“A Ortodoxia manifesta-se, não dá prova de si”

ok

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Comunicado Oficial da Igreja Ortodoxa da Estônia (EAÖK)

Devido às muitas controvérsias provocadas pela participação da delegação da Igreja Ortodoxa da Estônia nos trabalhos da comissão encarregada do diálogo ortodoxo-católico, a Igreja da Estônia editou comunicado oficial relembrando a todos sua história e status.

Tallin, 23 de outubro de 2007.

A autonomia da Igreja Ortodoxa da Estônia, cuja denominação oficial é Igreja Apostólica Ortodoxa da Estônia (EAÖK), foi concedida pelo Patriarca Ecumênico em 1923 logo depois da ratificação do tratado de Tart de 2 de fevereiro de 1920, no qual a Rússia reconhecia a independência da Estônia. Entretanto as autoridades russas tanto seculares como eclesiásticas abertamente questionam este fato, disso tivemos um exemplo há pouco tempo. Segundo eles a nação Estônia surgiu apenas no ano de 1991, o exército soviético nunca ocupou a Estônia, mas justamente ao contrário, libertou-a do nazismo e a Estônia ainda permanece parte do território canônico do Patriarcado de Moscou, ainda que este país nunca tenha se encontrou dentro das fronteiras determinadas pelo Tomos de 1589, que concedeu a autocefalia à Igreja Russa.

De acordo com o Tomos que concedeu autonomia (1923), desde o ano de 1923 até 1941, todos os ortodoxos na Estônia tanto os cidadãos da Estônia como os russos pertenciam a uma única Igreja, a EAÖK. Entretanto, a 30 de março de 1941 o Metropolita Aleksander foi chamado a Moscou e forçado a assinar uma declaração de subordinação da Igreja da Estônia ao Patriarcado de Moscou e seu “retorno ao seio da “Igreja-mãe”. Este documento, apesar das pressões do regime daquela época nunca pode ser ratificado pelas autoridades da EAÖK e a 30 de dezembro de 1942 o metropolita Aleksander na carta aberta de número 191 retirou sua assinatura, que colocou sob pressão na declaração citada.

Em 1944 o metropolita Aleksander foi forçado a emigrar do país junto com 22 clérigos e 8 mil fiéis para a Suécia onde o metropolita morreu no ano de 1957.

A 9 de março de 1945 o Patriarcado de Moscou, auxiliado pelas autoridades soviéticas, dá início a um processo de dissolução da autonomia da Igreja Ortodoxa da Estônia e em seu lugar cria uma diocese, diretamente subordinada a ele. Apesar destas ações a Igreja Ortodoxa Russa nunca conseguiu remover completamente as pegadas da existência da EAÖK. Em 1978 o atual patriarca de Moscou Aleksy II, nesta época responsável pela diocese da Estônia, dirigiu-se diretamente a Constantinopla, para que “em nome da unidade eclesiática“ o patriarca revogasse seu Tomos que concedia autonomia à EAÖK. Em resposta, levando em consideração a situação política da Estônia, o patriarca ecumênico concorda apenas em suspender a autonomia (13.04.1979), entretanto este ato concerne exclusivamente aos ortodoxos da Estônia que permaneceram no país e não aos que estavam na emigração.

Em 1991 a Estônia, novamente, recupera sua independência. O Tomos concedendo sua autonomia é reativado em 24 de fevereiro de 1996 pelo patriarca ecumênico. Ao mesmo tempo, em sintonia com a base eclesiástica da economia, o patriarca de Constantinopla concede à Igreja Ortodoxa Russa a possibilidade de prorrogação da sua presença jurisdicional na Estônia (acordo de Zurique de 22.04.1996) na esperança de que um dia na Estônia exista, novamente, uma única Igreja Ortodoxa da Estônia, como assim foi até o ano de 1945. Depois de tantos anos de sofrimento provocados pelas numerosas perseguições das quais a Igreja Ortodoxa da Estônia caiu vítima, a EAÖK deseja, hoje, só uma coisa: viver em paz e em harmonia com os irmãos do Patriarcado de Moscou, de modo a dar testemunho comum em nome de Cristo e de sua Igreja na Estônia.

Ao contrário da afirmação propagada, incessantemente, pelo patriarca de Moscou, é devido esclarecer que o patriarca de Moscou Tikon, de memória eterna, concedeu aos ortodoxos da Estônia unicamente uma ampla autonomia nas questões da diocese e a ela concernia, principalmente, às questões relacionadas com as atividades pastorais, educacionais assim como nas questões econômicas. Nunca, entretanto, proclamou um Tomos concedendo autonomia real e canônica. Com relação a isso, o único Tomos concedendo autonomia à Igreja Ortodoxa da Estônia é o de 1923.

Metropolita Estevão de Tallin e Toda a Estônia
Texto retirado de http://www.cerkiew.pl/
Tradução do Igúmeno Lucas