Hino de Louvor
O Venerável Sabas, príncipe dos monges,Comandante espiritual dos heróis do Cristo,
Foi glorificado pelo jejum, pelas vigílias e mansidão,
Pela oração, pela fé e bendita misericórdia.
Ensinaste aos monges a não se preocuparem com o pão;
Confiaste-te aos Céus, com trabalho e oração.
Não buscastes a precedência, nem qualquer posição que fosse.
Rarissimamente provaste do azeite e do vinho.
Guardaste todos os ofícios, no tempo estabelecido.
"Que o ofício seja uma alegria e não um fardo pesado,"
Dizia São Sabas aos monges,
E o demonstrou a todos pelo seu exemplo.
Como um sábio jardineiro, cercou a sua horta,
E plantou com cuidado muitos jovens.
Os jovens cresceram e produziram fruto:
Um regimento de monges, para a glória de Sabas.
Quinze séculos se passaram,
E o jardim espiritual de Sabas ainda floresce:
Mil monges, cem mil,
Cresceram na comunidade de Sabas até hoje.
São Sabas, glorioso recluso,Ó servo de Deus, ora também por nós.
Reflexão
Um homem pode ser grande em alguma habilidade, como um estadista ou um líder militar, mas ninguém dentre os homens é maior do que o homem grande na fé, na esperança e no amor. Quão grande era São Sabas, o Santificado, na fé e na esperança em Deus é algo que se pode avaliar melhor pelo seguinte incidente: certo dia, o ecônomo do mosteiro veio a Sabas e informou-lhe que no sábado e no domingo seguintes ele não poderia tocar o semantro [Nota do tradutor: placa de madeira ou ferro suspensa, na qual se bate com um martelo, e usado no lugar dos sinos em certos mosteiros ortodoxos] , conforme a tradição, para convocar os irmãos para o ofício e a refeição comuns, porque não havia nem um vestígio sequer de farinha no mosteiro, e tampouco qualquer coisa que fosse para comer ou beber. Por essa mesma razão, nem a Divina Liturgia seria possível. O santo respondeu sem hesitação: "Não cancelarei a Divina Liturgia por falta de farinha; fiel é Aquele que nos ordenou que não nos preocupássemos com coisas corporais, e poderoso é Ele para nos alimentar em tempo de fome". E depositou toda a sua esperança em Deus. Nessa necessidade extrema, ele estava disposto a enviar alguns dos vasos ou paramentos eclesiásticos para serem vendidos na cidade, a fim de que nem os ofícios divinos e nem a refeição costumeira dos irmãos fossem suprimidas. Todavia, antes do sábado, alguns homens movidos pela Providência divina trouxeram trinta mulas carregadas de trigo, vinho e azeite ao mosteiro. "Que dizes agora, irmão?", perguntou Sabas ao ecônomo. "Não devemos tocar o semantro e reunir os padres?" O ecônomo se envergonhou de sua falta de fé e implorou o perdão ao abade. O biógrafo de Sabas descreve esse santo como "severo com os demônios, mas suave com os homens". Certa vez, alguns monges se rebelam contra São Sabas, e por isso foram expulsos do mosteiro por ordem do Patriarca Elias. Construíram eles mesmos umas cabanas às margens do rio Tecoa, onde suportaram a privação de tudo. Ao ouvir que passavam fome, São Sabas carregou mulas com farinha e as trouxe a eles pessoalmente. Vendo que não tinham igreja, construiu uma para eles. A princípio os monges o receberam com ódio, mas mais tarde responderam ao seu amor com amor e se arrependeram de suas anteriores más ações contra ele.