Na tradição ortodoxa o cristão coloca a mão, ao fazer o sinal da cruz, primeiro no lado direito, depois no lado esquerdo. Porém, quando faz em alguém o sinal da cruz – abençoa da esquerda para a direita. Recebendo a benção recebe o sinal da cruz primeiro no ombro direito e depois no esquerdo. Na tradição ocidental a benção de outra pessoa é realizada nesta mesma seqüência, isto é ao contrário do que faz sobre si mesmo.
Na tradição da Igreja Ocidental até o Concílio de Trento (1545-1563) era permitida ambas as práticas. Finalmente, foi adotada pelo papa Pio V (1566-1572) a prática de execução do sinal da cruz com todos os dedos na seqüência: testa, barriga, ombro esquerdo e ombro direito.
A tradição grega permaneceu inalterada, em relação a isso (ombro direito – ombro esquerdo).
O lado direito sempre é considerado(associado) como correto, normal, favorável, propício (é normal o tratamento da mão direita como dominante, etc). Fazer o sinal da cruz do lado direito para o lado esquerdo podemos entender como a vitória sobre Satã, a defesa contra o pecado. É, também, repetição daquilo o que o catecúmeno recebe do sacerdote na benção.
O homem quando faz o sinal da Cruz sobre si mesmo une-se a Deus, recebe as boas energias da graça Divina, torna-se objeto da ação da força da Cruz.
A execução do sinal da Cruz abrange conteúdos dogmáticos. A colocação dos dedos na testa simboliza a permanência de Deus nos céus e o nascimento de Cristo de Deus Pai (no Credo: “....nascido do Pai antes de todos os séculos...”). A colocação da mão na barriga expressa a descida dos céus à terra (“...desceu dos Céus. E encarnou pelo Espírito Santo, no seio de Maria Virgem e Se fez Homem...”). A elevação da mão para o ombro direito corresponde às palavras: (“...e subiu aos Céus, onde está sentado à direita de Deus Pai”) e para o ombro esquerdo significa a separação dos bons dos maus (bons para o lado direito e os maus para o lado esquerdo) (“De novo há de vir, cheio de glória, para julgar os vivos e os mortos; e o seu Reino não terá fim”). Tal explicação encontramos em muitos teólogos (entre outros Máximo, Grego (1470-1555), Pedro Damasceno; Laurêncio e Estevão de “Zyzania” na obra de 1596).
A execução do sinal da cruz do lado direito para o lado esquerdo expressa o triunfo de Deus sobre Satã, vitória sobre a morte, confissão, declaração de fé, expressão de verdades dogmáticas, comunicação do homem com Deus, permanência sob a Sua proteção, defesa do homem frente à ação das forças do mal.
Apresentando em forma de imagem a execução do sinal da Cruz na tradição ortodoxa podemos representar como a abaixo:
Os cristãos ortodoxos se prostram (fazem o sinal da cruz) nas orações, depois de entrar na igreja, durante os ofícios, antes e depois das refeições, antes e depois de qualquer trabalho.
Através do sinal da Cruz confessamos a fé em Jesus Cristo e na Santíssima Trindade e concordamos com Sua vontade.
Com a inclinação da cabeça e as prostrações durante as orações expressamos nossa humildade e submissão a Deus.
Os três dedos simbolizam a Santíssima Trindade: Deus-Pai, Deus-Filho e Deus-Espírito Santo.
Os dois dedos simbolizam as duas naturezas de Cristo, Divina e humana.
Os dedos no sinal da Cruz devem estar colocados juntos.
Os dedos no sinal da Cruz devem estar colocados juntos.
Padre Aleksy Andrejuk
Professor do Seminário Ortodoxo de Varsóvia
Tradução do Igúmeno Lucas
Boletim Interparoquial de Maio de 2007
Professor do Seminário Ortodoxo de Varsóvia
Tradução do Igúmeno Lucas
Boletim Interparoquial de Maio de 2007