“A Ortodoxia manifesta-se, não dá prova de si”

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domingo, 23 de dezembro de 2007

"Confessar os Pecados"

Antes da Confissão, cada cristão deveria recordar todos os seus pecados, pecados de todos os gêneros, voluntários ou involuntários: devendo examinar a sua vida e conduta com cuidado e atenção a fim de saber, o tanto quanto possível, de todos os seus pecados, e não somente aqueles que cometemos após as nossas confissões mais recentes, mas também aqueles que ainda não foram confessados. Somente desta maneira devemos nos aproximar da Cruz e do Evangelho: na compunção e humildade.

Confesse os teus pecados abertamente, pois não é a um homem os confessa mas a Deus, que apesar de já os conhecer de todas as formas deseja somente que tu próprio os reconheça. Tu não deves ter vergonha diante de teu Pai Espiritual, ele é um homem, igual a ti, que conhece a fraqueza humana e a inclinação do homem para o pecado. Não é ele um juiz irredutível. Mas, talvez tenha vergonha de confessar os teus pecados diante dele para que ele não perca a boa opinião que tem de ti.

Ao contrário, se é somente a boa opinião de teu Pai Espiritual que te é agradável, seu amor por ti será ainda maior ao ver que tua confissão é sincera e aberta. Além do que, se tens vergonha e teme revelar os teus pecados diante de um confessor, se não te purificares por um verdadeiro arrependimento, como suportarias tu esta mesma vergonha aquando do Julgamento Eterno, diante do Tribunal de Deus, onde todos os pecados, conhecidos ou desconhecidos, serão revelados diante d´Ele próprio e dos Seus Santos Anjos?

Confesse todos os teus pecados detalhadamente e cada pecado separadamente. São João Crisóstomo dizia: “Não nos basta somente dizer eu pequei, ou então, eu sou pecador. Nos é necessário nomear cada pecado”. “Revelar os pecados, dizia São Basílio o Grande, cai sob a mesma lei que a declaração das enfermidades de um corpo (as doenças).” Enquanto pecadores, somos doentes da alma, ao passo que o Pai Espiritual é o médico: torna-se necessário, por conseqüência, confessar teus pecados ao Pai Espiritual, da mesma maneira que aquele que está enfermo corporalmente descreve ao médico suas deficiências e enfermidades a fim de obter, pelo seu intermédio, a cura.

Procure não a mencionar outras pessoas à tua confissão, e não lamentes de quem quer que seja, senão qual gênero de confissão será esta? Não uma Confissão, mas um julgamento, logo, nada de outro que um novo pecado.

Não procures justificar-te, de maneira alguma sob o pretexto de fraqueza ou de hábitos. Na confissão, quanto mais nos justificamos menos somos justificados diante de Deus. Por esta razão, não devemos nos justificar durante a confissão, mas ao contrário, acusarmo-nos, criticarmo-nos e condenarmo-nos ao máximo possível, a fim de sermos dignos de obter o perdão de nosso Senhor.

E se teu Pai Espiritual apresentar-te alguma questão, não digas que não te lembras ou, que, talvez, tenhas pecado desta forma também. Deus ordenou que lembrássemos sempre de nossos pecados. E para que não sejamos justificados em virtude de esquecimento, devemos confessarmo-nos o mais geralmente possível.

Em efeito, aqueles que não vivem por suas almas, muito raramente, por negligência, e desta maneira, esquecem seus pecados, são eles próprios responsáveis e, por esta razão, não podem esperar o perdão dos pecados, os quais não confessaram. É por isso que devemos, sem falta, nos recordar de nossos pecados. Quando alguém, contra nós, comete qualquer ato indesejável, logo não lembramos com tantas mágoas deste gesto, mas, em contrapartida, não agimos da mesma forma para com a nossa alma, diante d´Aquele a quem chamamos Deus. Não será isto uma extrema negligência para conosco?

Confesse, então, todos os teus pecados com Fé em nosso Senhor Jesus Cristo, esperando sempre na Sua misericórdia divina. Pois somente pela Fé e Esperança em Cristo Jesus podemos obter o perdão dos pecados; sem Fé, torna-se absolutamente impossível, assim como o exemplo daquele que traiu o Senhor, Judas.

Eis então, meus irmãos, uma pequena noção quanto à Confissão dos pecados e o Arrependimento dentro do convite que a Igreja faz à nossa Salvação. “Se confessarmos os nossos pecados, Ele é fiel e justo, para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a injustiça”. (I Jo. 1-9)
"Boletim Interparoquial"