“A Ortodoxia manifesta-se, não dá prova de si”

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segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Mensagem de Natal do Santo Sínodo de Bispos da Igreja Ortodoxa Autocéfala da Polônia


Para o venerável clero, reverendos monges e todos os cristãos ortodoxos que amam a Deus.

“Ó Cristo, o que Te oferecer como presente por ter aparecido na terra na nossa humanidade? Cada uma de Tuas criaturas, na verdade, expressa a sua ação de graça, trazendo para Ti, os Anjos, os seus cantos, o Céu, uma estrela, os Magos os seus presentes, os Pastores, a adoração, a Terra, a gruta, os campos, a manjedoura, e nós mesmos, uma Mãe Virgem, Deus anterior aos séculos, tenha piedade de nós”. (Estiquera das Vésperas do Natal)


CRISTO NASCEU, LOUVAI-O!

O Senhor de novo nos permitiu provar o insondável mistério para a razão humana da Encarnação do Filho de Deus, nosso Salvador Jesus Cristo. De novo nos deparamos com o mistério alcançável apenas pela fé. O Apóstolo Paulo reafirma isso: “Seguramente, grande é o mistério da piedade: Ele foi manifestado na carne, justificado no Espírito, aparecido aos anjos, proclamado às nações, crido no mundo, exaltado na glória” (1 Tm 3, 16).

O Senhor Jesus Cristo com seu amor e bondade ilimitados para com o gênero humano, desceu à terra do Trono de Glória de Seu Reino. Aceitou nossa natureza, de modo a unir em si duas naturezas distantes – céu com a terra, anjos com os homens, “a fim de criar em si mesmo um só Homem Novo, estabelecendo a paz; Assim, ele veio e anunciou a paz a vós que estáveis longe e paz aos que estavam perto, pois, por meio dele, nós, judeus e gentios, num só Espírito, temos acesso ao Pai”. (Ef 2, 15, 17-18).

Irmãos e Irmãs! O Santo Profeta David nos convoca: “Vinde cantemos ao Senhor: cantemos com júbilo à rocha da nossa salvação”. (Sl 95, 1). Este apelo é para nós particularmente adequado nestes dias santos do Santo Nascimento de Cristo. Em nossas igrejas ecoa o cântico angélico: “Glória a Deus no mais alto dos céus e paz na terra aos homens de boa-vontade” (Lc 2, 14), tal cântico ressoava junto à manjedoura de Cristo, enquanto nosso pensamento transporta-se para a humilde gruta, onde Cristo nasceu.

São João Crisóstomo fala, que a Festa do Nascimento de Cristo, para o homem, encontra-se no centro das outras festas. Sem Seu Nascimento não haveria nada do que resultou do salvífico acontecimento na história do mundo, que chamamos de Encarnação de Deus. Sem o Nascimento de Cristo não teria havido a Cruz e nem a Ressurreição, coroando o mistério da economia da nossa salvação.

Irmãos e Irmãs! O Cristo Salvador nos trouxe o dom do entendimento e do conhecimento pela fé. A profunda escuridão da ignorância sobre Deus revestia o mundo até Sua chegada na terra. O homem criado por Deus, traiu a glória do ser humano indestrutível. Cometendo o delito da desobediência, no paraíso, rejeitou o Criador e o Seu chamado. O homem perdeu com isso, também, seu estado natural, decaiu em estado de pecado, sendo este estado contrário à natureza. O Cristo Salvador pela Sua Encarnação restitui ao homem a possibilidade de retorno não apenas ao primitivo estado paradisíaco como também dá a ele a perspectiva de alcance de um estado supranatural de união com Deus. O Nascimento de Cristo mostra ao mundo a verdade consoladora: Deus com seu amor desce dos céus para a criação decaída, para cada um de nós. O Amor Divino faz ao fiel com que: “nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as potestades, nem o presente nem o porvir, nem a altura, nem a profundidade, nem alguma outra criatura nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor!”. (Rm 8, 38-39)

Irmãos e Irmãs! Regozijando-se com a alegria que flui da Festa do Nascimento de Cristo, agradeçamos ao Deus Altíssimo por todas as graças e bens, que concedeu à nossa Igreja e a cada um de nós no ano que terminou.

