A Festa da Apresentação nasceu em Jerusalém. Conhecemos a celebração que se fazia nessa cidade no século IV, pela descrição do peregrino de Etérea. De Jerusalém a festa se expandiu para toda a Igreja. No ocidente, conservou-se até hoje a procissão solene e a bênção das velas que já se fazia em Jerusalém no século IV.
Esta festa que encerra o ciclo da Natividade, nos lembra que, no 40º dia após o nascimento de seu Filho “primogênito”, Maria leva-O ao templo, segundo a Lei de Moisés, para ali ser oferecido ao Senhor pelo sacrifício de duas rolas ou duas pombinhas (Lc. 2,22-37).
“Hoje, Aquele que havia dado a Lei a Moisés, sujeita-Se aos preceitos da Lei, fazendo-Se – por nós – semelhante a nós, em Seu amor pelos homens...” (Vésperas).
O Verbo divino Se abaixa dessa forma, pois Ele é verdadeiramente homem e Se submete à lei: “Tu que reproduzes fielmente a obra d´Aquele que Te engendra antes dos séculos, revestiste por compaixão da fraqueza dos mortais” (Ode VI).
Porém, esse ato de submissão à Lei é também o primeiro encontro oficial de Jesus com Seu Povo, na pessoa de Simeão. Por isso a Festa se chama Encontro (Hypapante). “ Aquele a quem os Espíritos suplicam com temor, é recebido aqui na terra nos braços corporais de Simeão, que proclama a união da divindade com os homens” (Grandes Vésperas). Encontro mas também manifestação. “Hoje a Santa Mãe de Deus, maior em dignidade que o Santuário, aí penetra para manifestar ao mundo Aquele que fez a Lei e também a cumpriu” (Grande Vésperas). A Virgem hoje acompanha a Criança em Sua primeira oferenda ao Pai, porém Ela também O acompanhará até a realização de Seu Sacrifício pela humanidade: “E Tu, imaculada, anunciou Simeão à Mãe de Deus, uma espada trespassará também a Tua própria alma, quando na Cruz vires Teu Filho” (Ode VII).
Os himnógrafos não criaram expressões belas o suficiente para louvar o papel da Virgem que se associa, dessa forma, à obra de Seu Filho. “Ornamenta tua câmara nupcial, Sião e recebe o Cristo Rei, abraçai, Maria, a Porta do Céu, pois Ela aparece semelhante ao trono dos Querubins. Ela traz o Rei da Glória. A Virgem é nuvem de luz trazendo em Sua carne Seu Filho nascido antes da estrela da manhã...” (Grandes Vésperas)
Ela é, certamente, a Porta do Céu, uma vez que faz entrar entre nós Aquele de quem não poderíamos nos aproximar e que nos liberta. É isso o que a Igreja exprime pela boca de Simeão:
Hoje, juntamente com toda a Igreja, “vamos nós também, ao som dos cantos e hinos, ao encontro de Cristo, e acolhamos Aquele em quem Simeão viu a Salvação” (Grandes Vésperas).