“A Ortodoxia manifesta-se, não dá prova de si”

ok

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Venerável Pímem, o Grande


Pímem era egípcio por nascimento e um grande asceta do Egito. Ainda garoto, costumava visitar os mais renomados mestres espirituais, dos quais colheu um conhecimento considerável, como as abelhas colhem mel das flores. Pímem, certa vez, implorou ao ancião Paulo que o levasse a São Paísio. Ao ver Pímem, Paísio disse a Paulo: “Este menino salvará a muitos; a mão de Deus está sobre ele.” Com o tempo, Pímem foi tonsurado monge e atraiu dois irmãos seus à vida monástica. Numa ocasião, a mãe deles veio-lhes visitar. Pímem não a permitiu entrar, mas pediu a ela por detrás da porta: “Desejas ver-nos mais aqui ou lá, na eternidade?” A mãe partiu, com grande alegria, dizendo: “Já que certamente encontrarei meus filhos lá, então não desejo vê-los aqui!” No mosteiro em que esses três irmãos moravam (governado pelo Abade Anúbis, irmão mais velho de Pímem), sua regra era a seguinte: à noite, eles passavam quatro horas fazendo trabalhos manuais, quatro horas dormindo e quatro horas lendo o Saltério. Durante o dia, eles alternavam trabalho e oração desde a manhã até o meio dia, faziam as leituras desde o meio-dia até as Vésperas, depois das quais preparavam a Ceia para si mesmos. Essa era a única refeição em vinte-e-quatro horas e geralmente se constituía de algum tipo de legume. Diz-se que Pímem havia comentado: “Comemos o que nos foi dado. Ninguém jamais dissera ‘Dei-me mais’ ou ‘Eu não o quero’. Desta maneira, passamos toda a nossa vida em silêncio e em paz.” Pímem conduziu uma vida de ascetismo no quinto século e pacificamente repousou em avançada idade.

Hino de Louvor
Fonte de sabedoria foi o Venerável Pímem,
Grande tocha da chama de Cristo.
Desde o dia em que renunciou ao mundo de ilusões,
Repreendia a ninguém, elogiava a ninguém.
Uma vez, dois irmãos discutiam em sua presença,
Mas Pímem permaneceu em silêncio. Alguns o repreendiam:
“Como ouves a discussão, como se houvesse nada de errado?”
Pímem respondeu: “Morri muito tempo atrás”
Outro lhe perguntou: “Como posso ser salvo,
Para minha mente não se disperse atrás das calúnias do inimigo?”
Disse Pímem: “Moscam fogem da água quente,
O Mal foge de uma alma aquecida.”
“O que é mais valioso”, perguntou outro,
“A fala de meu irmão ou o silêncio?”
“Tanto por um como pelo outro, Deus é glorificado.
Para glória de Deus, escolha para ti mesmo.”
“Como posso defender-me do Maligno?”
“O Mal não derrota o Mal,
Faça o bem ao que faz o mal,
O que inflamará até o seu coração.
Não se constrói a casa de um, destruindo a de outro:
Nisso, apenas o terceiro – o Maligno – beneficia-se.”
“Duas perniciosas paixões envenenam nossa alma;
Temos nenhuma liberdade, enquanto elas nos esmagam:
O prazer carnal e a ilusão do mundo – Somente uma alma santa é livre delas.”

Reflexão
Os grandes ascetas ortodoxos, em sua difícil ascensão ao Reino de Deus, são como aqueles que penosamente escalam uma íngreme montanha, agarrando-se com mãos e pés para subir um pouco mais, sem pensar em olhar para trás. Suas labutas e conquistas são, de fato, impressionantes. São Pímem não queria ver sua mãe, quando ela veio visitá-lo. Noutra ocasião, um príncipe queria ver Pímem, mas este recusou. Entretanto, o príncipe arquitetou um astuto plano para forçar o ancião a recebê-lo. Ele capturou o sobrinho de Pímem e disse à mãe (irmã de Pímem) do rapaz que ele libertaria seu filho somente quando Pímem em pessoa viesse falar com ele. A irmã partiu ao deserto e, batendo à porta de Pímem, implorou ao irmão que saísse e salvasse seu filho. Mas, Pímem não saiu. A irmã começou a censurá-lo e amaldiçoá-lo. Quando o príncipe tomou conhecimento disso, ela ordenou que uma carta fosse escrita a Pímem, dizendo que, se o ancião pedisse por escrito (já que ele não queria oralmente) ao príncipe que soltasse o garoto, o príncipe assim o faria. Pímem replicou: “Poderoso príncipe, levante profundas informações sobre a culpa do rapaz e, se sua culpa for tão grave que mereça a morte, que ele morra, a fim de que, pela punição temporal, ele escape dos tormentos da eternidade. Entretanto, se o crime dele não merece a pena de morte, então o castigue de acordo com a lei e liberte-o.” Ao ler uma carta tão justa e imparcial, o príncipe ficou completamente abismado. Ele libertou o jovem, e seu respeito por Pímem aumentou em dobro.

Tropário, t.8
Pela abundância de tuas lágrimas, fizeste florescer o árido deserto, com teus profundos gemidos, fizeste tuas dores produzir cem vezes mais, por teus espantosos milagres, te tornaste um farol que ilumina o mundo inteiro, venerável Pai Pímen, rogue a Cristo nosso Deus, para salvar as nossas almas.