Para a nossa Igreja foi um tempo de momentos espirituais incomuns. No aniversário de 60 anos da “Ação Vístula” oramos ao Filho de Deus Encarnado pela paz da alma de nossos antepassados, que deram suas vidas pela fé ortodoxa. Graças à perseverança deles, pela sua fé e pelo exemplo de ilimitado amor à Igreja podemos hoje continuar testemunho da Santa Ortodoxia. Oramos também por aqueles, que sobreviveram e conservaram a Santa Ortodoxia até hoje.

O Senhor nos fez, também, dignos de especial alegria – as relíquias de Santa Catarina de Alexandria, que vieram para nós do Monte Sinai santificaram nossa Igreja. Estas relíquias estão conosco no Santo Monte de Grabarka, que no dia da Festa da Transfiguração do Senhor completou 60 anos de fundação do mosteiro feminino das Santas Marta e Maria.

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Irmãos e Irmãs! Agradeçamos ao Senhor Encarnado por todas as dádivas, e pedindo a Ele a graça para as nossas dificuldades futuras e esforços pelo bem da Santa Ortodoxia.

Na tradição da nossa Igreja a Festa do Nascimento de Cristo possui um caráter familiar. Dirigimos nossa especial atenção para a família cristã ortodoxa, que hoje freqüentemente cai vítima das doenças dos nossos tempos e da dissolução. Lembremo-nos, que a saudável família ortodoxa como “Igreja doméstica” é a base e o berço para a adequada preservação da futura geração e fonte de amor à Igreja. Na família repousa a grande responsabilidade diante de Deus e da comunidade para a conservação da fé ortodoxa, sua língua, cultura e costumes.

Irmãos e Irmãs! Apelamos às famílias ortodoxas para o aprofundamento do nosso trabalho em favor da Igreja doméstica e da Igreja geral, para o desenvolvimento espiritual e o não enfraquecimento em nossas lutas.

Que a luz da doutrina de Cristo multiplique-se em nossos corações, atue e traga frutos, eternos e imutáveis da base da vida: paz, amor, boas obras, justiça e santidade. O Senhor diz: “Se vós permanecerdes na minha palavra, verdadeiramente serei meus discípulos” (J 8, 31)

Cumprimentamos o venerável clero, monges, jovens, e crianças e todos os fiéis da nossa Igreja na grande Festa do Nascimento de Cristo e no Ano Novo de 2008, e junto com todos vocês pedimos ao Senhor, que nos dê no Ano Novo as suas bênçãos e nos favoreça com seu amor.

Junto à manjedoura do Deus-Menino levemos nestes dias santos nossas orações pela prosperidade das Santas Igrejas de Deus, e pedido de bênção para todas os nossos bons intentos, pelo afastamento de nós de toda tristeza, infelicidade, ira e necessidades, de modo que possamos perseverar em todos os dias com um fé inabalável, boa saúde, amor, trabalho e paz.

E que um “espírito de sabedoria e de inteligência, o espírito de conselho e de fortaleza, o espírito de conhecimento e de temor do Senhor” (Is 11, 2) esteja com todos vocês. Amém!

Humildemente:

+ Savas, Metropolita de Varsóvia e toda a Polônia,
+ Simeão, Arcebispo de Lodz e Poznan
+ Adão, Arcebispo de Przemysl e Novo Sacz
+ Jeremias, Arcebispo de Wroclaw e Szczecin
+ Abel, Arcebispo de Lublin e Chelm
+ Mirão, Bispo de Hajnówka
+ Tiago, Bispo de Bialystok e Gdansk
+ Gregório, Bispo de Bielsk Podlaski
+ Jorge, Bispo de Siemiatycze
+ Paísios, Bispo de Piotrkow

No Brasil:
+ Chrisóstomo, Arcebispo do Rio de Janeiro e Olinda-Recife
+ Ambrósio, Bispo de Recife