A segunda-feira que segue o domingo da abstinência de laticínios é o primeiro dia da Grande Quaresma propriamente dita. Eis-nos então entrados nessa seqüência de quarenta dias que nos preparam para o tempo da Paixão da Páscoa. Antes de nos envolvermos nos detalhes dessas semanas de Quaresma, não é inútil considerar algumas características gerais da Grande Quaresma.
A primeira dessas características é, evidentemente, o jejum. Não se pode ignorar ou tratar superficialmente essa questão do jejum alimentar. Os Padres da Igreja e a consciência coletiva dos fiéis discerniram perfeitamente o valor espiritual, o valor da fé penitencial e purificadora da abstenção de certos alimentos. No entanto, seria um grande erro fazer consistir o jejum da Quaresma exclusivamente na observância dessa abstenção. O jejum do corpo deve ser acompanhado de outro jejum. A disciplina da Igreja nos primeiros séculos prescrevia, durante a Grande Quaresma, a continência conjugal; ela interditava a participação em festas e a assisntência a espetáculos. Essa disciplina pode ter se enfraquecido e não se apresentar aos fiéis, hoje, com o mesmo rigor que no tempo dos Padres da Igreja. Ela permanece, no entanto, como uma indicação precisa do espírito, da intenção da Igreja. Essa intenção é, certamente, que nós exercitemos, durante a Quaresma, um controle mais estrito de nossos pensamentos, de nossas palavras, de nosso atos, e que concentremos nossa atenção sobre a Pessoa e sobre as exigências do Salvador. A esmola é também uma forma de observância da Quaresma muito recomendada pelos Santos Padres. O jejum agradável a Deus é um “todo”, portanto não deve ser dividido entre os aspectos interiores e exteriores, mas os primeiros são os mais relevantes.
Uma segunda característica da Grande Quaresma consiste em certa particularidades rituais.
Relativamente à celebração das “Grandes Completas”, sabe-se que o ofício de Completas (em Latim “Completotium” - o que completa; em grego “Apodeipon” - o que vem depois do jantar) é o último dos ofícios do dia. As Completas normais, ou Pequenas Completas, constituem um ofício muito curto. Mas nas segundas, terças, quartas e quintas-feiras da Grande Quaresma, elas são substituídas por Grandes Completas, uma longa leitura de Salmos e de Tropários, entre os quais se remarcará uma longa oração das Escrituras, a Oração da Penitência de Manassés, rei de Judá.
Da mesma forma, a Litugia celebrada nos domingos da Grande Quaresma, não é a Liturgia habitual de São João Crisóstomo, mas a Liturgia de São Basílio, Arcebispo de Cesaréia no século IV. Essa Liturgia tem orações mais longas que aquelas da de São Joo Crisóstomo, com textos, às vezes, bastante diferenres.
Nas quartas e sextas-feiras, durante a Grande Quaresma, celebra-se a Liturgia ditas dos Pré-Santificados, isto é, dos Santos Dons consagrados antecipadamente. Não é uma Liturgia Eucarística, pois ela não comporta a consagração. É um serviço de Comunhão, no curso do qual clero e fiéis comungam Dons Eucarísticos que foram consagrados em Liturgia Eucarística anterior. A Liturgia dos Pré-Santificados acrescenta-se ao ofício de Vésperas. É por isso que ela deve ser celebrada à noite. Ela contém certos Salmos, Leituras das Escrituras e orações tiradas da Liturgia de São João Crisóstomo. Essa última é celebrada a cada sábado de manhã.
Na segunda-feira, terça-feira, quarta-feira e quinta-feira da I Semana da Grande Quaresma, na Grande Completas, lê-se o Grande Canôn de Santo André de Creta (dividido em quatro partes). E na quinta-feira da V Semana da Quaresma, em Orthos, lê-se todo o Canôn. É uma composição enorme, compreendendo 250 estrofes. Esses poemas são divididos em 9 séries de Odes. Elas exprimem a aspiração da alma culpada e penitente. Eles opõe a bondade e misericórdia de Deus à fragilidade do homem.
Mencionemos enfim - e, talvez, sobretudo - a admirável oração atribuída a Santo Efrém. Nela não se encontra poesia nem retórica como nas orações que acabamos de mencionar. Estamos agora diante de um puro impulso da alma, curto, sóbrio e caloroso. Ela é repetida na maior parte dos ofícios de Quaresma. É uma oração bem conhecida pelos fiéis ortodoxos. Relembraremos, no entanto, seu texto:
Senhor e Mestre de minha vida,
Afasta e mim o espírito de preguiça.
o espírito de dissipação,
de domínio e vã loquacidade.
Concede a Teu servo um espírito de
temperança, de humildade, de paciência e de caridade.
