“A Ortodoxia manifesta-se, não dá prova de si”

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quarta-feira, 9 de abril de 2008

"O Sinal da Cruz"

A tradição ortodoxa diz, que primeiro é devido colocar a mão no ombro direito e depois no esquerdo, a católica-romana diz o contrário. Explanação sobre este tema nos dá UspieDskij B. A. no livro “Krestonje znamienije i sakralnoje prostranstwo”.

Na tradição ortodoxa o cristão coloca a mão, ao fazer o sinal da cruz, primeiro no lado direito, depois no lado esquerdo. Porém, quando faz em alguém o sinal da cruz – abençoa da esquerda para a direita. Recebendo a benção recebe o sinal da cruz primeiro no ombro direito e depois no esquerdo. Na tradição ocidental a benção de outra pessoa é realizada nesta mesma seqüência, isto é ao contrário do que faz sobre si mesmo.

Na tradição da Igreja Ocidental até o Concílio de Trento (1545-1563) era permitida ambas as práticas. Finalmente, foi adotada pelo papa Pio V (1566-1572) a prática de execução do sinal da cruz com todos os dedos na seqüência: testa, barriga, ombro esquerdo e ombro direito.

A tradição grega permaneceu inalterada, em relação a isso (ombro direito – ombro esquerdo).

O lado direito sempre é considerado(associado) como correto, normal, favorável, propício (é normal o tratamento da mão direita como dominante, etc). Fazer o sinal da cruz do lado direito para o lado esquerdo podemos entender como a vitória sobre Satã, a defesa contra o pecado. É, também, repetição daquilo o que o catecúmeno recebe do sacerdote na benção.

O homem quando faz o sinal da Cruz sobre si mesmo une-se a Deus, recebe as boas energias da graça Divina, torna-se objeto da ação da força da Cruz.

A execução do sinal da Cruz abrange conteúdos dogmáticos. A colocação dos dedos na testa simboliza a permanência de Deus nos céus e o nascimento de Cristo de Deus Pai (no Credo: “....nascido do Pai antes de todos os séculos...”). A colocação da mão na barriga expressa a descida dos céus à terra (“...desceu dos Céus. E encarnou pelo Espírito Santo, no seio de Maria Virgem e Se fez Homem...”). A elevação da mão para o ombro direito corresponde às palavras: (“...e subiu aos Céus, onde está sentado à direita de Deus Pai”) e para o ombro esquerdo significa a separação dos bons dos maus (bons para o lado direito e os maus para o lado esquerdo) (“De novo há de vir, cheio de glória, para julgar os vivos e os mortos; e o seu Reino não terá fim”). Tal explicação encontramos em muitos teólogos (entre outros Máximo, Grego (1470-1555), Pedro Damasceno; Laurêncio e Estevão de “Zyzania” na obra de 1596).

A execução do sinal da cruz do lado direito para o lado esquerdo expressa o triunfo de Deus sobre Satã, vitória sobre a morte, confissão, declaração de fé, expressão de verdades dogmáticas, comunicação do homem com Deus, permanência sob a Sua proteção, defesa do homem frente à ação das forças do mal.

Apresentando em forma de imagem a execução do sinal da Cruz na tradição ortodoxa podemos representar como a abaixo:

Os cristãos ortodoxos se prostram (fazem o sinal da cruz) nas orações, depois de entrar na igreja, durante os ofícios, antes e depois das refeições, antes e depois de qualquer trabalho.

Através do sinal da Cruz confessamos a fé em Jesus Cristo e na Santíssima Trindade e concordamos com Sua vontade.

Com a inclinação da cabeça e as prostrações durante as orações expressamos nossa humildade e submissão a Deus.

Os três dedos simbolizam a Santíssima Trindade: Deus-Pai, Deus-Filho e Deus-Espírito Santo.

Os dois dedos simbolizam as duas naturezas de Cristo, Divina e humana.

Os dedos no sinal da Cruz devem estar colocados juntos.

Padre Aleksy Andrejuk
Professor do Seminário Ortodoxo de Varsóvia
Tradução do Igúmeno Lucas
Boletim Interparoquial de Maio de 2007