definição da caminhada no amor está mais próxima daquilo que o mundo diz a respeito daquilo que o evangelista está dizendo.

Boletim Interparoquial, dez 2007