“A Ortodoxia manifesta-se, não dá prova de si”

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quinta-feira, 15 de novembro de 2007

O Hino Angélico “Verdadeiramente é digno e justo” (Axion Estin)


No ano de 980, durante os reinados de Basílio e Constantino os Porfirogênitos, filhos de Romano o Novo, e do Patriaraca de Constantinopla Nicolas Chrisobergos, produziu-se no Monte Athos o seguinte milagre:
Nas proximidades do Skite do Pantocratos, em Karyes, lugar onde se encontra o Santo Mosteiro do Todo Poderoso (Pantocrator), existia uma cavidade natural onde algumas celas monásticas eram edificadas. Dentre elas havia uma dedicada à Dormição da Mãe de Deus, onde um Staretz (ancião) vivia com seu discípulo.
Certo dia, este Ancião dirige-se à Vigília noturna, realizada todos os Domingos na igreja daquele Skite, ordenando a seu discípulo que ficasse na cela em vigília e oração. Ao anoitecer, um monge estrangeiro, completamente desconhecido aquele discípulo, bate-lhe a porta. Ele abre e convida-o a passar a noite na cela. Chegada a aurora daquele Domingo, eles levantam para celebrarem juntos o Ofício de Orthros (Matinas). Na nona Ode do Cânone (parte do ofício citado) dá-se início ao antigo hino “Tu mais Venerável que os Querubins...”. O monge estrangeiro, no entanto, começa diferentemente e canta: “Verdadeiramente é digno e justo, que Te bendigamos, ó Bem-aventurada Mãe de Deus”, acrescentando em seguida “Tu mais venerável que os Querubins... ".
O discípulo ouve-o e admirado diz: habitualmente, nós cantamos: “Tu mais venerável que os Querubins...” e esta é a primeira vez que escuto estas palavras. Poderias, por favor, escrever-me este hino para que eu também possa assim glorificar a Santíssima Mãe de Deus?”. Não havendo, no entanto, papel, o monge estrangeiro escreve o hino numa placa de mármore com o seu dedo e ordena ao jovem discípulo de glorificar sempre desta forma a Santíssima Mãe de Deus, desaparecendo subitamente. As letras se gravam sobre a pedra como sobre a argila e o discípulo entende que aquilo tratava-se de um Anjo de Deus.
Ao retornar à cela, o Ancião encontra seu discípulo. Este conta-lhe o acontecimento e mostra-lhe a placa. Ambos, juntos, dirigem-se ao Protaton, descrevem a nova e mostram o mármore onde o hino estava inscrito.
Os Padres convencem-se da aparição de um Anjo, louvam a Deus e ordenam que a partir de então a Theotokos (Mãe de Deus) seria assim louvada e glorificada. A placa de mármore foi enviada à piedosa comunidade da Santa Montanha, à Constantinopla, ao Patriarca e ao rei, explicando aquilo que havia acontecido.
A partir de desta época o Hino foi difundido e cantado por todos os Ortodoxos em honra à Santíssima Mãe de Deus.
O Ícone da Mãe de Deus, diante do qual o Anjo cantou foi transferido para a igreja do Pantocrator, onde permanece até hoje; ele encontra-se ao interior do Santuário, sob o Trono. A cela toma e guarda, desde então, o nome de “Axion Estin”, e o lugar foi nomeado “Adein” (cantar, louvar).
O milagre está descrito nos Menaias (livros litúrgicos) de Junho e designado como Synaxis do Arcanjo Gabriel no Monte Athos, de onde torna-se evidente, que os Padres atônitas, em honra ao Anjo e em memória do milagre, ordenaram que uma comemoração (uma espécie de coletânea) fosse celebrada aos 11 (24) de Junho e que o Anjo que ali apareceu, fosse louvado nesta ocasião.
Esta Synasis é feita em honra do Arcanjo Gabriel,pois é Ele que anuncia a jubilosa mensagem da Concepção do Filho de Deus e também porque foi a Ele atribuído este milagre.
A Synaxis do Arcanjo Gabriel à Adein: Desde sempre Tu cantas “Rejubila” à serva de Deus e desde então louva-a dignamente.
Aos 11(24) do mês de junho, a venerável igreja da Mãe de Deus à Aiden recebe a visita do Arcanjo Gabriel
Pelas orações e pela intercessão da Mãe de Deus, salva-nos, ó Senhor!
"Boletim Interparoquial", dezembro de 2001