Sim, Senhor e Rei
Concede-me que veja as minhas faltas e que
não julgue a meu irmão,
pois Tu és Bendito pelos séculos dos séculos. Amém!
A primeira dessas características é, evidentemente, o jejum. Não se pode ignorar ou tratar superficialmente essa questão do jejum alimentar. Os Padres da Igreja e a consciência coletiva dos fiéis discerniram perfeitamente o valor espiritual, o valor da fé penitencial e purificadora da abstenção de certos alimentos. No entanto, seria um grande erro fazer consistir o jejum da Quaresma exclusivamente na observância dessa abstenção. O jejum do corpo deve ser acompanhado de outro jejum. A disciplina da Igreja nos primeiros séculos prescrevia, durante a Grande Quaresma, a continência conjugal; ela interditava a participação em festas e a assisntência a espetáculos. Essa disciplina pode ter se enfraquecido e não se apresentar aos fiéis, hoje, com o mesmo rigor que no tempo dos Padres da Igreja. Ela permanece, no entanto, como uma indicação precisa do espírito, da intenção da Igreja. Essa intenção é, certamente, que nós exercitemos, durante a Quaresma, um controle mais estrito de nossos pensamentos, de nossas palavras, de nosso atos, e que concentremos nossa atenção sobre a Pessoa e sobre as exigências do Salvador. A esmola é também uma forma de observância da Quaresma muito recomendada pelos Santos Padres. O jejum agradável a Deus é um “todo”, portanto não deve ser dividido entre os aspectos interiores e exteriores, mas os primeiros são os mais relevantes.
Uma segunda característica da Grande Quaresma consiste em certa particularidades rituais.
Relativamente à celebração das “Grandes Completas”, sabe-se que o ofício de Completas (em Latim “Completotium” - o que completa; em grego “Apodeipon” - o que vem depois do jantar) é o último dos ofícios do dia. As Completas normais, ou Pequenas Completas, constituem um ofício muito curto. Mas nas segundas, terças, quartas e quintas-feiras da Grande Quaresma, elas são substituídas por Grandes Completas, uma longa leitura de Salmos e de Tropários, entre os quais se remarcará uma longa oração das Escrituras, a Oração da Penitência de Manassés, rei de Judá.
Da mesma forma, a Litugia celebrada nos domingos da Grande Quaresma, não é a Liturgia habitual de São João Crisóstomo, mas a Liturgia de São Basílio, Arcebispo de Cesaréia no século IV. Essa Liturgia tem orações mais longas que aquelas da de São Joo Crisóstomo, com textos, às vezes, bastante diferenres.
Nas quartas e sextas-feiras, durante a Grande Quaresma, celebra-se a Liturgia ditas dos Pré-Santificados, isto é, dos Santos Dons consagrados antecipadamente. Não é uma Liturgia Eucarística, pois ela não comporta a consagração. É um serviço de Comunhão, no curso do qual clero e fiéis comungam Dons Eucarísticos que foram consagrados em Liturgia Eucarística anterior. A Liturgia dos Pré-Santificados acrescenta-se ao ofício de Vésperas. É por isso que ela deve ser celebrada à noite. Ela contém certos Salmos, Leituras das Escrituras e orações tiradas da Liturgia de São João Crisóstomo. Essa última é celebrada a cada sábado de manhã.
Na segunda-feira, terça-feira, quarta-feira e quinta-feira da I Semana da Grande Quaresma, na Grande Completas, lê-se o Grande Canôn de Santo André de Creta (dividido em quatro partes). E na quinta-feira da V Semana da Quaresma, em Orthos, lê-se todo o Canôn. É uma composição enorme, compreendendo 250 estrofes. Esses poemas são divididos em 9 séries de Odes. Elas exprimem a aspiração da alma culpada e penitente. Eles opõe a bondade e misericórdia de Deus à fragilidade do homem.
Mencionemos enfim - e, talvez, sobretudo - a admirável oração atribuída a Santo Efrém. Nela não se encontra poesia nem retórica como nas orações que acabamos de mencionar. Estamos agora diante de um puro impulso da alma, curto, sóbrio e caloroso. Ela é repetida na maior parte dos ofícios de Quaresma. É uma oração bem conhecida pelos fiéis ortodoxos. Relembraremos, no entanto, seu texto:
Senhor e Mestre de minha vida,
Afasta e mim o espírito de preguiça.
o espírito de dissipação,
de domínio e vã loquacidade.
Concede a Teu servo um espírito de
temperança, de humildade, de paciência e de caridade.
Sim, Senhor e Rei
Concede-me que veja as minhas faltas e que
não julgue a meu irmão,
pois Tu és Bendito pelos séculos dos séculos. Amém!