“A Ortodoxia manifesta-se, não dá prova de si”

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segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

"O papel da família na salvação"

A questão da salvação — é uma pergunta fundamental na história da humanidade no todo e no destino individual de cada um. A ela (ou também na questão da felicidade) são adequadas as palavras — “foi, é e será.” Tudo está resumido nesta questão e na sua realização em vida. Neste sentido a felicidade está em nossas mãos. Ela é decorrente da vitória sobre o pecado. O meio mais próximo para o combate com o pecado é antes de tudo na família e em todos aqueles que nos rodeiam. Nos olhamos para o meio, para o ambiente no qual vivemos como algo meio acidental e quase não reparamos na nossa família como um caminho, dado a nós por Deus para a salvação. A vida em família parece-nos algo do acaso e o mais importante na família escapa a nossa atenção. A família — pelas palavras do apóstolo — é uma pequena igreja. Ela pode de forma especial ajudar o ser humano a alcançar o seu mais importante objetivo na vida. Na família se procura a felicidade. Mas o que devemos entender como felicidade? As respostas para isso são nebulosas. Isto é um testemunho de que o mais importante não é extraído desta condição dada por Deus.


A vida em pecado e a correta vida espiritual — ambas ocorrem dentro do ser humano e o ambiente desta vida é o meio, com a ajuda do qual o ser humano deve voltar-se para o seu íntimo. Já foi dito, que o pecado é uma força que gera conflitos e desunião. Vamos explicar isto com um exemplo de vida. As pessoas magoaram uma a outra, se ofenderam, não queriam ceder uma a outra e machucadas se separaram. Eis aí a infelicidade. Isto mostra que devemos combater o pecado para garantir a nossa felicidade, assim como a irritação é a infelicidade em nossa vida. O ser humano é criado com o desejo de felicidade e pode aprender pela sua felicidade como lutar contra a sua infelicidade, isto é, contra o pecado no seu ambiente que lhe é mais próximo. As forças do pecado e da pureza encontram-se dentro do ser humano em aparente estado de calma. E dependendo em como nós tocamos este ser, reagem dentro dele e no mundo as forças do bem ou do mal. Nós precisamos sempre encontrar um ambiente tal, que mantivesse limpo nosso mundo interior, nos desse forças e condições de um verdadeiro conhecimento de si mesmo.


O meio ambiente em geral, como mero encontro acidental de pessoas, pouco pode ajudar. Frente as outras pessoas o ser humano esconde as suas mentiras, empurra-as para dentro e esforça-se em parecer limpinho. Ele tem vergonha daquilo o que pode ser pensado dele, tem medo da opinião pública e por isso não se expõe. Somente num ambiente costumeiro, num ambiente familiar o mal escondido no ser humano começa esvair-se para fora. Nestas condições o ambiente familiar — cria um momento indispensável para o auto-conhecimento. Não é por acaso que nós temos receio de estarmos num ambiente familiar. Fugindo dele, nós nos interessamos em tudo, encontramos diversão e isso basta para fugirmos do ambiente favorável para o nosso auto-conhecimento.


Por que a família parece o meio mais favorável para a salvação? Em família o ser humano inevitavelmente abre seus sentidos, enquanto perante desconhecidos ele encobre seu mundo interior. Em sociedade o ser humano controla-se, encobre a irritação, esforça-se em parecer diferente. Ele demonstra sua face externa e não a interna. Em família ele não esconde suas condições, não se envergonha de expor o seu estado em pecado em palavras ou ações. E um mundo em pecado oculto revela-se frente à família e aos mais próximos e perante ele próprio. Dessa forma, o ser humano atento à sua salvação, dentro do ambiente familiar entende mais facilmente o que há de pecado dentro dele e o que o isola dos outros. É necessário apenas, que o conhecimento de seu mundo interior, permaneça combatendo o pecado.

Arcebispo Sergio Korolev de Praga (1881-1952)
Traduzido por Boris Petrovich Poluhoff
http://www.fatheralexander.org/