“A Ortodoxia manifesta-se, não dá prova de si”

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quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Santo Mártir Longino o Centurião, Testemunha da Crucifixão (+séc.I) - 16/29 out

O divino Mateus, o Evangelista, ao descrever a paixão do Senhor Jesus Cristo, diz: Quando o centurião e aqueles que estavam com ele, vendo Jesus, viram o terremoto e as coisas que aconteceram, tiveram grande medo, dizendo, Verdadeiramente este era o Filho de Deus (Mateus 27: 54). Esse centurião era o bem-aventurado Longino, que com outros dois soldados vieram a crer em Jesus, o Filho de Deus. Longino era o chefe dos soldados que testemunharam a Crucificação do Senhor no Gólgota e chefe dos vigias que guardaram o túmulo. Quando os anciãos judeus souberam da Ressurreição de Cristo, subornaram os soldados para difundir as falsas notícias de que Cristo não ressuscitara, mas que Seus discípulos roubaram o corpo. Os judeus também tentaram subornar Longino, mas ele não se deixou levar pelo suborno. Os judeus, portanto, fizeram uso de sua estratégia usual: decidiram matar Longino. Tomando conhecimento disso, Longino retirou seu cinto militar, foi batizado junto de dois companheiros seus por um apóstolo, partiu de Jerusalém secretamente e mudou-se para a Capadócia com seus companheiros. Lá, ele se devotou ao jejum e à oração; como uma viva testemunha da Ressurreição de Cristo, converteu, pelo seu testemunho, muitos pagãos à verdadeira Fé. Depois disso, retirou-se numa vila da propriedade de seu pai. Mesmo naquele lugar, a malícia dos judeus não o deixou em paz. Por causa das calúnias dos judeus, Pilatos despachou alguns soldados para decapitar Longino. São Longino pressentiu, em espírito, a aproximação dos executores e saiu para encontrá-los. Levou-os à sua casa, não lhes revelando quem era. Foi um bom anfitrião aos soldados e, em pouco tempo, eles caíram no sono. São Longino, no entanto, levantou-se para orar e orou a noite inteiro, preparando-se para a morte. De manhã, chamou seus dois companheiros, vestiu-se em brancas indumentárias fúnebres e instruiu os demais membros de sua família a enterrá-lo numa pequena colina particular. Então, ele se dirigiu aos soldados e revelou-lhes ser a pessoas que eles procuravam. Perplexos e envergonhados, os soldados não puderam sequer pensar em decapitar Longino, mas este insistiu que os soldados cumprissem a ordem de seu superior. Longino e seus dois companheiros, portanto, foram decapitados. Os soldados levaram a cabeça de Longino a Pilatos, que a entregou aos judeus. Os judeus jogaram-na num amontoado de esterco fora da cidade.


Hino de Louvor
De pé, São Longino contemplava a Cruz,
Quando, sobre ela, Cristo deu Seu último suspiro.
Longino viu a ira do suave céu,
Testemunhou a terra tremendo,
O brilhante sol quando perdeu seus raios
E revestiu todo o mundo de escuridão.
Abriram-se os túmulos de muitos,
E ressurgiram muitos dos mortos.
Bravo Longino, de temor, encheu-se,
E bradou com um suspiro de remorso:
"Este homem era o Filho de Deus!
Pecadores crucificaram o Inocente!"
Perto deles, dois outros soldados
Ecoaram o brado de seu centurião.
Testemunha da Ressurreição, foi Longino,
E também podia atestar de Sua humilhação.
Testemunha oracular, verdadeira,
Longino não desejava ocultar a verdade,
Mas proclamou-a em todas as partes que ia,
E glorificava o ressuscitado Cristo Deus!
Até a morte, manteve-se soldado de Cristo;
E, por Cristo, Longino entregou sua cabeça.


Reflexão
A primeira aparição do Santo Mártir Longino foi assim: passado muito tempo desde seu martírio, aconteceu que uma viúva da Capadócia ficou cega. Os doutores eram incapazes de fazer qualquer coisa por ela. De repente, veio-lhe a idéia de ir a Jerusalém e venerar os Lugares Santos, onde ela esperava encontrar ajuda. Ela tinha um único filho, um garoto, que lhe serviu de guia; mas, assim que chegaram a Jerusalém, o garoto morreu de uma enfermidade. Oh, quão enorme era seu desespero! Perdera seus olhos, agora seu único, cujos olhos a guiaram. Todavia, em sua dor e desespero, São Longino apareceu-lhe e confortou-a com a promessa de que ele restauraria sua visão e revelou à mulher a glória celestial na qual seu filho agora habitava. Longino contou-lhe tudo sobre si mesmo e mandou que ela saísse dos muros da cidade a um amontoado de esterco, que escavasse sua cabeça e que ela mesma veria o que aconteceria depois. A mulher levantou-se e, tropeçando, conseguiu de algum modo sair da cidade. Ela gritava para que alguém a conduzisse ao amontoado de estrume e a deixasse lá. Conduzida ao montão de estrume, ela ajoelhou-se e começou a cavar com suas mãos, com forte fé de que encontraria o que o santo lhe pedira. Escavando, tocou a santa cabeça do mártir. Seus olhos voltaram a enxergar, e ela viu a cabeça de um homem em suas mãos. Transbordando de gratidão a Deus e em imensa alegria, ela levou a cabeça de São Longino, lavou-a, incensou-a e depositou-a em sua casa como o mais precioso tesouro sobre a terra.