“A Ortodoxia manifesta-se, não dá prova de si”

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quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Santa Pelágia, a Penitente - 08/21 de outubro

Santa Pelágia vivia em Antioquia na segunda metade do quinto século. Entregue à dança e aos prazeres impuros, ela era a prostituta mais conhecida desta grande cidade e tinha retirado de seus fundos uma grande fortuna que ela utilizava somente para os cuidados do corpo e em perfumes voluptuosos para atrair novas vítimas às suas redes. Ela tinha muitos escravos e servidores que a escoltavam quando ela passeava pela cidade, sentada em seu carro luxuoso.

Ora, certo dia o Arcebispo de Antioquia havia convidado Nonnus, o Bispo de Edessa, um santo homem cujas palavras inspiradas traziam seus auditores ao arrependimento e o amor à virtude, a pregar diante do povo. Pelágia acabava de passar diante da assembléia com seu cortejo habitual. Quando todos voltavam os olhos a este espetáculo, São Nonnus olha esta mulher chorando. Ele diz aqueles que o rodeavam: “Pobre de nós, preguiçosos e negligentes, pois nós devemos dar contas no dia do julgamento, por não termos agradado a Deus pelo mesmo zelo e cuidado que põe esta pobre mulher a ornar seu corpo por um prazer passageiro”. E ele ora ardentemente ao Senhor pela sua conversão.

No dia seguinte, quando Nonnus comentava o Santo Evangelho ao curso da Divina Liturgia, Pelágia encontrava-se na assembléia. As palavras do Bispo sobre o julgamento final e a eternidade das penas do inferno penetram no coração da jovem mulher tal como uma espada pontiaguda e despertam nela o único e verdadeiro amor, aquele do esposo celeste.

De retorno ao seu palácio, ela dirige uma carta ao Santo Bispo, pedindo que ele aceitasse de recebê-la e que não desprezasse sua torpeza, sendo ele verdadeiramente discípulo daquele que é vindo para chamar “não os justos, mas os pecadores à conversão” (Mt. 9,13).

Nonnus responde-lhe que se ela estivesse verdadeiramente decidida a arrepender-se, ela deveria apresentar-se na Igreja, diante de toda a assembléia dos clérigos e do povo, para confessar suas faltas.

Pelágia precipita-se à igreja, esquecendo seu cortejo e seu orgulho de outrora. Em seguida ela prostra-se aos pés do Bispo e o suplica de fazê-la renascer à vida divina pelo Santo Batismo, a fim de que o demônio e o hábito não a lembrassem de sua vida de desleixo. Quando do batismo de Pelágia, toda a cidade de Antioquia rejubila-se neste acontecimento e da salvação desta alma.

Ela foi confiada à uma monja romana, que a inicia no combate espiritual e à vida do arrependimento. Pela oração e pelo sinal da cruz, ela vence assim as tentações de retornar à sua vida de pecado, que não tardam a confundi-la. Alguns dias depois de seu batismo, Pelágia faz distribuir todas as riquezas aos pobres e junta-se aos escravos.

Assim, liberada de todo apego do mundo, ela troca seus vestidos femininos por rudes vestimentas masculinas e parte em secreto para praticar a ascese na Palestina, sobre o Monte das Oliveiras. Ela permanece muitos anos fechada em uma pequena cela, lutando a cada dia contra as paixões que estavam enraizadas em seu corpo e colocando a partir de então todo cuidado que ela tinha outrora pelos cuidados exteriores ao ornamento de sua alma pela vida eterna.

Permanecendo na solidão, o renome de seus esforços espalha-se entre os ascetas da Palestina, os quais acreditavam que ela era um homem. Quando a Santa Penitente rende em paz sua alma a Deus, todos os monges da região reúnem-se para venerar suas santas relíquias e glorificam grandemente o Senhor, aprendendo de um discípulo de Nonnus a verdadeira história de Pelágia, que ensina todos aqueles que estão mergulhados nas trevas do pecado a não mais desesperar, mas a perseverarem com valentia sobre a via do arrependimento.
Tropário, t.4
No meio dos espinhos, floresceste para a Igreja como uma rosa de doce perfume e alegraste-nos pela prática das virtudes; como um perfume de agradável suavidade, ó Venerável Mãe, ofereceste a tua vida para Aquele que, por ti, realizou maravilhas; suplique a Ele, então, para nos salvar de todas as paixões da alma e do corpo.
Kondákion, t.2
Tendo desfeito o teu corpo nos jejuns, nas tuas orações de noites a fio suplicavas, ó Venerável Mãe, ao Criador para conceder-te plena remissão dos teus pecados; na verdade, recebeste este perdão por ter percorrido o caminho do arrependimento.