“A Ortodoxia manifesta-se, não dá prova de si”

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quinta-feira, 25 de outubro de 2007

"A Presbitéria - seu papel na família sacerdotal e na vida eclesiástica"

Bênção, sacrifício, serviço e responsabilidade.

Primeiramente, eu devo dizer quão grande benção é para a nossa Santa Igreja Ortodoxa o fato de ela ter consagrado também, entre tantas outras coisas, o clero casado, ao contrário da Igreja Católico-Romana, que neste aspecto segue uma outra via. Em todas as suas questões, bem como nesta, nossa Santa Igreja Ortodoxa mostra-se muito mais humana, muito mais calorosa, muito mais próxima do homem, e de suas necessidades, e eu o repito, que considero isto como uma grande benção: os Padres casados constituem a maioria dos Padres. Eles vivem o mistério do sacerdócio e, ao mesmo tempo, o calor do lar familial e do amor familial. Eu quero crer que se as coisas não fossem assim, a Igreja estaria, de alguma forma, afastada dos problemas do homem contemporâneo, e isto porque é no seio da família que vivemos a plenitude das necessidades humanas, bem como as soluções santas e sagradas nas necessidades e nos problemas dos homens. No que concerne a nossa é necessário sublinhar quatro palavras-chaves: primeiramente, benção; em segundo lugar, sacrifício; em terceiro lugar, serviço e em quarto lugar, responsabilidade.

Antes de tudo, insistamos sobre a benção. Eu sei muito bem, e nós sabemos todos, que o fato de alguém ser Padre não é resultado de seu esforço próprio, mas sim de uma escolha e uma eleição de Deus: “Não me escolhestes vós a mim, mas Eu vos escolhi a vós,e vos nomeei; Eu vos escolhi do mundo”(Jo.15, 16 e 19), conhecemos também a passagem “Ninguém toma para si esta honra, senão o que é chamado por Deus, como Aarão”(Hb. 5,4). A tomada de consciência do fato e da verdade que trata-se de uma inclinação-apelo, que provém da escolha de Deus para nós, constitui em efeito uma grande honra, o que é uma benção. E isto, não devem jamais esquecer nem os Padres e nem os Bispos, nem as famílias de nossos Padres que participam desta benção. Eis uma fonte de inspiração e de força cotidiana...

A segunda palavra é o sacrifício. O sacrifício é inseparável à missão sacerdotal. E, certamente a Presbitéria, como esposa e mãe na casa, tem mais sacrifícios a sofrer, porque de certa forma ela participa da missão do Padre no mundo e na sociedade, mas, todavia, tem também seus problemas a mais, como esposa e mãe.

Na época atual não é assim tão fácil para uma mulher ser esposa de Padre. Se nossos Padres, em nossa época, e em todo o tempo, portaram o opróbrio de cristo, o mesmo é válido, guardando, no entanto, todas as proporções, para a esposa do Padre e para seus filhos e crianças.

Nós devemos sustentar as famílias sacerdotais, para que elas possam portar a escolha de um tal sacrifício, sempre certas na lógica da benção com a qual começamos precedentemente. Os problemas das famílias sacerdotais, talvez não sejam largamente conhecidos, mas, todavia existem: são problemas que reúnem nela cada família; são problemas que todos nós temos o dever e a obrigação de abordar, estendendo uma mão que socorre.

A terceira palavra-chave é o serviço. O serviço provém da concepção, que nós temos e que nós aprendemos a ter, de que somos imitadores de Cristo Jesus, o qual “não veio para ser servido, mas para servir, e dar a Sua vida em resgate de muitos”. (Mt. 20,28). O serviço, o senso do serviço é inseparável ao senso do sacerdócio e pré-suposto, certamente, de grandes reservas de amor na alma do Padre, mas também na alma da Presbitéria, sua esposa. E este serviço é aquele que se estende e abraça todo o homem como entidade psicossomática.

E, enfim, a palavra responsabilidade, a quarta palavra é também aquela que convém ao povo da Igreja, e aos Padres e às Presbitérias. O fato de viver com responsabilidade, com consciência de uma alta missão, que temos que realizar no mundo; isto também é único. É algo que vivemos mais do que podemos descrever. O que significa viver com responsabilidade? Isto significa exatamente que cada um viva com o sentido da oferenda no seio da sociedade, como também o da recompensa pelo que ele oferece à sociedade.

Sua Beatitude o Arcebipo Cristódulos de Atenas e toda a Grécia
Revista Ephimerios, Athenas, Junho 2000)
Traduzido pela monja Rebeca - Manastir Sv. Apostola Petra i Pavla
Boletim Interparoquial” (set. 2004)