“A Ortodoxia manifesta-se, não dá prova de si”

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domingo, 13 de abril de 2008

O Quinto Domingo da Grande Quaresma – Domingo de Santa Maria do Egito

Não é possível estabelecer com precisão o que é a história e o que é lenda nas tradições relativa a “Santa Maria do Egito”. Deve-se admitir simplesmente o fato de a Igreja ter querido fazer dela, como o cantamos nas matinas: “um exemplo de arrependimento”. Ela é um símbolo de conversão, de contrição e de austeridade. . Ela exprime, neste último domingo da Quaresma, o derradeiro, o apelo mais urgente que a Igreja nos dirige antes dos dias sagrados da Paixão e da Ressurreição.

A Epístola lida na Liturgia (Hb. 9, 11-14) compara o ministério de Cristo ao do Sumo Sacerdote hebreu, que entrava uma vez por ano no Tabernáculo; mas Cristo “entra de uma vez por todas no santuário nos garantindo a salvação eterna”. O Sumo Sacerdote purificava e santificava os fiéis derramando sobre eles o sangue e os restos mortais das vítimas. “Quando mais o sangue de cristo, que pelo Espírito eterno se ofereceu ele mesmo sem mácula a Deus, purificará nossa consciência das obras mortas afim de que prestemos um culto a Deus Vivo?”.

O Evangelho (Mc. 10, 32-45) descreve a ida de Jesus a Jerusalém, antes de sua Paixão. Jesus toma à parte os doze Apóstolos e começa a lhes dizer que será preso, condenado, morto e que ressuscitará. No início da Semana Santa, nós somos levados à parte pelo Salvador para uma conversa íntima onde ele nos explica o mistério da Salvação. Nós pedimos ao Mestre para nos mostrar mais profundamente o que se passa, por nós, no Gólgota? Nós damos a Jesus a possibilidade de tal encontro secreto? Aproveitamos as ocasiões de um “tête-à-tête” com o Senhor? Pois eis que os filhos de Zebedeu se aproximam de Jesus e lhe pedem para sentar em Sua glória, um à Sua direita e outro à Sua esquerda. Jesus lhes faz - e nos faz esta pergunta: “podereis vós beber o cálice que eu bebo”? O Mestre explica pois aos discípulos que a verdadeira grandeza consiste em servir. “O Filho do homem... não veio para ser servido, mas para servir e dar sua vida em resgate de muitos”.

A tarde desse último domingo de Quaresma já deixa entrever os clarões da entrada na Semana Santa, domingo próximo. Domingo próximo será o domingo de Lázaro, que Jesus ressuscitou. As vésperas celebradas na tarde do quinto domingo de Quaresma anunciam já Lázaro, o pobre da parábola angélica. “Permita que eu fique com o pobre Lázaro e livra-me do castigo do rico... Concede-nos rivalizar com sua resistência e sua longevidade”. A Igreja, de certa forma impaciente para entrar nos santíssimos dias que começarão na próxima semana, nos empurra, neste último domingo de Quaresma, de ir adiante da Festa que celebramos em sete dias: Elevemos os cantos de oferenda para Domingo de Ramos, para que o Senhor, vindo gloriosamente a Jerusalém faça morrer a morte por seu poder divino... Preparemos com fé os estandartes da vitória gritando: “Hosana ao criador de todas as coisas!”